O que é jornalismo de qualidade? Em uma pesquisa pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, o jornalista Jarmo Raivi, que trabalha na revista semanal finlandesa Suomen Kuvalehti, avalia se o “jornalismo de qualidade” pode, de certo modo, “salvar” os jornais impressos. O problema descoberto por ele é que não há, nem na literatura acadêmica nem entre os jornalistas que praticam a profissão, um consenso sobre a definição de jornalismo de qualidade.
Intitulada Quality Journalism: The View from the Trenches (Jornalismo de qualidade: a vista das trincheiras, em tradução livre), a pesquisa tenta examinar o que as pessoas que trabalham na mídia impressa pensam sobre o que compõe o jornalismo de qualidade e contrastar os pontos de vista de diferentes personagens do campo jornalístico sobre o assunto. Para tanto, Raivi fez duas séries comparativas com o material reunido de 14 entrevistas. A primeira é entre dois países diferentes: Finlândia e Inglaterra. A segunda, entre diferentes tipos de veículos impressos – os jornais no formato tabloide (foram estudados o The Sun e o Iltalehti), os jornais tradicionais (Financial Times e Helsingin Sanomat) e as revistas de notícias semanais (The Economist e Suomen Kuvalehti). Foram entrevistados os editores-chefes dos três veículos finlandeses, o editor-executivo do Sun e os editores das edições europeias do FT e da Economist. Também foram entrevistados outros jornalistas – como repórteres, correspondentes e colunistas – muito ou pouco experientes.
Precisão
Entre as conclusões, estão a de que o “jornalismo de qualidade” é definido, em grande parte, em termos práticos. Quase 90% das declarações sobre o tema feitas nas entrevistas tratavam dos aspectos mais práticos do jornalismo, como precisão e boa escrita; enquanto aspectos teóricos como “os princípios dos jornalismo” foram menos mencionados. O aspecto mais citado sobre o jornalismo de qualidade foi a precisão – e mesmo ela é problemática: uma matéria pode ser precisa, mas ainda assim não ser considerada jornalismo de qualidade, ou seja, não é suficiente apresentar as informações corretamente.
O mesmo acontece com a “boa escrita”, outro aspecto bastante citado. Um artigo pode ser bem escrito, mas será considerado ruim se a informação contida nele não for precisa e confiável. Mais ainda: um texto pode não ser tão bem escrito, mas ser considerado jornalismo de qualidade se tiver informações novas e relevantes, por exemplo. Desta forma, nota-se que o termo “jornalismo de qualidade” é bastante elástico – ao ponto de, muitas vezes, perder o significado. Para acessar o estudo completo (em inglês), clique aqui. Informações do Reuters Institute for the Study of Journalism [16/12/11].