A coluna de 28/3/04 de Daniel Okrent, editor público do New York Times, tratou das diferenças entre as notícias e os artigos de opinião. ‘Colunistas opinativos deveriam estar sujeitos às mesmas políticas de correção que governa o trabalho de qualquer outro redator do Times?’, questiona o ombudsman logo na introdução da coluna.
Para as seções noticiosas, as regras são a favor da publicação de correções em espaço exclusivo para isso. No entanto, as normas não existem – ou não estão claras – para a seção opinativa do jornalão. As únicas restrições dizem respeito a ‘legalidade, decência e paciência do publisher Arthur O. Sulzberger Jr.’, explica Okrent. ‘Os próprios colunistas decidem se querem publicar correções em suas colunas’.
A discussão foi causada por acaloradas cartas que chegaram a Okrent a respeito de comentários de colunistas renomados, como Paul Krugman. Dias atrás, a editora da página de editoriais do Times, Gail Collins, emitiu um memorando ao ombudsman, conforme este lhe pedira. O documento oferece a visão de Gail e seu chefe, Sulzberger, responsável último pela contratação e demissão de colunistas. Gail explica porque colunistas devem ter liberdade de opinar, mas insiste que ‘precisam estar factualmente corretos’. ‘Se um deles comete um erro, deve corrigir imediatamente na própria coluna’. As correções, sob essa nova regra, devem vir ao pé do artigo seguinte, ‘para aumentar as chances de serem vistas por todos os leitores’.
Quem, porém, tem o poder de julgar se os fatos que os colunistas trazem estão bem apurados? Como a esta dúvida não há resposta suficientemente abrangente, Okrent às vezes acha que ‘artigos de opinião deveriam ter um aviso: ‘O conteúdo a seguir é somente a opinião do autor, embasada em dados que não escolhi incluir’’. Para o ombudsman, é absolutamente necessária uma política de correções. Dado o tom subjetivo das colunas, o trabalho é espinhoso. ‘Tudo o que é indiscutivelmente impreciso deve ser corrigido: não há opinião protegida que sustente que o sol nasce a oeste’, diz Okrent.
Para ele, a decisão de Gail de regrar as correções em colunas opinativas é um grande progresso, mas mais importante é seu senso de responsabilidade. ‘É minha obrigação garantir que nenhum fato equivocado passe sem correção na página de editoriais’, disse a editora.
‘Nos próximos meses’, afirma Okrent, ‘espero que as correções de colunistas se tornem um pouco mais freqüentes e bem mais explícitas do que no passado’.