Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

“Vazamento não substitui o jornalismo investigativo”

Nada de encontros pessoais com fontes protegidas pelas sombras, que entregam pastas secretas a um repórter de um grande jornal, como no caso Watergate, que derrubou o presidente americano Richard Nixon (1969-1974) e tornou famosa a dupla de jornalistas do Washington Post, Carl Bernstein e Bob Woodward.


O jornalismo investigativo de hoje tem como personagem principal um hacker australiano, Julian Assange, e seu site, o WikiLeaks, que entrega de bandeja terabytes de arquivos confidenciais a um punhado de jornais escolhidos a dedo. O que os jornais beneficiados apresentam como ‘furo’ chega às redações pela internet e pode ser acessado por qualquer leitor do mundo direto no site WikiLeaks.


Para o diretor executivo da associação Repórteres e Editores Investigativos (IRE, na sigla em inglês), Mark Horvit, o WikiLeaks não deve ser considerado ‘uma nova forma de jornalismo investigativo, mas uma fonte de informações que o jornalismo investigativo pode usar’. O site mantido por Assange funciona principalmente como ‘um novo canal para os que querem anonimamente divulgar documentos confidenciais’, que, antes, ‘só eram revelados como parte de uma relação entre o jornalista e suas fontes’.


Mas Horvit, que também é professor da Escola de Jornalismo da Universidade do Missouri, nos EUA, alerta para ‘desvantagens potenciais desse novo modelo’, uma vez que ‘os jornalistas não conhecem necessariamente a fonte da informação que estão usando’.


‘Em muitos órgãos de imprensa, o jornalista e o editor devem saber quem é a fonte de informação, ainda que a identidade da fonte seja preservada. Este conhecimento sobre a fonte pode ser crucial para julgar o valor que o material tem e para saber como lidar com ele’, disse Horvit.


Para ele, ‘um órgão que publica as conteúdos entregues pelo WikiLeaks é responsável pela informação veiculada, seja o órgão o receptor inicial de uma informação sensível, ou esteja obtendo o conteúdo de uma terceira fonte, como no caso do WikiLeaks’.


De forma geral, Horvit elogiou a forma como os jornais americanos e europeus estão lidando com a informação. Para ele, a maioria dos repórteres está ‘investigando o material e trabalhando para determinar o valor do conteúdo.


Outros segredos


Espiões cubanos e o acesso a Chávez – Hugo Chávez confia mais nas informações de espiões cubanos do que em seus próprios serviços de inteligência. ‘Os agentes cubanos têm acesso direto a Chávez e frequentemente lhe fornecem informações que não são verificadas por agentes venezuelanos’, diz um documento.


Bachelet também critica Cristina – A ex-presidente do Chile Michelle Bachelet disse, em documentos, que a Argentina é ‘carente de uma democracia robusta’ e questionou a ‘instabilidade’ de Cristina Kirchner. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, também questionou o ‘estado mental’ de Cristina.


Corrupção no governo argentino – Para Sergio Massa, ex-chefe de gabinete de Néstor Kirchner, o ex-presidente era ‘psicopata’. Luis León, secretário-geral do governo espanhol, mostrou-se preocupado com a corrupção argentina. O chefe de gabinete de Cristina Kirchner, Aníbal Fernández, teria ligação com o narcotráfico.


Londres protegeu EUA em inquérito – O governo britânico, na época liderado por Gordon Brown, restringiu o alcance de uma investigação sobre a guerra no Iraque para proteger os interesses dos EUA. O inquérito tinha sido pedido pelo próprio Brown para determinar os erros cometidos no conflito.

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Da Redação do Estado de S.Paulo/I>