Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo responde
a Sergio Gabrielli em editorial


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 23 de novembro de 2006


MÍDIA vs. GOVERNO
Editorial


Dane-se o público


‘FICOU EXALTADO o presidente da Petrobras na terça-feira. Não se sabe se as notícias a respeito de patrocínios ‘companheiros’ oferecidos pela estatal complicaram a chance de Sergio Gabrielli ocupar um ministério no segundo mandato -mas o fato é que ele ficou bastante destemperado. O que deveria ser uma entrevista coletiva para explicar alguns contratos e convênios da petroleira tornou-se algo mais próximo de uma sessão de vitupérios.


Gabrielli acusou órgãos de imprensa de praticarem ‘uma campanha orquestrada contra a Petrobras’. Nomeou-os: esta Folha e ‘O Globo’ -que publicaram reportagens revelando intrigantes conexões entre prestadoras de serviço à estatal, transferências de recursos da Petrobras a ONGs sem licitação e a campanha petista. Os dois jornais teriam sido ‘irresponsáveis’ e praticado ‘jornalismo marrom’.


O escárnio para com a opinião pública ficou patente na frase ‘Evidentemente, você não é uma pessoa bem-vinda aqui’, dita por Gabrielli, um servidor do Estado, ao repórter do jornal carioca ali presente.


Seria compreensível a ira de Gabrielli caso o petista houvesse demonstrado ter sido vítima de injustiça nas reportagens contra as quais vociferou. Nas poucas vezes em que apresentou argumentos em vez de impropérios, no entanto, nada do que disse passou perto de desautorizar o trabalho jornalístico nesse caso.


O fato é que, como mostrou esta Folha na edição de terça, políticos do PT receberam neste ano R$ 2,5 milhões em doações eleitorais de cinco empresas associadas à ONG Abemi que mantêm contratos com a estatal. A Abemi, por sua vez, assinou um convênio de R$ 228,7 milhões com a Petrobras, sem licitação, para treinar 70 mil pessoas.


Outro fato, revelado por ‘O Globo’ no domingo, é que a estatal transferiu ao menos R$ 31 milhões, a títulos vários, a organizações não-governamentais que apoiaram a campanha pela reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Detectou-se curiosa concentração dessas ações em Sergipe, onde o ex-presidente da estatal José Eduardo Dutra concorreu ao Senado, tendo sido derrotado (campanha 68% financiada por empresas que têm negócios com a petroleira estatal).


Todas essas parcerias com organizações ‘companheiras’ -mais um episódio de aparelhamento do Estado que persiste, na gestão petista, como fruto da impunidade- dispensaram licitação pública. O critério adotado foi, nas palavras de Gabrielli, ‘o trabalho que as ONGs fazem’.


O dirigente da estatal acha que R$ 31 milhões são quantia irrelevante se comparada ao ‘impacto’ total dos mais de R$ 20 bilhões em investimentos da Petrobras. Também considera ser um exercício de ‘mau jornalismo’ recorrer à prestação de contas de campanha, identificar as empresas que fizeram doações ao partido governista e buscar suas relações com a Petrobras.


O episódio ilustra o grau de desrespeito na cúpula do Executivo federal para com o direito do cidadão de saber o que é feito do seu patrimônio.’


DIPLOMA EM DEBATE
Folha de S. Paulo


Supremo mantém decisão contra exigência de diploma


‘A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal confirmou anteontem a liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes que suspendeu a exigência do diploma de curso superior de jornalismo para exercício da profissão.


A decisão valerá até que o STF decida se apenas as pessoas formadas em curso superior de comunicação social podem trabalhar como jornalistas. A decisão será tomada no julgamento de recurso extraordinário, movido pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que pediu a concessão da liminar. Ele trava a batalha contra o governo, a Federação Nacional dos Jornalistas e o Sindicato dos Jornalistas de SP.


Em 2001, o Ministério Público Federal entrou com ação civil pública na Justiça Federal de SP pedindo o fim do registro profissional para jornalistas. A sentença da 16ª Vara Cível do Estado proibiu o Ministério do Trabalho de exigir o diploma para fornecer registro, mas a decisão foi cassada pelo Tribunal Regional da 3ª Região, órgão de segunda instância.


