Uma pérola a mais foi lançada na coroa que orna o ódio da elite pelo PT. Desta vez pela cadeia estadual da TV e Rádio Cultura do Pará, num programa apresentado pelo diretor-presidente da Funtelpa, que dirige as emissoras ligadas ao governo do estado, governado por Simão Jatene (PSDB). O dono do petardo foi o filho do médico Almir Gabriel, ex-governador do Pará – o cantor e compositor Almirzinho Gabriel. O programa, Cultura In Concert, é transmitido às sextas-feiras para todo o Pará.
O filho do autor da principal obra de reforma agrária realizada pelo PSDB, o Massacre de Eldorado, que ano que vem completa a primeira década de impunidade, com todos os envolvidos em liberdade, lançou a seguinte frase no ar: ‘Tá na hora de mandar essa raça toda para o inferno. Sugiro que eles possam ficar em nossa cadeia aqui fazendo bolas de futebol. Quero ver o Zé Dirceu fazendo bola e comendo tapioquinha’.
Canto na cela
Em tese, à TV Cultura cabe o caráter de educativa, semeadora de debates, respeito à diferença. Pior do que a infeliz frase do dito compositor foi o endosso do diretor-presidente da emissora e apresentador do programa, o Sr. Ney Messias Jr., ao afirmar que adoraria jogar uma pelada com bola feita pelo deputado José Dirceu. O mesmo diretor da Funtelpa é o dono da voz que faz a propaganda do governo estadual. Há algo de antiético nisso?
O convênio entre a Funtelpa e a TV Liberal, pelo qual a fundação é obrigada a pagar à emissora privada a retransmissão de sua programação, é denunciado há anos pelo editor do Jornal Pessoal, o jornalista Lúcio Flávio Pinto [ver remissão abaixo]. É possível acreditar-se em alguma medida punitiva pelo uso de emissora direcionada à educação na pregação do ódio à diferença? Haverá um canto na cela do presídio, como sugere o compositor para os militantes do PT, para os responsáveis pelo Massacre de Eldorado?
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Colaborador do MST-PA, mestrando do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará