Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Quem é o movimento Ocupe Wall Street?

Tem sido muito difícil escrever sobre o movimento Ocupe Wall Street, avalia, em sua coluna [12/11/11], o ombudsman doNew York Times, Arthur S. Brisbane. Quase imediatamente após os manifestantes começarem a se instalar no Parque Zuccotti, em Nova York, no dia 17/9, leitores do NYTimes mostraram-se preocupados com a cobertura: alguns acharam que ela foi pequena; outros, atrasada; um outro grupo, condescendente, com artigos questionando a falta de demandas e de líderes. Já outros leitores acusaram o jornal de dar um tratamento muito favorável aos acampamentos que passaram a atrapalhar o pleno funcionamento de Nova York e outras cidades nos EUA e no exterior por onde o protesto se espalhou.

Agora, com quase dois meses de protesto, é hora de perguntar: como está a cobertura do NYTimes? Como o jornal pode escrever sobre grandes questões e sobre as atualizações nos acampamentos do movimento? O ombudsman fez, com a contribuição de leitores, uma lista de sugestões.

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Em primeiro lugar, o jornal precisa encontrar a estrutura emergente doque parece uma massa sem forma de um movimento que propositalmente se abstém de liderança e demandas formais. Isto pode parecer óbvio para alguns, mas há um ponto de vista forte e bem argumentado de que jornalistas não devem impor uma visão tradicional sobre este fenômeno não tradicional.

O NYTimes mencionou em blogs diversas vezes que a revista canadense Adbusters foi a primeira a propor o Ocupe Wall Street e até marcou a data de início do movimento. Mesmo assim, este dado intrigante ainda não foi total­mente explorado. Quem é a Adbuster? Como a ideia passou da concepção para a ação? Uma investigação das suas origens levaria à identificação de líderes. Em pesquisa com um grupo de professores de jornalismo, Brisbane descobriu que a maior parte concorda que é importante entender quem são os líderes e quem eles representam. Enfim, responder à pergunta: “quem é o Ocupe Wall Street?”. “A liderança te diz muito sobre o movimento”, afirma Jerry Ceppos, reitor de jornalismo na Universidade do Estado da Louisiana e ex-editor-executivo do San Jose Mercury News.

Compreender as demandas ajuda a se chegar às lideranças. Algumas das queixas são claras, como desemprego, desigualdade de renda e o alto custo da educação. Em uma futura cobertura, o NYTimes deveria examinar como estas questões estão mudando os EUA, dando enfoque a movimentos como o Ocupe Wall Street e sua contrapartida ideológica, o Tea Party. O impacto dos protestos também deve ter um foco na cobertura. Além disso, paralelos históricos dariam uma perspectiva melhor ao movimento.

É preciso, ainda, encontrar um modo criativo para capturar as microvisões do movimento. Uma sugestão dada por Tom Fiedler, reitor de jornalismo da Universidade de Boston e ex-editor-executivo do Miami Herald, seria um blog ou, como sugeriu Emily Bell, ex-editora-digital do Guardian, usar as mídias sociais para agregar novidades sobre o movimento. Para a editora-executiva do NYTimes, Jill Abramson, o Ocupe Wall Street é “uma pauta importante, assim como a eleição presidencial e eventos mundiais, que estão conectados com a crise financeira global”.