William de Oliveira, ou William da Rocinha, andava esquecido. Agora foi preso novamente e ficou mais difícil usar as relações que lhe permitiram escapar da Justiça – já havia sido preso – e fraternizar com Lula, Dilma, Cabral Filho, Dornelles, Afro-Reggae, Luciano Huck, Aspásia Camargo, o falecido José Alencar, Wadih Damous, presidente da OAB-RJ, Eduardo Suplicy, Geraldo Alckmin: apareceu um vídeo em que William contracena com fuzil, dinheiro vivo e o traficante Nem. Foi exibido em horário nobre. Pode ter sido feito por comparsas do próprio Nem.
Um segredo de polichinelo veio à tona: a ligação da vereadora Andrea Gouvêa Vieira com a comunidade da Rocinha é tão multifacetada que uma das conexões – William trabalhava até o dia 2/12 no gabinete dela − chegava até Nem. Menos evidente era a proximidade do deputado federal Chico Alencar (PSOL) com o líder comunitário.
William tem um blogue. Vai lá, leitor. É instrutivo.
O olho do tráfico
Em 2004, o jornalista Julio Ludemir escreveu um livro-reportagem ficcionalizado (isso não o desobrigou de sumir do mapa por um bom tempo) chamado Sorria, você está na Rocinha. Em entrevista à revista Época, declarou:
“Época – Que cumplicidade existe entre as ONGs e o tráfico?
Ludemir – O novo presidente da Associação de Moradores da Rocinha, Willian DJ, é o melhor exemplo. Foi eleito com menos de 2 mil votos num universo de 120 mil pessoas [sic; são 70 mil]. Esse homem é o olho do Lulu, o chefe do tráfico, dentro da favela.”
Só não soube quem não quis saber. Em época de eleição, ninguém quer saber de nada. Só interessa o que se transforma em votos. Como tem eleição de dois em dois anos, ninguém nunca quer saber de nada.