A Folha de S.Paulo noticia na edição de segunda-feira (10/1), mas o Jornal do Brasil (online), alguns portais de informação e emissoras de TV já haviam relatado o caso da jornalista presa por ligações com criminosos no Paraná. Segundo o noticiário, a repórter Maritânia Forlin, que trabalha para uma afiliada da Rede Record em Campo Mourão, transmitia avisos sobre operações policiais para um traficante em troca de informações privilegiadas sobre crimes.
Não é o primeiro nem será o último caso, e o mais bizarro de todos certamente é aquele que envolveu um apresentador de televisão de Manaus e um grupo de extermínio da Polícia Militar do Amazonas. Mas o episódio pode servir como ponto de partida para uma conversa sobre limites do jornalismo.
Até que ponto deve ir um repórter na busca da informação? Que critérios um editor deve estabelecer para aceitar como fontes personagens envolvidos em crimes? E o que dizer dos inquéritos policiais montados em ambientes suspeitos de corrupção?
Capital vital
A polícia do Paraná exibe gravações de conversas que teriam sido mantidas por Maritânia Forlin com um traficante, e numa delas a jornalista é avisada de que vai haver um homicídio. Segundo o noticiário, esse criminoso, com quem ela teria um relacionamento amoroso, funcionaria como um produtor ou pauteiro de suas reportagens.
Não se sabe ainda quanto do material publicado sobre essa história é confiável, uma vez que todos os envolvidos, inclusive os jornalistas que noticiam o caso, têm como fonte primária o vazamentos de informação e não a reportagem investigativa.
Para além dos mais básicos princípios do exercício profissional, que a repórter teria desrespeitado, fica no ar a sensação de que alguma coisa vai mal por aí. Num cenário de alta competição, o trabalho jornalístico há muito tempo se transformou num vale-tudo.
Picuinhas na política, adivinhações na economia e press-releases no jornalismo de negócio competem com o voyerismo da vida privada de celebridades de todos os tipos.
Há quem diga que o capital do jornalista é a informação.
Está errado.
É a ética.