Souza argumenta que quem obteve registro enquanto vigorou a decisão da 16ª Vara poderia ser demitido e estava exposto ao risco de ‘graves prejuízos’.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Semana que vem


‘Em meio à ‘anorexia de notícias’, expressão do blog de humor de Tutty Vasques, o PMDB virou manchete de sites, portais, rádios e telejornais. ‘Lula e Temer oficializam entrada do PMDB no governo’, anunciou a Folha Online. ‘O PMDB acerta sua participação no segundo mandato do presidente Lula’, anunciou o ‘Jornal Nacional’. Mais desconfiado, o ‘Jornal da Band’ foi de ‘Lula convida PMDB, reação é positiva, mas resposta oficial só na semana que vem’.


Ecoou de imediato nos sites de jornais estrangeiros, com despachos como o da Reuters, cravando que Lula ‘selou a aliança’ depois de ‘uma vitória esmagadora’. Mais desconfiada, a Bloomberg noticiou que o PMDB ‘está querendo’ participar -com aspas no original.


‘CONSULTA’


Note-se que Michel Temer deixou no ar, aqui e ali, como na entrevista à Jovem Pan:


– Lula pediu uma coalizão, e eu disse que consultaria as instâncias partidárias.


É da Executiva que ele fala, onde Renan Calheiros e José Sarney não têm vaga. Mas Orestes Quércia falou à Folha Online em dar ‘espaço’, pois ‘eles estão com Lula desde o início e é natural que queiram continuar os interlocutores’.


‘CERCA DE’


A Reuters Brasil destacou o próximo passo da ‘grande coalizão’, hoje, quando ‘a maioria dos governadores dará demonstração de força e unidade em torno de Lula’:


– Cerca de 18 confirmaram presença, movimento que contrasta com 2002, quando Lula tinha seis e sua primeira reunião com os governadores foi organizada pelo PSDB, justamente para mostrar que ele não tinha a maioria.


Na Globo, à tarde, ‘Teodora, de cinco anos, é cercada de carinho’


OFICIALMENTE


Estava por todo lado, do site Mix Brasil à Globo, à tarde:


– Juíza autoriza casal de homossexuais a adotar uma criança oficialmente. Os pais Vasco e Júnior comemoram. ‘Depois que chega um filho para a gente, a vida muda.’


Mas era liberalidade demais para a Globo. E logo entrou uma psicóloga para dizer que ‘é preciso acompanhamento psicológico’. No Mix Brasil, nada disso. E a informação de que foi ‘a primeira vez com casal gay’ no país. Antes, ‘a Justiça já havia concedido a dois casais de lésbicas’.


Não demorou e o caso, ‘um marco’, apareceu na BBC.


POPULISTA, NÃO


‘Populismo perde apoio na América Latina’, comemorou o ‘Wall Street Journal’, na primeira página. A ‘onda está se rompendo’ e os eleitos se sustentam numa ‘força mais poderosa: a estabilidade’.


É a ‘dinâmica’ que tem decidido ‘eleição em cima de eleição’. Por exemplo, ‘ainda que políticos socialistas de longa data tenham vencido no Brasil e no Chile, eles o fizeram defendendo políticas amigas-do-mercado’.


POPULISTA, SIM


O ‘WSJ’ escreveu desde o Equador, onde o esquerdista Rafael Correa ‘moderou sua postura’ e só assim recuperou votos e voltou a ter chances no segundo turno, domingo.


O espanhol ‘El País’ pensa diferente, ainda. Escrevendo também de Quito, falou com destaque sobre o ‘duelo entre o magnata Álvaro Noboa e o populista Rafael Correa’.


JOGANDO FORA


O ‘Financial Times’ ontem destacou o primeiro passo dos novos donos do poder, no Congresso americano:


– Democratas vão jogar fora o acordo bilateral de comércio com a Colômbia. E avaliou que ‘a fissura piora muito a perspectiva para os planos de novos acordos’ na região, a começar do Peru.


Apoiado em argumentos trabalhistas, o veto seria ‘sinal da influência crescente sobre os democratas’ do sindicalismo protecionista.


