Uma radiografia do ensino de jornalismo. É essa a proposta do site Jornalismo em Classe, criado pelos alunos de graduação da Escola de Comunicações e Artes sob a coordenação do professor Eugênio Bucci. O trabalho, parte das atividades da disciplina de Jornalismo Online, monta um dossiê sobre o tema ao abordar a formação dos jornalistas nas Américas e na Europa. Na pauta, estão os currículos das principais instituições nos dois continentes, o perfil do jornalista formado e suas perspectivas de atuação profissional.
O dossiê está dividido em quatro grandes áreas geográficas – Brasil, América Latina e Países Ibéricos, América do Norte e Europa – e conta com depoimentos de profissionais do calibre de David Klatell, diretor do programa de pós-graduação em jornalismo da Universidade Columbia, e Rosental Calmon Alves, do Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, em Austin.
Jornalista e assessores
Embora o foco do estudo esteja na formação universitária, ganham destaque os diferentes caminhos que levam os profissionais às redações. Na França, por exemplo, não há obrigatoriedade do diploma e a formação em jornalismo, em geral, se dá no nível da pós-graduação – o jornalista cursa uma graduação em diferentes áreas do conhecimento para, então, especializar-se. Essa especialização, no entanto, não é obrigatória, o que não exime o profissional de certas exigências: para ser jornalista, é preciso que ele passe por um estágio de dois anos em uma redação, caso não faça a pós-graduação na área.
Na maioria dos países da América Latina, ao contrário, os jornalistas formados buscam cursos de graduação semelhantes aos brasileiros. A obrigatoriedade do diploma, ainda vigente em boa parte dos países da região, não impede, no entanto, que profissionais com outras formações atuem em jornais.
O dossiê chama atenção para as relações entre o jornalismo e a atividade de assessoria de imprensa ou relações públicas. Enquanto em países como a França o exercício das duas atividades é tido como incompatível, em países como Brasil e Chile as distinções na formação e na atuação desses dois profissionais são nebulosas. Além disso, em diversos países da América Latina e também em Portugal, é comum que boa parte dos egressos dos cursos de jornalismo assuma postos em empresas de Relações Públicas – no Chile, esse número chega a 35% dos formados.
Concebido como um trabalho fechado, o site não receberá atualizações. O dossiê está disponível aqui.
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[Rafael Ciscati é estudante de Jornalismo da ECA-USP]