Ante o lançamento de A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr., a cúpula do PSDB não disse nada. Refiro-me aos cardeais do partido. José Serra, FHC e Aécio Neves. De outro lado, a grande mídia mantém o mesmo comportamento. É o dito pelo não dito. Está suspenso. A obra deveria ser leitura obrigatória para todos nós. É um trabalho sério de um jornalista e pesquisador exímio. O leitor tem à sua disposição um amplo levantamento documental que comprova as teses do autor. Ele nomeia os bois.
O silêncio dos tucanos e parte da grande mídia – eletrônica e impressa – é revelador. Afinal, jornalismo existe para garantir o direito à informação. Ou melhor, levantar os negócios da trapaça, erguer o muro de pedra que envolve os bastidores das privatizações do governo FHC e contar essa história. Isso vale para qualquer governo e partido político. Se as informações contidas no livro são falsas, é dever moral dos tucanos contestá-las. Desmenti-las.
De outro lado, é absurdo que a mídia ignore a existência da obra e espere a temperatura baixar. Rede Globo. Por quê? Esse comportamento da Globo é recorrente. Ante a grita das ruas e praças pelas Diretas Já, em 1984, o canal ignorou o que ocorria fora dos muros palacianos. Quando deu destaque, todos já sabiam.
O fato é que não se pode negar que o livro atinge os tucanos. Tem mais: é inadmissível dizer que a obra é lixo. É estrábico quem pensa que o eleitor é inocente como outrora. Os tempos mudaram. Afinal de contas, quem não se incomoda com negócios escusos, trapaças, esquemas de enriquecimento ilícito e a dilapidação do patrimônio público?
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[Ricardo Santos é professor de História, São Paulo, SP]