Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Paulo Rogério

“‘Fazer um jornal em que o leitor possa se reconhecer nas notícias’ Projeto Século XXI do O POVO

Todo fim de ano a pauta econômica dos jornais se volta para as compras de Natal, a troca de presentes, lançamentos, etc. É o incentivo ao consumismo. O POVO embarcou nessa visão otimista do empresariado ao estampar, na edição de quinta-feira, em Economia, a manchete ‘Cai número de endividados’. A matéria tinha como base números de pesquisa do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC).

O primeiro problema é a falta de um quadro com os números da pesquisa para orientar a leitura. Todo o texto é puxado por análise feita pelo vice-presidente da Fecomercio (Federação do Comércio do Ceará), Ranieri Leitão. Não há qualquer contraponto. Não há reflexão. Nada de críticas. O dirigente levou a discussão para onde queria, comemorando a diminuição do número de endividados (60,8%) e inadimplentes (6,4%).

Como não publicou o quadro – a concorrência sim -o leitor do O POVO não pode saber. Mas a mesma pesquisa apontou que em 2010 os números eram bem melhores: 54,3% e 5,5%, respectivamente. Ou seja: o quadro econômico piorou. Outro dado foi esquecido: o aumento, pelo segundo mês consecutivo, do comprometimento da renda do trabalhador. A omissão fez com que a versão do dirigente aparecesse como verdade absoluta, sem qualquer confrontação.

TRADUÇÃO CRÍTICA

O jornalista Bruno Stéfano, autor do texto, defendeu que a ‘matéria passava mais um clima de alívio dos empresários do que de otimismo’ e que isso era ‘mais fruto da estabilidade nos índices de inadimplência do que na redução do endividamento’. Outros economistas teriam sido ouvidos e ressaltaram mesmo ponto. A falta de espaço teria impedido a publicação dessas opiniões.

Ora, o indicado, então, era a manchete ressaltar a inadimplência e não o endividamento. O pouco espaço seria resolvido com a substituição da foto de quatro colunas por um bom quadro informativo com os números da pesquisa. Caberia até os economistas faltantes, pois o único escolhido fala só de compras com cartão.

Durante a semana outro levantamento – Censo 2010 – foi destaque. Houve maior análise dos números. Mas faltou ao jornal o senso crítico para cobrar explicação oficial sobre a contradição entre o discurso progressista dos últimos dez anos e a realidade mostrada na pesquisa. Este é o mínimo que se pede aos jornalistas: a tradução crítica desses índices para o leitor.

1º ANIVERSÁRIO

O jornal completou semana passada um ano do novo projeto gráfico. Com exceção do caderno Esportes, que encerrou no domingo (13) uma boa retrospectiva das melhores capas, o fato passou em branco. A chefia de Redação considera que o objetivo do projeto – tornar mais fácil a leitura – foi alcançado graças à facilidade de navegação nas páginas. ‘Alguns ajustes foram e são feitos rotineiramente’. Uma das perdas apontadas é a página ‘Aguanambi via Aerolândia’, encerrada por desistência dos idealizadores do projeto.

De fato a reforma e a valorização do branco transmitem leveza aos textos, antes grandes e cansativos. Uma seção que causou certa polêmica entre os leitores foi o ‘Entenda a notícia’. Alguns acharam repetição, outros elogiaram por antecipar o texto principal. Hoje a seção está consolidada. Ás vezes complica mais que explica. Porém, tornou-se a porta de entrada das páginas. A última novidade é o suplemento The New York Times. O estilo de jornalismo é bem diferente do praticado nos jornais brasileiros. Vale a comparação. Pena que a fonte seja muito pequena.

LAZER OU ABORRECIMENTO

Editores do Buchicho precisam de mais atenção. O alerta é da leitora Celina Souza. Ela diz que erros são constantes nas seções de entretenimento. ‘O caderno é simpático, leve. Mas, novamente, as receitas me fizeram achar graça’. Ela diz que recentemente, na relação dos ingredientes para o Risoto de Abóbora, por exemplo, não havia o principal: a abóbora. Assim não tem receita que dê resultado.

Outros leitores reclamam de repetições nas Palavras Cruzadas e no Sudoku. E o que era lazer acaba virando aborrecimento. Pois bem. Todo esse material é comprado via agências, através de pacotes e selecionados diariamente. Fica claro que o problema está exatamente nesse processo de edição.

ESQUECIDO PELA MÍDIA: Processo de revisão do Incra sobre aposentadoria do ex-presidente do TCE, Teodorico Menezes

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Matéria mostrou relação de ódio e poder na política

FOMOS MAL

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Deixamos de informar ao leitor o que aconteceu, enfim, com a baleia encalhada em Beberibe.”