Em 1988, quando a gráfica recebeu a imagem da capa de novembro da Vogue americana– a primeira sob o comando da editora Anna Wintour –, os responsáveis telefonaram ao escritório de Manhattan porque acharam que tinha havido um erro. A modelo estava de jeans, o que nunca havia acontecido antes. Anna confirmou que a foto estava certa e, nos próximos 23 anos, muitas outras polêmicas inovações editoriais viraram grande sucesso na revista, que tem 119 anos de história.
Na semana passada, a Vogue deu mais um passo inovador. Cada página de todas as edições americanas, desde o lançamento em 1892, foram colocadas na rede, em um arquivo com sistema de busca. O preço, no entanto, é salgado: a assinatura anual custa US$ 1.575 (o equivalente a quase US$ 3 mil).
Os que pagarem este valor poderão pesquisar 400 mil imagens por critérios como data, marca, estilista, fotógrafo e modelo. É possível, por exemplo, buscar por todas as imagens de Kate Moss vestindo Alexander McQueen e fotografadas por Mario Testino – o que levaria semanas se a busca fosse feita em arquivo de papel.
A ferramenta é destinada a profissionais de design. Uma versão limitada deve estar disponível para assinantes em 2012. A importância estratégica vai além dos lucros com assinaturas. “Trata-se da [editora] Condé Nast mostrando o que a marca Vogue pode ser”, diz Douglas McCabe, analista de mídia da Enders Analysis. “Não há muitas outras que podem copiá-la”.
O projeto de dois anos para criar um arquivo online é um sinal de que a indústria da moda está cada vez mais focada no futuro digital. A Condé Nast já tem 50 aplicativos para smartphone e tablet, com mais de sete milhões de downloads. O banco de dados refletirá não apenas o status da Vogue, mas da moda em si. “Uma grande foto de moda reflete seu tempo, assim como uma manchete do New York Times”, comparou Anna Wintour. Informações de Jess Cartner-Morley [The Guardian, 16/12/11].