O jornalista científico tem o papel social de levar a ciência para a casa das pessoas, democratizando o acesso ao conhecimento científico e um dos grandes desafios é sobre como popularizá-la. A ciência é fundamental para o desenvolvimento social e econômico da nação e sua popularização contribui para a formulação de questões e entendimento da sociedade por assuntos que dizem respeito a nossas próprias vidas.
O advento da prensa móvel no século 15 pode ter impulsionado a divulgação da ciência, pois houve maior divulgação das ideias científicas, o que as tornou disponíveis a um maior número de pessoas e também propiciou o surgimento do jornalismo científico no século 17. Mesmo com a revolução científica nos séculos 16 e 17, e consequente avanço do jornalismo científico no que tange à divulgação do conhecimento, ideias e do progresso na área da ciência, ainda há barreiras entre ciência e sociedade, uma carência de entendimento por parte da população.
A mídia é um espaço de passagem dos discursos produzidos socialmente e em relação à ciência existem certos procedimentos de exclusão, quando apenas alguns possuem o privilégio da fala, sejam cientistas ou jornalistas.
Segundo Foucault, o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar. O sistema educacional é um meio de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, é preciso haver uma educação científica que comece nas escolas do Brasil.
Apropriação do discurso
Os desafios para popularização da ciência são muitos. Ora são cientistas incomodados em conceder entrevistas sobre suas pesquisas, por considerarem que os jornalistas não conseguirão interpretá-las da maneira correta, ora são jornalistas despreparados para lidar com o tema, pois não há incentivo da academia para discussão do assunto e ainda o espaço concedido nas editorias dos jornais é insuficiente. Na grande mídia, a ciência sempre está brigando por espaço. Em alguns jornais, nem ao menos uma editoria dedicada exclusivamente à ciência existe; outro entrave é o esvaziamento do debate, pois quando o tema é tratado sempre é vinculado à saúde, curiosidade ou impacto das pesquisas.
Embora fiquem incomodados com a visão utilitária da ciência, os cientistas possuem o dever de esclarecer conceitos para a população e os jornalistas de confrontar as pesquisas, fomentar o debate. Incluir socialmente a população do domínio da difusão ampla do conhecimento científico e tecnológico, promover o debate, livre de qualquer ritual, é preciso combater formas de apropriação do discurso e da não-permutabilidade de conhecimento entre cientistas, jornalistas e sociedade.
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[Luana Luizy é jornalista, Brasília, DF]