HOSTIS AO BRASIL


E o movimento poderá atingir o Brasil mais à frente, pelo que indica o ‘Valor’, em reportagem de ontem, sob o título ‘Políticos dos EUA são hostis’. O levantamento dos discursos parlamentares americanos, principalmente dos democratas, revela uma resistência virulenta ao país, de personagens-chave.’


TELEVISÃO
Elvira Lobato


TVs a cabo acusam Globosat de não seguir acordo no Cade


‘A Associação NeoTV (cooperativa de 59 operadoras de TV por assinatura) acusa a Globosat de desobedecer ao compromisso com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) de oferecer os canais esportivos SporTV a todas as operadoras de TV por assinatura nas mesmas condições dadas à Sky e às afiliadas do sistema Net, das quais a Globo é acionista. A Globosat nega a acusação (leia texto abaixo).


Em maio último, o Cade julgou que a programação esportiva é essencial para a igualdade de competição entre as empresas de TV por assinatura e proibiu a política de exclusividade até 2008.


Em razão disso, a Globosat assinou um Termo de Compromisso de Cessação de Prática, com o Cade, em 31 de maio, e comprometeu-se a oferecer seu pacote de canais -os esportivos SporTV 1 e SporTV 2 (que exibem o Campeonato Brasileiro de futebol, mais GNT, Globonews e Multishow- a todas as empresas de TV por assinatura interessadas, em bases não discriminatórias.


A NeoTV reclamou na Coordenação de Acompanhamento de Decisões do Cade que o compromisso teria sido descumprido pela empresa. A queixa está sendo examinada.


A associação e a Globosat não divulgam as condições contratuais propostas. As duas alegam que assinaram termos de confidencialidade no início da negociação e que serão punidas se violarem o sigilo.


A diretora-geral da NeoTV, Neusa Risette, disse que, antes de recorrer à Coordenação de Acompanhamento de Decisões do Cade, a associação fez uma contraproposta à Globosat, que foi recusada.


A proibição da exclusividade foi resultado de um longo processo iniciado pela NeoTV, em 2001. Entre suas 59 associadas estão a TVA, do Grupo Abril, e a Vivax, segunda maior operadora de TV a cabo do país, que está sendo adquirida pela Net Serviços.


O mercado de TV por assinatura no Brasil tem cerca de 4,5 milhões de assinantes, dos quais 875 mil são das associadas da NeoTV. A absorção da Vivax (cerca de 300 mil assinantes) pela Net foi anunciada no mês passado, mas ainda depende de aprovação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Se for confirmada, a NeoTV perderá sua associada com maior base de assinantes.


Com 1,6 milhão de clientes, a Net é controlada pela família Marinho, que permanece com maioria das ações com direito a voto. Mas a maioria do capital total da empresa pertence ao grupo mexicano Telmex, do empresário Carlos Slim, e à sua controlada Embratel.


Pacote básico


A Globosat exige que seus canais sejam incluídos no pacote básico oferecido aos assinantes -e não vendidos como canais prêmios-, o que dificultaria a comercialização das operadoras menores, com foco nas classes C, D e E.


A empresa de TV a cabo Powerlice, de Guarujá (litoral de São Paulo), declarou à Folha que procurou a Net Brasil para contratar os canais Globosat assim que o Cade terminou o fim da exclusividade e que a empresa nem sequer lhe enviou uma proposta comercial.


Eder Castanho, responsável jurídico da empresa, disse que assinou um termo de confidencialidade, em julho, para iniciar a negociação e que dois meses depois a Net Brasil alegou ter perdido o documento. Disse que assinou um novo documento e até agora não teve retorno. Para Castanho, a dificuldade de negociação é uma forma de descumprir a determinação do Cade.’


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Empresa diz que cumpre as determinações


‘O diretor-geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, negou que a empresa esteja descumprindo o termo de compromisso com o Cade.


Segundo o executivo, as negociações com a NeoTV foram suspensas a partir do momento em que ela registrou a reclamação no Cade e só serão retomadas após o órgão se posicionar.


