Nos últimos anos, o jornalismo praticado na internet vem crescendo e se expandindo vertiginosamente graças à sua componente tecnológica como fator fundamental, além da hipertextualidade, da multimidialidade e da instantaneidade como principais características. Assim, é possível perceber que alguns veículos tradicionais de prática sensacionalista estão se utilizando das potencialidades da nova mídia para manterem esse tipo de conteúdo na web, com fotografias de impacto, intensificação e valorização da emoção nas notícias, além de muitos outros aspectos.
A partir deste questionamento, o estudo desenvolvido objetivou analisar a atuação do sensacionalismo no jornalismo digital através de um estudo de caso do site Plantão Policial, que é uma versão online da editoria de polícia do jornal impresso Gazeta do Sudoeste. O jornal impresso possui uma circulação em 17 cidades do sudoeste de Goiás e é produzido em Santa Helena de Goiás. O responsável pela editoria de polícia do jornal impresso criou, no início de 2010, um site de notícias com o mesmo nome, onde é feita a cobertura jornalística policial, além da cobertura de fait divers (fatos diversos).
O grande chamariz do site são fotografias chocantes de cadáveres, muitos deles com os membros separados do corpo, outros já em decomposição; pessoas mutiladas que foram vítimas de acidentes graves; e veículos destroçados, entre outros. O texto noticioso, na maioria das vezes, possui poucas linhas, contendo apenas as informações principais e percebe-se que não existe aprofundamento nos fatos. Muitas vezes, são apenas informações colhidas de órgãos oficiais, como Polícias Militares e Civis e Corpo de Bombeiros.
Observou-se que o sensacionalismo, um fenômeno tão utilizado desde os primórdios da imprensa, ainda é presente nos media atuais, bem como em mídias digitais. Após o estudo dos textos, das fotografias e das manchetes, entre outros atributos, o problema foi respondido e a hipótese comprovada. Nos textos e conteúdos analisados foi possível identificar claramente como o site se apropria das potencialidades do jornalismo digital para construir um discurso baseado no uso das sensações, na intensificação e valorização da emoção, em detrimento da informação, no exagero de recursos técnicos e na exposição de imagens que chocam.
O jornalista e pesquisador Marcos Palácios, no artigo “Fazendo jornalismo em redes híbridas” (2003), explica que existem “continuidades e potencializações e não, necessariamente, rupturas com relação ao jornalismo praticado em suportes anteriores”. Neste sentido, o meio de comunicação sensacionalista utiliza os mesmos métodos que usava nos meios tradicionais, porém, agora tem disponíveis novos recursos, capazes de aumentar e reforçar os efeitos sobre o público.
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[Paula Roberta Santana Rocha é bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo]