Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Críticos apontam inconsistências do Inquérito Leveson

O escândalo dos grampos telefônicos que levou ao fechamento do tabloide News of the World, seis meses atrás, deu origem ao inquérito Leveson, aberto a pedido do primeiro-ministro David Cameron para avaliar o estado da imprensa britânica e buscar soluções para os problemas encontrados. O inquérito organizou seminários com profissionais da imprensa, e, desde o fim do ano passado, começou a ouvir depoimentos de pessoas que já foram prejudicadas pela invasão de privacidade da mídia sensacionalista e de editores de jornais.

Mas alguns dos depoimentos, alerta artigo do professor de jornalismo Roy Greenslade no Guardian [11/1], deram início a especulações sobre as inconsistências do inquérito. O depoimento do editor do tabloide The Sun, Dominic Mohan, por um dos conselheiros do Leveson, foi brando demais, apontaram alguns críticos – Greenslade afirmou que parecia mais uma beatificação do que um interrogatório. Também em artigo no Guardian, Dan Sabbagh lembrou que Mohan não foi nem ao menos questionado sobre uma reportagem de 2006 em que o tabloide revelava que o filho do então primeiro-ministro Gordon Brown tinha fibrose cística. O Sun pertence à News Corporation, que também era dona do News of the World. Os conselheiros também teriam pegado leve com Tony Gallagher, editor do Daily Telegraph, conduzindo um interrogatório bem rápido.

Por outro lado, o depoimento do editor Lionel Barber, do Financial Times, durou mais de uma hora e meia. Peter Wright, do Mail on Sunday (e membro da Press Complaints Commission) também enfrentou um longo e aprofundado interrogatório. Greenslade questiona por que Mohan, do Sun, e Gallagher, do Telegraph, escaparam do mesmo tipo de análise. Afinal, eles editam os dois jornais mais vendidos em suas respectivas áreas.