Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Morre o fundador do L´Express

Jean-Jacques Servan-Schreiber, figura importante do jornalismo francês, fundador do semanário L´Express, pensador original e político polemista, morreu aos 82 anos em um hospital de Fécamp, França, afetado pela bronquite, quando passava o fim de semana em seu sítio familiar de Veulettes-sur-Mer, na costa atlântica francesa.


Em fins dos anos 1960, Servan-Schreiber sacudiu a opinião pública com o Desafio americano, livro no qual advertia sobre a influência dos homens de negócios, os capitais e a tecnologia norte-americana em uma Europa em atraso, resistente à inovação. Foi um best-seller: no primeiro ano vendeu 600 mil exemplares e foi traduzido em 15 idiomas.


No princípio dos anos 1980, publicou o Desafio mundial, no qual o Japão era quem passava a colocar o mundo em xeque com sua exibição de organização, enquanto os árabes tinham o dinheiro, e os Estados Unidos, a tecnologia, com a computação.


E, entre ambas obras, outra, O desafio radical, em 1970, que fixou sua postura liberal e renovadora, dentro do Partido Radical, centrista, que presidiu entre 1971 e 1979, e pelo qual havia sido eleito deputado por Lorena no ano em que o publicou.


Leitura mantida


Mas Servan-Schreiber – que se formou na Escola Politécnica de Paris, e freqüentou desde criança os círculos políticos pela mão de seu pai, co-diretor do diário econômico Les Echos – destacou-se, principalmente, no jornalismo.


Tinha 29 anos quando fundou a revista semanal L´Express, junto com a jornalista e política Françoise Giroud, um dos amores de sua vida. ‘Temos François Mauriac, André Malraux, Jean-Paul Sartre e Albert Camus escrevendo para nós’, orgulhava-se. Criticou o colonialismo francês na Indochina e, tempo depois, a guerra da Argélia. Dirigiu esse semanário de atualidade, de forte marca intelectual, até 1969, quando passou a presidir o grupo L´Express.


Em 1979, quando Giscard D´Estaing presidia o país e era primeiro ministro Jacques Chirac, foi ministro das Reformas por poucos dias, mas renunciou por se opor aos ensaios nucleares franceses. Depois, distanciado da política ativa, deu aulas em uma universidade de Pittsburgh, Estados Unidos. Em 1995, regressou à França para estar próximo de seus quatro filhos.


Em seus últimos tempos sofria de uma variante degenerativa neurológica que lhe afetava a memória, mas seguia lendo os jornais diários e relendo os autores clássicos. Foi sepultado no cemitério de Veulette-sur-mer, onde também estão seus pais.