Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Bola na rede

O escândalo da hora, que desta vez envolve o ministro dos Esportes, Orlando Silva, e dirigentes do Partido Comunista do Brasil, tem os mesmos ingredientes de sempre e remete à mesma origem: os vícios na formação do sistema partidário.

A novidade, na imprensa, está na edição desta terça-feira (18/10) do Estadão: além de reproduzir as denúncias que envolvem o representante do governo federal, o jornalão paulista também investiga o desvio de verbas destinadas ao esporte na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Segundo a reportagem, entidades esportivas beneficiadas por recursos do Estado atuam como agentes eleitorais do deputado Campos Machado, secretário estadual de Esporte e presidente do PTB.

No escândalo federal, os instrumentos do suposto desvio de verbas seriam organizações não-governamentais criadas ou dirigidas por militantes do PCdoB. No escândadalo estadual, cerca de R$ 61 milhões teriam sido destinados a entidades esportivas, como a Federação Paulista de Lutas e Artes Marciais, cujos dirigentes atuam como cabos eleitorais de Campos Machado.

De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, os dois esquemas teriam sido montados em 2006.

Fora da capital

Na longa sucessão de escândalos que a imprensa brasileira vem publicando, os jornais costumam concentrar suas denúncias em Brasília e não é comum que abram o leque para buscar outros casos fora da capital federal.

O caso envolvendo autoridades paulistas é publicado sob o selo das “emendas secretas”, tema que deriva da acusação de pagamento de propinas a deputados estaduais pela aprovação de emendas ao orçamento do estado.

O escândalo que aponta para o Ministério dos Esportes vem amadurecendo há anos, com denúncias esparsas que nunca foram devidamente esclarecidas.

Em ambos os casos, pode-se imaginar o volume de recursos sob risco de malversação à medida que aumenta a necessidade de investimentos na infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Se a imprensa ampliar o escopo de suas reportagens, como faz o Estadão nesta terça, visando o problema da corrupção como um tema suprapartidário, serão maiores as chances de apuração e de medidas preventivas para evitar o descontrole não apenas nos preparativos para os dois megaeventos esportivos, mas também nas grandes obras do programa de desenvolvimento lançado pelo governo federal e executado em muitos estados e municípios.

 

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Observatório da Imprensa na TV

Humor sem graça*

Houve um tempo no Brasil em que a sátira era um dos instrumentos dos jornais contra as mazelas do poder. Hoje, o humor, esvaziado de teor jornalístico, apela para a polêmica, com a premissa de que qualquer grosseria é engraçada.

O Observatório da Imprensa desta terça-feira, 18, vai debater o recente episódio envolvendo o humorista Rafinha Bastos, ex-participante do programa Custe o que Custar, da Band. Afeito a piadas apelativas, que se enquadram na ideia imprecisa de “politicamente incorreto”, Rafinha destoou do caráter da bancada capitaneada por Marcelo Tas. Híbrido, o CQC diz praticar um jornalismo “jovem”, em que as barreiras entre informação e entretenimento são tênues.

De certo, Rafinha ultrapassou essas barreiras: antes da piada que o afastou, o humorista já havia se acostumado a desafiar o bom-senso e disparar sandices, comprando brigas inclusive com movimentos sociais.

O Brasil já viu experiências bem-sucedidas de humor crítico – do “Amigo da Onça” a programas como Casseta e Planeta, os Trapalhões e Planeta dos Homens. Na década de 1980, Marcelo Tas, o mesmo que hoje comanda o programa CQC, incorporava o repórter político Ernesto Varella. Através de entrevistas, renovava o humor ácido, crítico à política brasileira, sem precisar baixar o tom para aumentar sua própria fama.

Para discutir essa querela, é importante olhar para o passado das relações entre humor e jornalismo.

Nesta terça-feira, Alberto Dines recebe Ziraldo, cartunista, jornalista e escritor, do notável Pasquim; Guilherme Fiúza, jornalista e autor de biografia sobre o humorista Bussunda; e o chargista político Gilberto Maringoni. O programa ainda conta com entrevistas do roteirista Claudio Paiva e do cartunista Ique. Pela internet, participa o jornalista Mauricio Stycer.

O Observatório da Imprensa vai ao ar nesta terça-feira às 22 horas, pela TV Brasil, ao vivo em rede nacional. Em São Paulo pelo canal 4 da NET e 116 da Sky.

* Com Lucas R. Campos