Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

CPJ divulga lista de jornalistas mortos em 2011

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas [20/12] divulgou, na semana passada, sua lista anual com as mortes de jornalistas nos últimos 12 meses. A pesquisa de 2011 encontrou mudanças significativas: o número de assassinatos diminuiu, enquanto o de mortes durante coberturas em regiões e situações perigosas atingiu o maior nível já registrado. A taxa de mortes de fotojornalistas e cinegrafistas – profissionais normalmente mais vulneráveis em coberturas de risco – foi duas vezes maior que a média histórica.

Pelo menos 43 jornalistas foram mortos em todo o mundo por ligação direta com seu trabalho durante o ano de 2011. O Paquistão é, pelo segundo ano consecutivo, o país com o maior número de jornalistas mortos – são sete no total. Iraque e Líbia contabilizaram cinco mortes; e o México teve três. O CPJ investiga outras 35 mortes de profissionais de imprensa para determinar seu motivo. Em 2010, foram listados 44 jornalistas mortos em incidentes relacionados ao trabalho.

Este ano, 16 jornalistas morreram em missões consideradas perigosas, muitos enquanto cobriam confrontos entre manifestantes e policiais nos protestos contra ditadores do mundo árabe, que tiveram início em dezembro de 2010. O fotógrafo egípcio Ahmad Mohamed Mahmoud foi morto quando registrava um protesto no Cairo, e o cinegrafista do Iêmen Hassan al-Wadhaf, quando cobria manifestações anti-governo na capital Sana. “Jornalistas que trabalham neste ambiente não correm menos perigo do que correspondentes de guerra em conflitos armados”, resume o jornalista Ahmed Tarek, da agência de notícias egípcia Middle East News Agency, que foi atacado por policiais quando cobria protestos na cidade de Alexandria.

Assassinatos em queda

Foram registrados 19 assassinatos de jornalistas em 2011 – o menor número desde 2002. Normalmente, assassinatos encomendados são responsáveis por quase três quartos das mortes de jornalistas, mas este ano corresponderam a menos da metade do total. O CPJ chama a atenção para crimes deste tipo em países como Rússia e Filipinas, que têm longo histórico de violência contra a imprensa.

Oito jornalistas morreram em situações de combate, grande parte durante a revolução líbia. Entre eles estão os fotojornalistas Chris Hondros e Tim Hetherington, vítimas de um morteiro na cidade de Misrata, e o cinegrafista da al-Jazira Ali Hassan, atingido por tiros perto de Benghazi por soldados leais a Muammar Qaddafi. Fotógrafos e cinegrafistas representam cerca de 40% do total das mortes deste ano.

Oito jornalistas online foram mortos por ligação com seu trabalho – entre eles a mexicana Maria Elizabeth Macías Castro, decapitada na cidade de Nuevo Laredo. Junto a seu corpo, os assassinos deixaram um bilhete anunciando que ela havia sido morta por sua atuação nas mídias sociais. Mohammed al-Nabbous, fundador do site independente Libya Al-Hurra TV, morreu quando cobria uma troca de tiros em Benghazi – ele transmitia o áudio ao vivo quando foi atingido.

No Brasil, o CPJ contabilizou duas mortes confirmadas – a do cinegrafista Gelson Domingos, atingido por um tiro durante um confronto entre policiais e traficantes no Rio de Janeiro; e a do jornalista Edinaldo Filgueira, assassinado em Serra do Mel, Rio Grande do Norte.