Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Veja obrigada a desmascarar seu informante

O depoimento de Vladimir Poleto na última quinta-feira (10/11) na CPI dos Bingos poderia abalar a República. No máximo abalou mais um pouco a imagem de Veja.


Além de desmoralizar-se, o ex-assessor do ex-prefeito Antonio Palocci, de Ribeirão Preto (SP), escancarou a temeridade de basear uma denúncia que poderia resultar na anulação das eleições de 2002 em depoimentos de figuras tão suspeitas e tão carentes de credibilidade.


Poleto foi à CPI com a missão de avacalhar-se. Conseguiu. E, de quebra, avacalhou quem ingenuamente apostou todas as suas fichas nas suas declarações (e do companheiro Rogério Buratti).


A desfaçatez com que desmentiu na CPI o depoimento que dera ao semanário da Editora Abril consagra-o definitivamente como charlatão e embusteiro. Era exatamente o que queria: primeiro assustou o governo, depois voltou atrás e, agora, aguarda uma retribuição pelos serviços prestados. Entre os quais, o de abalar a reputação de Veja.


Na sua edição 1931 (a terceira da série), o semanário não teve o que dizer. Obrigada a desmascarar com indignação aquele que foi um dos pilares da sua denúncia, Veja estava servindo àqueles que não acreditaram na sua acusação.


Quanto pior a fama da dupla Poleto & Buratti pior será para Veja. Supõe-se que jornalistas devem ter faro e acuidade para aquilatar o caráter e as intenções dos seus informantes. Foram ludibriados e tiveram que admiti-lo em público.


Por isso, numa edição que poderia apresentar uma estrondosa confirmação das suas denúncias, os editores da revista não tiveram outra alternativa senão a de confessar em duas mirradas páginas que confiaram num tipo inconfiável. ‘Desmascarado ao vivo’ foi o título da matéria. No plural, seria mais exato.