O fim da exigência do diploma para se exercer o jornalismo no Brasil, em decisão tomada em 2009 pelo Supremo Tribunal Federal no Brasil (como em tantos países do mundo inteiro), abre uma série de novas questões e debates sobre o campo da Comunicação pós-mídias digitais, bem mais interessantes que o velho muro das lamentações corporativas.
Essa decisão tirou da “invisibilidade” a nova força do capitalismo cognitivo, centenas e milhares de jovens freelancers, autônomos, midialivristas, inclusive formados em outras habilitações de Comunicação, que eram impedidos por lei de exercer a profissão de jornalismo.
O fim da exigência de diploma para trabalhar em jornalismo não significa o fim do Ensino Superior em Jornalismo, nem o fim dos Cursos de Comunicação, que nunca foram tão valorizados. A qualidade dos cursos sempre teve a ver diretamente com projetos pedagógicos não engessados, com consistência acadêmica, professores de formação múltipla e aberta, diversidade subjetiva, e não com “especificidade” ou exigência corporativa de diploma.
Um direito
O que interessa não é obrigatoriedade do diploma, é formação diferencial. Na ECO/UFRJ formamos jornalistas, publicitários, editores, profissionais de rádio e TV. Nenhuma dessas áreas precisa de diploma obrigatório. E todos os nossos formandos passam bem!
Os jornais já burlam a exigência de diploma pagando os maiores salários da redação aos não-jornalistas, cronistas, articulistas, editorialistas, muitos SEM diploma (a exigência de diploma nunca alterou esse quadro). As Universidades não precisam formar os “peões” diplomados, mas jovens capazes de exercer sua autonomia, liberdade e singularidade, dentro e fora das corporações.
A Comunicação e o jornalismo são importantes demais para serem “exclusivas” de um grupo de “profissionais”. A Comunicação e o jornalismo hoje são um “direito” de todos, que será exercido por qualquer brasileiro, com ou sem diploma.
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[Ivana Bentes é professora de Comunicação Social da Escola de Comunicação da UFRJ]