’14/11/2005
A saída do governo do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, é o principal assunto desta segunda-feira. O jornai ‘Valor’ dá como certa a saída do ministro: ‘Governo discute sucessão de Palocci’. Segundo o texto da primeira página do jornal, a ‘frágil situação’ do ministro ‘não tem recuperação’. A manchete interna é mais enfática: ‘Governo já discute sucessão de Palocci’. O ‘Globo’ informa que o presidente Lula já começa a pensar em nomes para a substituição: ‘Planalto já avalia alternativa a Palocci’. A Folha, que ontem informou que o senador Aloizio Mercadante é ‘opção’ no caso de substituição, hoje revela o que seria a estratégia do governo para enfrentar este front da crise: ‘Lula prepara fala pró-Palocci e pede trégua à oposição’. O ‘Estado’ não colocou o assunto na manchete. Seu principal destaque é a ação do governo criando condições de investimentos: ‘Governo libera mais US$ 1,2 bi para obras de infra-estrutura’. Quanto ao ministro da Fazenda, o jornal informa que ‘Lula vai usar discursos para defender Palocci’. E o ‘Zero Hora’ pergunta: ‘Até onde Palocci suporta a pressão?’.
As revistas também trataram da frágil situação do ministro da Fazenda:
‘Veja’ – ‘Fecha-se o cerco contra Palocci’.
‘Época’ – ‘O ministro que perdeu o encanto’.
‘IstoÉ’ – ‘A volta do fogo amigo’.
Ilustrada
A reportagem ‘Ano do Brasil na França foi ‘milagre’ (pág. A10 da Edição Nacional), tradução do ‘Le Monde’, exigia uma complementação da Redação da Folha. Há informações que deveriam ter sido confirmadas com o governo brasileiro e há uma acusação grave – a de que a mostra de Arturo Bispo do Rosário teria sido cancelada porque o diretor do museu no Rio pedia uma comissão – que foi publicada sem o devido ‘Outro lado’. Não fica claro se esta comissão era uma cláusula normal de ajuda ao museu ou se uma propina. Pela importância que o jornal deu ao longo do ano para o evento na França e pelas informações veiculadas ontem, a Folha deveria – e deve – esclarecer melhor o assunto.
Cotidiano
Não consigo entender o critério jornalístico que decide dar mais importância a mais um caso de arrastão em prédio de luxo de São Paulo do que à imolação do ambientalista em Mato Grosso. A morte de Francisco Anselmo, manchete da Edição Nacional do caderno ‘Cotidiano’ (‘Ambientalista morre após protesto em MS’), virou o segundo assunto da Edição SP, abaixo do título ‘Quadrilha faz arrastão em prédio de Moema’.
O ato extremo do ambientalista deveria provocar uma grande discussão sobre o que ocorre em Mato Grosso. E vai exigir do jornal o mesmo esforço para entender e explicar para os seus leitores o projeto de instalação de destilarias que teve de fazer com o projeto de transposição do rio São Francisco. São temas complexos, polêmicos, e que exigem do jornal um trabalho mais profundo e cuidadoso do que o normal.
O ambientalista chamou a atenção para um problema. Cabe ao jornal expô-lo com clareza para os seus leitores.
Mônica Bergamo
A coluna faz referência, na nota ‘Brasil na França’, à ‘capital carioca’. Se quis se referir ao Rio, o certo é capital fluminense.’