Um tema circula em tom cauteloso nos meios jornalísticos de São Paulo: qual será o destino do jornal Diário do Comércio, Indústria & Serviços, o DCI, em caso de falecimento do seu proprietário, o ex-governador Orestes Quércia? Familiares do político e empresário, por motivos óbvios, se recolhem à sua discrição, mas há suficiente barulho nos bastidores para chamar atenção dos observadores. Consta que a família não tem interesse em continuar com o empreendimento, mas também não vazam suficientes indícios de ofertas e negociações. Na redação do jornal O Estado de S.Paulo já correu o boato de que o grupo estaria interessado em fazer uma oferta, em associação com o Bradesco, mas a hipótese é remota. Histórico desanimador O histórico recente do DCI não estimula grandes empenhos do Estadão por sua aquisição. O jornal pertence formalmente ao grupo Panorama, que inclui ainda o site noticioso Panorama Brasil, a emissora de televisão TVB, sediada em Campinas, que está trocando a afiliação ao SBT pela rede Record, as emissoras de rádio Nova Brasil FM e Central AM e o jornal gratuito Shopping News, um dos mais tradicionais semanários de São Paulo. A empresa acumula um grande passivo trabalhista, desde 1990, quando foi vendida para o empresário Hamilton Lucas de Oliveira, dono do grupo IBF, que se envolveu na polêmica operação das ‘raspadinhas’, loteria instantânea paulista, durante o governo de Orestes Quércia. Com a falência do DCI e Shopping News, ainda não concluida judicialmente, as duas marcas foram adquiridas em leilão da Receita Federal por Ary Giron, sócio de Quércia no Diário Popular, jornal centenário que posteriormente foi extinto. O DCI segue circulando normalmente, graças ao esforço de um grupo de jornalistas que recebe como pessoas jurídicas, em situação trabalhista precária. Entre os boatos na praça, consta o interesse do grupo ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, dono da Rede Record e outros negócios de mídia pelo Brasil afora.