Para ele, a NeoTV age por orientação da TVA, do grupo Abril, que estaria buscando ‘um segundo turno’ no julgamento do Cade. A Telefónica, maior concorrente da Telmex (acionista da Net) na América Latina, anunciou recentemente a compra de uma participação acionária na TVA, o que explica o acirramento das relações entre as duas operadoras.


Pecegueiro informou que foram assinados contratos para fornecimento dos canais Globosat com duas operadoras de TV a cabo, na semana passada: a TV Mar Azul (que atua em Arraial do Cabo e Valença, no Rio de Janeiro, e em Arujá, em São Paulo), o que comprovaria que ela cumpre a combinação com o Cade.


O presidente da TV Mar Azul, Sérgio Inácio da Silva, disse que considera ter feito um contrato atrativo, mas não sabe se as condições foram isonômicas com as que Globosat oferece às afiliadas Net e à Sky.


Em relação à declaração da Powerlice de que tentou sem sucesso contratar os canais da Globosat, a Net Brasil afirmou que a empresa não lhe enviou os documentos solicitados.’


Daniel Castro


Globo perde para Band e fica em 4º no Ibope


‘A Globo amargou um quarto lugar no Ibope da Grande São Paulo durante quatro minutos no início da madrugada de ontem. Segundo as concorrentes, foi a primeira vez que isso ocorreu desde a implantação da medição de audiência em tempo real, em meados dos anos 90.


A Globo ficou atrás do SBT, da Record e da Band entre 0h09 e 0h12, quando exibia o ‘Programa do Jô’, que ficou metade desse tempo em intervalo comercial. À 0h11, a Globo marcava 6,8 pontos, contra 7,7 da Band, com o ‘Boa Noite Brasil’, que mostrava um ‘game’ em que ‘famosos’ entram em um tubo que enche de água conforme erram respostas. A Record, com o ‘reality’ ‘Troca de Família’, estava com 10,6 pontos, e o SBT, com a ‘A Hora do Rush 2’, liderava, com 11,7.


A audiência do ‘Programa do Jô’ começou a crescer à 0h15, quando teve início entrevista com o governador de São Paulo, Claudio Lembo. À 0h23, já devolvia a liderança à Globo.


A Globo ficar em quarto no Ibope é um feito inédito, mas o ‘Programa do Jô’ perder para emissoras consideradas pequenas tem sido cada vez mais comum. Segundo a Band, isso ocorreu três vezes em outubro.


A Globo diz que essas derrotas Jô’ são pontuais e que, anteontem, ocorreu durante a transição do ‘Jornal da Globo’ para o ‘Jô’, quando é normal o zapping. Na média de toda a sua exibição, o ‘Programa do Jô’ foi líder, com oito pontos.


PROJETO SECRETO Daniella Cicarelli gravou segunda o piloto de um novo programa para a MTV. O conteúdo é mantido em sigilo pela emissora, sob o argumento de que a apresentadora ainda não renovou contrato. A atração tem a ver com aspirantes a modelos.


É FALSO Um espertinho está usando o nome (ou quase) de William Bonner para espalhar vírus pela internet. Se você receber um e-mail de ‘WillianBonner@globo.com’, não abra. ‘[O -mail] Foi postado na Alemanha’, conta Bonner, o verdadeiro.


SANGUE NO IBOPE Foi muito bem a estréia da violenta ‘Vidas Opostas’. A nova novela da Record marcou 16 pontos, menos da metade da Globo (30) no horário (‘Casseta & Planeta’ e ‘A Diarista’).


SUMIDA DA VEZ 1 Depois de Tarcísio Meira, agora é a vez de Ana Paula Arósio se ausentar de ‘Páginas da Vida’. A intérprete de Olívia tirou pelo menos uma semana de folga para viajar com o novo namorado. Na novela, sua personagem viaja hoje.


SUMIDA DA VEZ 2 Na Globo, corre o boato de que Ana Paula ficará uns 20 dias afastada. O autor Manoel Carlos, a Globo e a assessoria de Ana Paula negam. Dizem que a licença é só de uma semana e que já estava prevista.


