Muitos podem autoquestionar o significado da instituição do ombudsman ou mesmo da palavra ombudsman. De origem sueca, a palavra significa que o ombudsman tem como seu significado geral ser representante do cidadão. Agora sabemos que a origem do ombudsman começou na Suécia e qual a sua principal atribuição, mas como foi o surgimento? De que forma?
Em 1713, a Suécia era uma das maiores potências mundiais e era constituída por uma monarquia cujo rei era Charles 12. Foi durante um refúgio na Turquia que Charles 12 criou o Gabinete do Supremo Ombudsman. A criação do Gabinete do Supremo Ombudsman por parte de Sua Majestade fora com o intuito de que o ombudsman recebesse as reclamações da população, investigasse essas manifestações e encaminhasse essas mesmas manifestações ao conhecimento de Sua Majestade e do governo monárquico. Sendo assim, conclui-se que o ombudsman, dentro do contexto mencionado, era uma instância de recurso entre o povo e o rei. Como ressalta o ex-ombudsman do jornal Folha de S.Paulo, jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva em uma de suas colunas intitulada “Diplomata, Não Militar”, publicada no jornal em 1º de julho de 2008, “Charles 12 era um grande guerreiro. Mas quando resolveu estabelecer o ombudsman pensou como político sobre como conciliar de forma pacífica conflitos de interesses entre os cidadãos e o Estado.”
Foi somente a partir de 1967 que a instituição do ombudsman começou a ser implantada na imprensa mundial. Nos Estados Unidos, no estado de Kentucky, cidade de Louisville, criou-se através de um jornal americano (não se tem certeza sobre qual o diário que foi o primeiro a instituir a instituição do ombudsman na imprensa ianque, o Courier-Journal ou The Louisville Times). Na Europa, o primeiro jornal a adotar a figura do ombudsman foi o diário El País, em experiência, assim como aconteceu de forma mais solidificada nos Estados Unidos com o diário The Washington Post, que também institui a função de ombudsman que mais tarde seria também adotada pelo jornal de maior prestígio mundial: The New York Times.
O mandato do ombudsman
Referente à Reunião Mundial dos Ombudsmans de 2009, perguntei a Carlos Eduardo Lins da Silva quantos ombudsmans havia nos EUA, na Europa e na América Latina e ele me respondeu: “A reunião mundial de ombudsmans de imprensa continua ocorrendo anualmente. A mais recente foi em Washington, em abril. Mais de 70 ombudsmans estiveram presentes. Cerca de 30 dos EUA. Há vários na Europa e alguns na América do Sul. No Brasil, pelo menos UOL, TV Cultura e o jornal O Povo têm ombudsmans, além da Folha”.
Baseando-se na experiência pioneira de El País, na Espanha, e do Washington Post, nos Estados Unidos, o jornal Folha de S.Paulo cria, em 24 de setembro de 1989, em experiência inédita e pioneira na imprensa brasileira e também da América Latina, a instituição do ombudsman dentro do próprio do jornal que, em 2009, completou aniversário de 20 anos desde sua criação com nove ombudsmans.
Inicialmente, o mandato do ombudsman da Folha era de um ano, podendo ou não ser renovado por um ano. Com o tempo, essa renovação depois que o Representante do Leitor cumpria seu mandato de um ano passou a poder ter renovação de mandato por mais dois anos, ficando assim um só ombudsman três anos como titular do cargo (como exemplo dos que ficaram três anos ocupando a função, os jornalistas Marcelo Leite, Marcelo Beraba, Renata Lo Prete, Bernardo Ajzenberg). O primeiro ombudsman da Folha foi o jornalista Caio Túlio Costa com primeira coluna publicada em 1989 e atualmente a ombudsman do jornal é a jornalista Suzana Singer.
É ao ombudsman que me manifesto
Uma das condições para que o jornalista seja ombudsman da Folha é que, durante o seu mandato, o profissional não pode fazer parte da Redação do jornal, garantindo ao Representante do Leitor total liberdade, imparcialidade, isenção e independência para cobrar o jornal tecnicamente positivamente ou negativamente, tanto na crítica interna que o ombudsman escreve de segunda a sexta e que circula somente na Redação da Folha ou na coluna de sua autoria publicada na edição nacional e na edição São Paulo da Folha de S.Paulo no caderno Brasil, aos domingos para conhecimento dos leitores do jornal Folha de S.Paulo.
O ombudsman da Folha representa os leitores do jornal e não a direção de Redação da Folha de S.Paulo, o que não significa que o ombudsman precise se declarar um adversário da direção do jornal para defender os leitores. Falta as excelências da Folha esse entendimento. É para o ombudsman que o leitor da Folha de S.Paulo tem que se manifestar ao conteúdo jornalístico publicado no jornal. A reclamação diretamente a mim, sinceramente não resultará em nada, a não ser troca de ideias ou para um debate jornalístico e nada mais que isso porque eu digo a vocês que quando qualquer conteúdo me agrada ou não na Folha de S.Paulo é ao ombudsman do jornal que me manifesto como leitor, mandando um e-mail para ombudsman@uol.com.br e o ombudsman da Folha encaminha minha opinião a direção de Redação da Folha de S.Paulo. Sinceramente, peço desculpas se qualquer pessoa se sentiu ofendida com o conteúdo deste texto, mas eu precisava dizer isso as excelências da Folha…
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[Diogo Molina é escritor]