Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

A cobertura da campanha presidencial

Richard Stevenson, editor político que supervisiona a cobertura das eleições nacionais no New York Times desde 2006, explicou ao ombudsman do diário, Arthur S. Brisbane [3/12/11], as peculiaridades da próxima disputa presidencial. “Se 2008 foi uma colisão épica de personalidades e figuras históricas, é possível que 2012 seja uma colisão épica de ideias e ideologias, em um momento de crise palpável, tanto em termos de situação econômica imediata, como de visão do lugar dos EUA no mundo. Portanto, esta eleição vai significar muito”, disse o editor.

Em entrevista na semana passada, Stevenson falou da estratégica de cobertura do NYTimes. As grandes questões, na sua opinião, são se o presidente Barack Obama irá vivenciar “uma das mais dramáticas histórias de ascensão e queda da política americana” e se os republicanos, sabendo que têm uma oportunidade real de tirar o presidente do poder, irão aproveitá-la ou deixar que escape.

Para Brisbane, a fase épica terá de esperar o presidente aguardar o momento propício e a campanha das primárias republicanas se definir. Para o momento, o NYTimes e outras organizações de mídia estão ocupadas em cobrir a disputa pelo candidato do Partido Republicano – vista por muitos historiadores políticos e especialistas como um exercício sem precedentes nas primárias. “Nunca vi tanto movimento antecipado neste processo”, disse William G. Mayer, professor de ciências políticas da Universidade Northeastern. “Não consigo imaginar algo anterior para o modo como Mitt Romney estava em cima e então veio Rick Perry, que caiu como uma pedra com suas gafes. Em seguida, Herman Cain, que ficou em cima e também caiu. E Newt Gingrich surgiu. Não se vê tanto movimento assim neste período”. Isto sem mencionar Michele Bachmann, que aproveitou sua subida e queda antes da ascensão de Perry.

Nesta campanha, o professor Thomas E. Patterson, da Kennedy School of Government, da Universidade de Harvard, acredita que a imprensa, em alguns momentos, foi “privada de uma narrativa porque os candidatos apareceram nas pesquisas em série e desapareceram antes da narrativa se estabelecer”. A campanha vem sendo direcionada por eventos isolados – como o sítio com nome racista de Perrye as acusações de abusos sexuais contra Cain. “Neste contexto, é difícil para o NYTimes e outros veículos liderarem, pois todos os jornalistas estão olhando para o mesmo evento no mesmo momento”, observou.