Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A crítica sobre a cobertura de protestos

Leitores frequentemente escrevem para o ombudsman do Washington Post, Patrick B. Pexton, para reclamar que o jornal cobre inadequadamente os protestos na capital americana, contou ele em sua coluna [13/1/12]. Para eles, um dos aspectos mais básicos da democracia é algo que o jornal deve cobrir mais. Se pessoas de todo o país estão insatisfeitas o suficiente para organizar, viajar e conseguir permissão para protestar, Pexton acredita que isso seja tema de interesse jornalístico.

Nos últimos meses, a cobertura do movimento Occupy Wall Street – em especial o Occupy D.C, na praça McPherson (que não tem permissão das autoridades), e o da praça Freedom (que tem) – foi bastante criticada. Desde que o movimento começou em Nova York, em setembro, e foi para Washington, no mês seguinte, Pexton recebeu muitas cartas – dos leitores de direita, alegando que a cobertura era muito extensa, bajuladora e pouco focada no fato de que, pelo menos na praça McPherson, era ilegal e desorganizado; e dos da esquerda, que afirmaram que a cobertura era esparsa, negativa e assumia o ponto de vista policial.

O tema apresenta desafios, tendo em vista que não é um movimento típico, no qual os manifestantes se reúnem, protestam e vão embora. Além disso, ele é propositalmente sem líderes. Não há um porta-voz. Há um objetivo – amplamente falando, justiça econômica para os chamados 99% da população americana –, mas não há um plano concreto. Apenas esporadicamente há eventos pontuais para cobrir. Poucas pessoas ficam acampadas – menos do que 150 –, mas pessoas de todo o país, e até de outros países, compartilham as preocupações dos manifestantes e seguem o movimento atentamente.

Regularização

O objetivo dos manifestantes é ocupar, ser visto e incomodar, a fim de lembrar às pessoas que, na visão deles, as instituições econômicas do país são voltadas para os ricos e poderosos. Os manifestantes se veem como vencedores, simplesmente por ocupar. Quando chegaram à capital, em outubro, a cobertura do Post era inicialmente desorganizada, diz o ombudsman. Katie Rogers, da editoria local, escolheu uma barraca e passou a noite com os manifestantes. A blogueira Elizabeth Flock, do BlogPost, fez com os manifestantes todo o caminho de Nova York até Washington. A seção de estilo publicou uma coluna sobre arquitetura urbana e os acampamentos. Em dezembro, a repórter Annie Gowen e dois editores foram designados a supervisionar a cobertura e, assim, ela melhorou.

Agora, há atualizações regulares no jornal impresso e na versão online sobre problemas com ratos, um bebê deixado sozinho em uma barraca, sexo nos locais públicos e procedimentos na corte que podem decidir quanto tempo mais os manifestantes podem ficar nos acampamentos. Todas as questões sobre o movimento estão tentando ser respondidas pelo Post, observou a subeditora Jane Elizbeth. “Este é um protesto atípico, que vai além da política e se torna pessoal e local. Como o movimento impacta as políticas, orçamento, turismo, segurança da capital? Como os manifestantes lidam com o inverno? Trabalhamos duro para responder a estas perguntas e dar contexto e relevância aos leitores”, explicou ela.