O governo iraniano prendeu seis pessoas acusadas de trabalhar clandestinamente no país para o serviço persa da BBC, com sede em Londres. O serviço de notícias na língua farsi é bloqueado dentro do Irã, mas muitas pessoas conseguem assisti-lo colocando antenas ilegais nos telhados das casas. De vez em quando, as autoridades bloqueiam o sinal por satélite para impedir a prática.
As pessoas presas foram acusadas de fornecer à BBC Persa informações, filmagens, notícias e reportagens com representações falsas sobre o país. Sites de oposição identificaram-nas como os documentaristas Naser Saffarian, Mojtaba Mirtahmasb, Hadi Afarideh, Mohsen Shahrnazdar, Katayoun Shahabi e Mehrdad Zahedian.
A BBC nega que eles estivessem trabalhando para o canal. “As pessoas que teriam sido presas não têm ligação com a BBC Persa”, afirmou Sadeq Saba, diretor do serviço. “São documentaristas independentes e nós já compramos os direitos de exibição de filmes de alguns deles, mas estes filmes não foram encomendados pela BBC Persa e foram produzidos de forma independente”, continuou. “Não temos escritório em Teerã, ou colaboradores oficiais ou não oficiais”.
Incitação de distúrbios
A informação sobre a prisão dos seis documentaristas coincidiu com a exibição, na noite de sábado [17/9], de um documentário da BBC sobre a ascensão do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ao poder. A transmissão foi interrompida. “Algumas pessoas acreditam que a prisão foi uma reação do Irã à exibição do documentário, mas este filme é resultado de nossa própria pesquisa e nenhum dos presos tem envolvimento com sua produção”, completou Saba.
Um boletim de notícias estatal que informou sobre a detenção afirmou que o grupo se tratava de uma “rede de pessoas anti-Irã” em colaboração com a BBC a mando do serviço secreto britânico em troca de grande quantidade de dinheiro. O ministro iraniano da Cultura e Orientação Islâmica, Seyed Mohammad Hosseini, confirmou as prisões. A sucursal da BBC em Teerã foi fechada porque, segundo o governo, a rede teria incitado os distúrbios populares após as eleições presidenciais de 2009. Informações do Guardian [19/9/11].