O governo da China tem exercido pressão sobre o grupo editorial Nanfang, sediado na cidade sulista de Guangju, conhecido por produzir um jornalismo inovador, que não se curva tanto ao ambiente repressivo da ditadura no país. Em março, o vice-editor-chefe e editor-administrativo, Yu Huafeng, e o ex-editor Li Minying, do diário chinês Nanfang Dushi Bao, foram condenados a 12 anos e 11 anos de prisão, respectivamente, por peculato e aceitação de propina. O editor-chefe do jornal, Cheng Yizhong, também chegou a ser preso sob acusação de corrupção. Além do Nanfang Dushi Bao, o grupo Nanfang tem também um semanário, que é o mais lido da China. Nos últimos anos, suas publicações têm feito matérias que desagradaram ao regime, tratando de temas como violência policial, o dano ambiental causado pela construção da represa das Três Gargantas – que será a maior do mundo, desbancando a brasileira Itaipu – e o desenrolar da epidemia de Sars.
De acordo com The New York Times [15/4/04], os funcionários do Nanfang Dushi Bao não falam publicamente sobre a perseguição que estariam sofrendo. Mas, em off, revelam que existe uma atmosfera de medo no diário. Ao mesmo tempo, demonstram orgulho do resultado de seu trabalho pelo aspecto jornalístico e também comercial, porque a economia chinesa está sendo liberalizada e a competição entre os jornais é grande. Apesar de a maioria deles ainda pertencer oficialmente ao Estado, apenas alguns seguem recebendo subsídios do governo. Reportagem do Financial Times [14/4/04] noticia que um sítio de internet, ainda não censurado, publicou o que seus autores consideram ser injustiças cometidas pelas autoridades com o Nanfang. Junto, há mensagens de diversos jornalistas e acadêmicos contra as condenações dos funcionários do grupo.