VELOCIDADE No SBT, as mudanças são rápidas. Depois de dois dias, o seriado ‘Chaves’ já voltou para as 18h. Mesmo perdendo para ‘Picapau’, da Record, dá mais audiência do que os desenhos que entraram em seu lugar.’


Laura Mattos


Padrão admite frustração no SBT


‘‘Ficar atrás da bancada nos telejornais é fim de carreira.’ Essa afirmação é de Ana Paula Padrão, que nos últimos seis anos passou por trás das bancadas do ‘Jornal Nacional’, ‘Jornal da Globo’ e ‘SBT Brasil’.


A jornalista anunciou oficialmente ontem que nesta semana deixa a bancada do ‘SBT Brasil’, a qual ocupa há pouco mais de um ano, para o colega Carlos Nascimento. Admitiu ter se frustrado com as trocas de horários pelas quais o telejornal passou, todas por decisão de Silvio Santos, e com o fato de ter preparado ampla cobertura das eleições e o SBT não ter interrompido a programação para transmitir ao vivo a entrevista do presidente Lula.


‘Montamos um esquema enorme de cobertura das eleições e só conseguimos colocar dois boletins no ar, além de não ter transmitido a entrevista. Isso é frustrante para qualquer jornalista, mas paciência…’


Padrão confirmou que a partir de março comandará o ‘SBT Realidade’, semanal de grandes reportagens, como o ‘Globo Repórter’, no qual, além de apresentadora, atuará como repórter. ‘Sempre tive muita inquietude com relação à bancada. Bancada é fim de carreira. No Brasil há uma distorção, como se o bacana fosse ancorar só. Meu barato é reportagem’, disse ela, que completou com uma pérola: ‘Quero ser mais Ana Paula e menos Padrão’.


A jornalista trocou a Globo pelo SBT em maio do ano passado. À época, fez críticas indiretas à emissora na qual trabalhou por 18 anos e que tentou barrar judicialmente sua estréia na concorrência, alegando quebra unilateral de contrato.


Em agosto de 2005, ela estreou como âncora do ‘SBT Brasil’, que resgatou o investimento da emissora em jornalismo, mas que não emplacou na audiência -atualmente registra média de cinco pontos.


Ontem, em entrevista no SBT, admitiu que a mais recente troca de horário decidida por Silvio Santos a fez optar por deixar o telejornal. ‘Tomei a decisão de antecipar a estréia desse novo projeto, antes previsto para o meio do próximo ano, quando o Silvio [Santos] falou que iria colocar o ‘SBT Brasil’ às 21h, que não é meu sonho dourado’, afirmou.


Um dos motivos que a haviam levado a deixar a Globo foi o fato de chegar em casa de madrugada por conta do ‘Jornal da Globo’. Publicamente, ela explicou que pretendia voltar do trabalho a tempo de jantar com seu marido (o empresário Walter Mundell) e que tinha planos de engravidar. ‘Com esse novo horário do ‘SBT Brasil’, eu, que chego cedo à emissora, estava voltando para casa por volta das 23h. Depois de insistir para que eu continuasse, o Silvio concordou em me liberar para o ‘SBT Realidade’, disse.


Padrão, 40, falou que desta vez a mudança profissional não está vinculada ao projeto de ser mãe. ‘Decidi não mais fazer tratamentos para engravidar. São exaustivos e acabam tirando o prazer de um casamento que é bom. Mantenho o sonho de ser mãe, mas talvez tenha passado o meu tempo. Todo mundo carrega uma dor e essa é a minha’, disse, emocionada.’


CRÔNICA
Carlos Heitor Cony


A graça sem graça


‘No princípio, a inteligência estava acima de todas as coisas. Lado a lado com a beleza -que, já dizia Platão, é o esplendor da verdade. Aos poucos, com os trancos e barrancos da vida, fui percebendo que a inteligência era uma baia (não confundir com Bahia) onde a burrice se cevava, engordava, dava crias. E a beleza, bem, nada mais era do que um ponto de vista.


O pôr-do-sol que admiramos do Arpoador pode ser considerado banal, dividido entre muita gente, tornando-se monótono, o que acontece todos os dias quando não chove, e é igual a outros ‘tramontos’.


