Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os pingos nos is

Depois de semanas repetindo que os planos de regulamentação da mídia são uma tentativa de restabelecer a censura, a imprensa, ou pelo menos parte dela, parece ter entendido que desviar um assunto não resolve.


Queiram ou não as empresas de comunicação, o tema persiste e será levado adiante, porque os avanços tecnológicos e as mudanças na sociedade exigem uma revisão das normas de funcionamento do sistema de comunicação social.


Na edição de segunda-feira (22/11), o Estado de S.Paulo abandona o velho discurso negativista, que contribuiu para distorcer as informações levadas aos leitores sobre o assunto, e apresenta uma entrevista esclarecedora de uma especialista internacional sobre o projeto brasileiro de normatização. A jurista Eve Salomon, apresentada como consultora internacional em regulamentação de mídia e lei de imprensa, trabalha para a Unesco – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – e para a divisão de Direitos Humanos do Conselho da Europa. É também autora do ‘Guia da Unesco de Regulamentação para Rádio e TV’.


Trata-se, portanto, de personagem altamente especializada e figura distante dos supostos trogloditas petistas que, segundo a imprensa brasileira, estariam apenas interessados em restabelecer a censura e impor restrições à prática do jornalismo.


Modelo em discussão


E o que diz a especialista?


Apenas o óbvio, que a imprensa vem omitindo desde que resolveu tratar do assunto: que o país precisa ter uma estratégia ampla para o sistema de radiodifusão, que seja de interesse da sociedade, e não apenas das empresas.


Em palavras muito simples, a consultora explica que ‘censura significa impedir que alguma coisa seja transmitida ou impressa’, enquanto a regulação é o estabelecimento de responsabilidades por aquilo que é transmitido ou impresso.


E por que ter uma agência reguladora da mídia?


– Porque é muito mais rápido, mais barato e mais simples do que apelar para o Judiciário.


Segundo a entrevistada, o modelo proposto ao governo brasileiro trata apenas de assegurar a privacidade das pessoas, proteger as crianças e garantir que as notícias sejam acuradas.


Simples assim. O resto é desinformação.