Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Por trás do jornalismo investigativo

O ombudsman do Washington Post, Patrick B. Pexton [2/12/11], encontrou-se com membros da Federação das Associações de Cidadãos do Distrito de Columbia, na semana passada, para ter um feedback da cobertura do Distrito pelo jornal. Os ativistas, ressalta Pexton, têm anos de conhecimento da região e de sua administração. Todos estavam, em diferentes níveis, frustrados com o Post.

No nível “micro”, eles reclamaram de não ver no jornal matérias sobre questões que consideram importantes. Uma delas é o processo de redefinição das áreas da cidade, que levará anos para ser concluído e cujas audiências públicas foram realizadas em 2008 e 2009. Desde então, o Escritório de Planejamento está reescrevendo as regras – que não estão sendo divulgadas e, uma vez aprovadas, administrarão alguns dos aspectos mais importantes da vida no Distrito, como densidades comerciais e residenciais, preservação histórica, iniciativas culturais e artísticas, entre outros. A cobertura do planejamento da redefinição nas áreas é o coração da seção local, mas não está tendo espaço no jornal, alegam os líderes. O ombudsman realmente não encontrou nenhuma matéria sobre o tema nos últimos dois anos.

Outra questão levantada pelos ativistas envolve o Departamento de Serviços Médicos de Emergência e Bombeiros (EMS, sigla em inglês). Segundo eles, as ambulâncias da cidade são velhas, houve sete diretores médicos nos últimos dois anos e não há uma expectativa para que as recomendações de uma força tarefa feitas em 2007 sejam efetivadas. A força tarefa foi formada depois que o repórter do New York Times David Rosembaum, já aposentado, morreu após ser diagnostigado erroneamente por um paramédico como alcoolizado, quando na realidade estava seriamente ferido depois de ser agredido em um assalto. Ativistas informaram ainda que, no dia 17/11, uma mulher morreu no Hospital da Universidade de Howard, de ataque cardíaco, depois que um paramédico disse que suas dores abdominais não eram sérias. O paramédico foi afastado e nada foi publicado no Post.

Em um nível “macro”, os membros da Federação alegam que não podem responsabilizar as autoridades locais por seus atos (ou pela falta deles) sem a ajuda da intervenção do Post. O blogueiro que cobre o Distrito para o jornal, Mike DeBonis, foi elogiado pelos ativistas, mas eles afirmam que não veem repórteres nos encontros do conselho do Distrito, por exemplo. Eles entendem que o Post não pode cobrir tudo o que acontece em cada local, como os jornais comunitários, mas acreditam que o jornal está ficando menos representativo das preocupações dos cidadãos. Um dos ativistas afirmou que muitos políticos só passam a fazer algo quando é publicado no Post.