Basta o cidadão se deslocar alguns metros no terreno e o Sol ainda não se pôs nem se porá, pois há o amor que move o Sol e as estrelas -e aqui entra uma erudita citação de Dante. E outra de Kipling, citada por Orson Welles sobre arte: Adão estava na dele, olhando tudo em volta. De repente, apanhou um pedaço de pau e começou a desenhar: um rosto, talvez, uma paisagem.


Tal como o Senhor que o criara, Adão achou sua obra boa e bonita. Mas aí a Serpente, atrás de uma parreira, botou a sua linguinha bipartida para fora e comentou: ‘Sim, é bonito… mas é arte?’. O drama está todo aí -e, de Adão em diante, a serpente saiu das parreiras e se aninhou dentro de nós.


É bonito…, mas vale a pena? O que vale a pena? Fernando Pessoa disse que tudo vale a pena se a alma não é pequena, mas como se pode medir um valor imensurável? De graça, até a graça não tem graça nenhuma.


Lembro o Adolpho Bloch, que barganhou até o impossível o preço de uma encomenda editorial. Rubem Braga, meio chateado com o secular know-how de pechinchar dos judeus, desabafou: ‘Tá bem, Adolpho, eu escrevo isso de graça para você!’. E o Adolpho, indignado: ‘Não! De graça nem por um milhão de cruzeiros!’.’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 23 de novembro de 2006


DIPLOMA EM DEBATE
Roberto Macedo


O jornalismo como profissão e ocupação


‘O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar suspendendo a exigência do diploma de curso superior de jornalismo para o exercício dessa profissão, o que reacendeu a discussão sobre o tema. Conforme este jornal do último sábado, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) anunciou que recorrerá da decisão.


A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também opinou pela necessidade de formação na área, ‘especialmente em matérias específicas como teoria e técnicas de comunicação’, segundo seu presidente. Já a Associação Nacional de Jornais (ANJ) é contrária à exigência do diploma. Seu presidente afirmou que ‘limita o direito de livre expressão’.


Até uma organização não-governamental (ONG) internacional, a Repórteres sem Fronteiras, se envolveu na discussão. Contrária à exigência, divulgou texto em que se afirma que ‘a competência jornalística não depende de capacitação a priori, pois está ligada à prática da profissão’.


Vou dar palpite nessa história porque, como economista, dediquei parte de minha carreira ao estudo do mercado de trabalho. É como tal que vejo uma saída desse imbróglio, e defendo solução semelhante no caso dos economistas.


Jornalista é uma profissão socialmente reconhecida e requisitada e, no Brasil, assim continuaria, mesmo se não houvesse essa exigência de diploma da área. Até onde sei, tal exigência não é comum internacionalmente, o que se depreende também da posição da referida ONG.


Quão importante é o diploma de curso superior para o exercício dessa profissão? A maioria dos jornalistas que conheço diz que, em geral, nossas escolas de jornalismo são fracas e que o dia-a-dia do jornal é que, de fato, molda o jornalista. Meu argumento a seguir se sustenta independentemente da qualidade dessas escolas.


Há alguns aspectos típicos da formação educacional do jornalista que podem ser aprendidos nelas, como as referidas ‘teoria e técnicas de comunicação’. Assim, a formação específica na área é um dos caminhos do jornalismo, e haveria tais escolas mesmo sem a exigência de diploma na área.


Entretanto, além de profissão, o jornalismo é uma ocupação, no sentido de atividade, cargo ou função, que também pode ser aprendida no próprio trabalho. E, além disso, exercida por profissionais de outras áreas, em função do domínio que têm delas. O conhecimento humano se especializa e se multiplica velozmente e é impossível os jornalistas o dominarem em todas as áreas para produzirem e tratarem todas as informações que serão matérias dos jornais.


Alguém poderia argumentar que para isso há jornalistas especializados, mas a especialização hoje necessária é tanta que também recomenda o recurso a especialistas para trabalharem ocupados como jornalistas. É muito mais difícil formar um jornalista especializado em física, engenharia, biologia, medicina, direito e outras áreas do que ter profissionais delas a trabalhar em jornais, onde, como reconhecem muitos jornalistas, e também a ONG citada, muito da competência vem da prática da profissão.


