Com o início do processo de disputa à presidência dos EUA, a emissora de TV NBC News começou a fazer pesquisas com o público para saber seus temas de interesse e preocupação. O inusitado é que elas não estão sendo feitas por telefone, mas sim pelo Facebook. A ação, que é parte de uma parceria mais ampla entre a NBC e a rede social, inclui um debate republicano co-patrocinado no programa Meet the Press, cujas perguntas foram feitas via Facebook. O debate também foi transmitido online, ao vivo, por meio de uma janela na rede social.
No entanto, a iniciativa pioneira levanta uma questão básica: é possível conduzir uma pesquisa de opinião válida cientificamente por meio de uma rede social? Até agora, a pesquisa na internet tem sido um solo improdutivo para “validade externa” – a habilidade de afirmar que respostas de um grupo pequenorepresentam de maneira precisa o ponto de vista da população total. As pesquisas que ficam geralmente no lado direito de muitos sites nem se aproximam da “validade externa” e são chamadas por especialistas em pesquisa de “slop” (“self-selected opinion polls”, pesquisas de opinião autoselecionadas, na tradução livre, e também um trocadilho para lavagem dada a porcos). “Os entrevistados que se oferecem para participar em tais pesquisas tendem a ser mais extremos ou então muito diferentes em seus pontos de vista”, afirmou a Associação Americana para Pesquisa de Opinião Pública.
Ryan Osborn, diretor de mídia digital da NBC News, e o Facebook explicam que a pesquisa é oferecida apenas para uma amostra pré-selecionada de usuários que estão em idade eleitoral, com amostras separadas de moradores de Iowa, New Hampshire (onde estão sendo realizadas as primeiras primárias para a escolha do candidato republicano) e do resto do país. Usuários selecionados veem a pesquisa no lado direito da página do Facebook, sem qualquer marca da NBC News, para evitar que sejam influenciados pelo fato de o resultado aparecer na TV. Além disso, a pesquisa pede aos usuários que escolham o tema da campanha mais importante a eles – que é uma pergunta menos complicada do que sobre qual candidato apoiam. Por fim, a pesquisa circulou durante três períodos curtos e separados ao longo de alguns meses. Os resultados são tabulados por idade e gênero.
Há, entretanto, algumas limitações nas pesquisas no Facebook que as tornam menos confiáveis do que as tradicionais. Uma é que o Facebook tem acesso a dados como idade e gênero de seus usuários, mas nem sempre sabe sobre etnia ou afiliação política – que podem ser questionadas em uma entrevista por telefone. A pesquisa na rede social também tem limite de extensão. Por telefone, os pesquisadores podem alternar a ordem das perguntas ou o modo como elas são feitas, para evitar respostas tendenciosas. Além disso, o Facebook é apenas uma rede social fechada que não atinge toda a população. Informações de Jeff Sonderman [Poynter, 6/1/12].