Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fotógrafo, editor e uma referência moral

Os fotógrafos que o paulistano João Bittar Neto ajudou a formar, quando clicavam, sempre pensavam o que ele teria feito naquela situação. Era considerado uma referência moral da profissão.

A sensibilidade aplicada no fotojornalismo ajudou também na condução de equipes, em muitas redações. Tanto de revistas quanto nos jornais. O início da carreira data de 1967 no laboratório da Editora Abril. Emprestou seu olhar para leitores de Exame, Placar, Quatro Rodas e Veja. Nos anos 1970, rodou parte do mundo para estudar e chegou a viver uma época em Olinda (PE).

Em 1985, resolveu trilhar um caminho mais independente ao criar a agência Angular Fotojornalismo, mas manteve laços com publicações. Na Folha, começou como fotógrafo, em 1984, e, após outros trabalhos, tornou-se editor, em 1994. Foi um dos responsáveis por implantar o então pioneiro processo de digitalização fotográfica no jornal. Trabalhou ainda em Istoé, Contigo, Quem, Época e Gazeta Mercantil.

Foto histórica

Querido no meio, era considerado pelos amigos uma pessoa gentil e com um acurado gosto musical. A partir do lema “é impossível fazer fotojornalismo sem caráter”, fez fotos históricas. Como a do operário Luiz Inácio Lula da Silva, de camiseta levantada, apontando para o próprio umbigo. Passou a profissão para uma das filhas, Thays, 21 (teve ainda André, 23, e Marina, 30), e era casado com uma fotógrafa, Heloisa Ballarini, 42.

Morreu ontem [18/12] após infarto fulminante e parada cardiorrespiratória, aos 60. Será cremado hoje [19], na Vila Alpina.

Veja também

João Bittar, lições de fotojornalismo [vídeo]

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[Eduardo Geraque, da Folha de S.Paulo]