Mesmo no jornalismo econômico, que conheço mais de perto e no qual temos profissionais consagrados, os estudos da área de economia estão se tornando tão especializados no seu foco e nas suas ferramentas analíticas que também há espaço para economistas-jornalistas. Exemplo disso vi em matéria do jornalista Elio Gaspari (Folha de S.Paulo, 19/11), na qual sintetiza um estudo econômico, mas diz que ‘o trabalho apresenta um modelo matemático indecifrável para leigos…’, e depois volta a esse ponto dizendo que o trabalho está ‘… infelizmente … em matematês’.


Recorrer episodicamente a especialistas para decifrar trabalhos como esse não resolve o problema, pois muitos o fazem a seu modo, sem a preocupação de se fazerem entender pelo leitor, o que podem aprender em cursos de jornalismo e/ou com jornalistas. Assim, os jornais também deveriam ter especialistas-jornalistas em tempo integral, e outros deveriam ser treinados para ficarem à disposição dos editores, mesmo sem envolvimento diário. E, pela dinâmica que envolve o tripé vocação, profissão e ocupação, com esta última freqüentemente levando ao reexame das duas primeiras, não seria surpresa se muitos desses especialistas-jornalistas se tornassem jornalistas no sentido usual, inclusive assumindo posições de comando nas redações.


Nessa linha, defensores e adversários da exigência do diploma deveriam buscar um entendimento para flexibilizá-la, permitindo que outros profissionais de nível superior sejam também credenciados a exercer a ocupação por um período de um a dois anos, durante o qual completariam apenas um curso de especialização em jornalismo, ministrado por professores e profissionais da área, após o que se credenciariam ao registro profissional definitivo. Quem já tivesse esse curso teria desde logo o registro.


Flexibilizando a exigência de diploma, a profissão não perderia em status. Ao contrário, a ela se juntariam profissionais capazes de melhorar a cobertura e a qualidade das matérias jornalísticas, granjeando o reconhecimento do público a que elas se dirigem, e fortalecendo a profissão.


Em geral, a exigência de diploma de graduação na área não é a forma adequada de defender a dignidade, a respeitabilidade e a força de uma profissão. Essa exigência só se justifica por outras razões e em casos excepcionais, como em medicina e engenharia, nos quais o que se protege são os clientes dos profissionais dessas áreas. Já no jornalismo, a exigência prejudica leitores, ouvintes, telespectadores, internautas e outros a quem priva de informações de maior amplitude e melhor qualidade.


Roberto Macedo, economista (USP), com doutorado pela Universidade Harvard (EUA), pesquisador da Fipe-USP e professor associado à Faap, foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda’


TELEVISÃO
O Estado de S. Paulo


TV Senado expande sua rede aberta


‘O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), inaugurou ontem a transmissão da TV Senado por canal aberto para Salvador. Brasília foi a primeira capital a receber a programação via UHF. ‘A intenção é instalar um transmissor de UHF em cada capital’, disse o jornalista James Gama, diretor da TV, que é transmitida para todo o País por antena parabólica, pela TV por assinatura e em dois canais na internet.


A TV Senado foi criada há 10 anos e custa R$ 12 milhões anuais. A Câmara também tem a sua TV, com custo de R$ 7,13 milhões ao ano. Ambas são voltadas para a divulgação de notícias das duas Casas. É claro que os parlamentares aproveitam a estrutura nacional das emissoras para mandar recados aos eleitores. Além de serem mostrados durante todas as sessões do plenário e nas CPIs – a ponto de disputarem as bancadas da frente -, são os entrevistados dos principais programas de notícia.


Na campanha, os 497 deputados e 46 senadores que concorreram estavam sempre em condições privilegiadas de disputa, usufruindo dos benefícios existentes apenas para quem tem mandato. O palanque eletrônico ganhou tal importância que muitos, em vez de ir a seus Estados, ficavam em Brasília fazendo discursos.


