Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalismo e suas texturas

Pautas à mesa. Afora o blefe, os copos e os corpos, as palavras começam a formar textos justos; do tamanho de sua língua, necessário leitor. Quantos toques você tem disponível para seu texto? Sua chamada? Como os utilizará para fisgar os cliques e os olhares dentre tanta oferta? Fica então evidente que na feira comunicacional, os narradores são feirantes a buscar inovação do fazer jornalismo. Não basta gritar ou dar razão ao cliente; é preciso oferecer-lhe autonomia para interferir, além de degustar sem compromisso, poder transitar pelas diversas plataformas disponíveis em sua banca, essencial jornalista. Todavia, o cliente não é dono da banca nem da feira, mas sem ele, o que há?

Vale a pena ir às bancas, ruas para caminhar. Árvores construídas de palavras, outras enfeitadas de calçados, calcinhas e mangas. Saneamento mítico na maioria dos municípios, consumo estimulado, desestimulado, estimulado. Crédito, endividamento, desemprego, qualificação e lucro.

Mudanças muito mais que climáticas, Rio + 20, 30, 40, 50… as pautas são um buffet cujo serviço varia do self-service multimídia à francesa. Alguns veículos de comunicação oferecem um cardápio que tranquiliza o olhar diante do caos informacional. Eles expõem de forma precisa a vulnerabilidade dos fatos e declarações, a atrocidade do humano (da política à cultura), os hormônios no pódio, a tabela menstrual da sociedade e os focos de reação: a contra corrente do avassalador processo de urbanização; a esperança aparece entrelinhas ou estampada em páginas especiais. Reflexão também é utilidade pública e algumas pautas têm conduzido o leitor com primazia a este estado outrora naturalmente humano.

Reconhecimento e referenciamento

O leitor precisa exercer a paciência e reencontrar o gozo da busca e da persistência. No meio de tanta coisa ensebada nas livrarias e bancas, encontram-se também excelentes títulos, que são vitaminas para degustar o cotidiano. Vale a pena sair da caverna. Diante das pedras do caminho (elas existem) atire um limão n'água e não limite-se a observar a margem, os peixes ou embrulhá-los em jornal.

Os problemas criados pela redução do orçamento e das redações forçaram intensificação no inovar o fazer jornalismo. Desde a utilização das plataformas multimídia, produção integrada e colaborativa, ao estabelecimento de outras narrativas. A ordem estrutural distancia-se do /geral como um monobloco /para reconhecer o /todo como uma rede /e tratar cada ponto dessa rede como um universo à parte.

Os podcasts revigoraram o fazer rádio, os blogs fizeram uma Reeducação Postural Global nas colunas, as mídias sociais (verdadeiros catalisadores) integraram-se ao compasso dos fatos e do produzir das redações. “Tudo ao mesmo tempo; agora já passou”, como escreveu Arnaldo.

O F5 tornou-se o capataz de um frenético deadline. O conteúdo, tratado como alimento precioso e às vezes perecível, é transmitido em narrativas ora rasas, profundas, simples o complexas. Tem para tudo e para todos. Para. O processo de reconhecimento e referenciamento é fundamental para o consumidor se encontrar e respirar, mesmo debaixo d'água.

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[Rudson Vieira é jornalista, Coronel Fabriciano, MG]