O editor-executivo do New York Times, Bill Keller, enviou uma mensagem à equipe do jornal na sexta-feira (21/10) com um desabafo sobre o polêmico caso da repórter Judith Miller.
No e-mail, Keller disse aos funcionários que gostaria de ter sido mais cuidadoso quando tratou com Judith sobre o assunto, e que não soube reconhecer os sinais de alerta de que ela havia recebido informações vazadas sobre a agente da CIA Valerie Plame. Keller afirma que, no começo, a própria Judith não tinha noção da gravidade do problema em que estava envolvida.
O editor-executivo disse ainda que teria tido maior disposição em colaborar com o promotor especial Patrick Fitzgerald – que investiga o vazamento da identidade secreta de Valerie, mulher do diplomata Joseph Wilson, que havia criticado publicamente o presidente Bush – se soubesse mais detalhes das conversas de Judith com sua fonte, o chefe de gabinete de Dick Cheney, vice-presidente dos EUA, Lewis Libby.
Keller falou também sobre o dilema que o Times enfrentou ao ter que tratar de questões sobre o próprio jornal. ‘Esta é uma importante questão levantada por este caso: como devemos lidar com o conflito de escrevermos sobre nós mesmos. Este jornal (e este negócio) passou por muitas experiências nos últimos anos’, comentou ele, lembrando do episódio do repórter-plagiador Jayson Blair e da polêmica cobertura feita por Judith Miller sobre as armas de destruição em massa no Iraque.
Ele afirmou que muitos funcionários do Times disseram concordar com a posição do jornal. ‘Uma vez que concordamos, como uma instituição, em proteger a fonte de Judy, seria errado expô-la no jornal’. Ainda assim, Keller ressaltou que é terrível reter informações importantes dos leitores. ‘Eu não vejo uma resposta imediata para este dilema, mas nós recebemos algumas boas sugestões da equipe, e este é um dos problemas que iremos tratar nas próximas semanas’, concluiu. Com informações de John Solomon [AP, 21/10/05].