Cristovam Buarque (DF), candidato à Presidência pelo PDT, subia à tribuna do Senado para anunciar, diante das câmeras, a criação de uma guarda nacional, além de falar sobre educação; a senadora Heloísa Helena (AL), candidata do PSOL, amaldiçoava o governo de seu adversário Luiz Inácio Lula da Silva e foi à tribuna justificar o crescimento de seu patrimônio.


Candidato ao governo do Amazonas, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, aproveitou a TV para prometer um choque de gestão. Derrotado, continua a ocupar a tribuna e a ser um dos mais assíduos na TV Senado. A senadora Ana Júlia Carepa (PT), que venceu a eleição ao governo do Pará, usava a tribuna – e a TV, é lógico – para criticar seus adversários.


As duas TVs nunca mediram audiência. Mas sabe-se que as sessões atraem bom público. Isso revolucionou o guarda-roupa dos parlamentares. José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da minoria na Câmara, por exemplo, trocou as roupas amarrotadas por ternos impecáveis.


Para captar uma boa imagem, a câmera principal da TV Senado fica de frente para o parlamentar. O local foi cuidadosamente escolhido por engenheiros, por exigência do ex-senador Artur da Távola (PSDB-RJ), que não gostou de ver o brilho de sua careca na telinha.


RECLAMAÇÕES


Não são raras as vezes em que um senador reclama de boicote na programação da TV Senado e da Agência Senado (que distribui as notícias referentes às atividades dos senadores). O caso mais recente foi de Almeida Lima (PMDB-SE), que dia 8 se disse boicotado pela agência e afirmou que os governistas tinham maior espaço na TV.


O diretor de Comunicação Social do Senado, Armando Rollemberg, respondeu que jamais houve discriminação contra Almeida Lima ou outro senador. ‘Ele é um dos que mais aparecem no noticiário porque os oposicionistas ocupam a tribuna mais do que os governistas.’’


Julia Contier


SBT Realidade estréia em março


‘Contará com parceiras da Discovery, da BBC, da Warner e da National Geographic o novo programa produzido e apresentado por Ana Paula Padrão, SBT Realidade. A estréia está prevista para março. Para tanto, a jornalista levará quatro profissionais do SBT Brasil com ela.


Semanal, o programa terá em média quatro grandes reportagens por edição, podendo ser temático, e uma hora de duração no horário nobre.


Ana Paula Padrão anunciou ontem, em entrevista coletiva, que deixará a bancada do SBT Brasil esta semana. Carlos Nascimento assume o posto. A direção da casa ainda não bateu o martelo sobre a volta de Hermano Henning ao Jornal do SBT para a vaga de Nascimento


Ana Paula acabou acelerando o novo projeto para driblar a insatisfação com o atual horário do SBT Brasil (21 horas). Negou que a motivação seja em função de um possível bebê – disse ontem que já desistiu de ser mãe, após tantas tentativas. E afirmou que a coisa mais nobre no jornalismo é a reportagem: ‘É o que eu realmente gosto de fazer.’


‘Todo mundo sabe que a casa é cheia de instabilidade, mas o lado bom disso é poder propor um novo programa e eu quero fazer um programa com a minha cara, mais Ana Paula e menos Padrão’, falou.


SBT Realidade remete à antiga revista Realidade, mas a escolha não foi proposital, disse Ana Paula. De todo modo, reconhece, é uma boa referência.


Como o programa ainda não está fechado, não foi fechado ainda nenhum negócio comercial, mas o departamento vê o projeto com bons olhos porque, independentemente da audiência, é produto que agrega valor à grade da casa. Para o Diretor Nacional de Jornalismo, Luiz Gonzaga Mineiro, atrai marcas de credibilidade, como bancos e grandes empresas.


entre- linhas


A NET já iniciou a venda dos pacotes para os jogos dos campeonatos Paulista e Carioca de 2007. Os assinantes podem fazer a compra por telefone e pela internet. Os preços vão de R$ 180,25 a R$ 212.


Apesar dos boatos nos corredores da Bandeirantes darem conta de que Márcia Goldschmidt em breve estará de volta à programação, na direção da rede o assunto permanece morno, quase frio.


A Record continua a negociar com Luana Piovani. A atriz pode integrar umas das novelas da rede em 2007.’


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