Reality show é uma das poucas categorias da televisão em que inovações nem sempre são bem vindas. O público americano, costumaz fã do gênero, ficou surpreso e até indignado com o que foi nunciado como mais um show de realidade, bizarro e até ofensivo.
No dia 23/4, John Stossel e Barbara Walters, âncoras do programa 20/20, da ABC, comentaram um especial de uma hora sobre adoção de bebês que a emissora transmitiria na semana seguinte. Na propaganda promocional, ficou subentendido que se tratava de um reality show envolvendo o assunto, o que executivos da ABC depois negaram, dizendo ser uma reportagem responsável, e não algo como ‘Vamos Competir por um Bebê’. O programa, segundo Bill Carter [The New York Times, 28/4/04], seguirá uma mãe de 16 anos que terá de escolher entre cinco casais dispostos a adotar seu filho.
O grande problema dessa edição do 20/20, chamada ‘Seja Meu Bebê’, foram as dúvidas que os anúncios promocionais levantaram. Ao discutirem o programa, Stossel e Barbara, descreveram-no de forma diretamente relacionada a ‘shows de realidade’. ‘Barbara trará a vocês o que talvez seja chamado de o mais novo reality show’, disse Stossel aos telespectadores. ‘Enquanto você assiste, uma adolescente grávida escolherá um entre cinco casais para ficar com seu bebê’. Barbara ainda comparou o programa com os reality shows The Bachelor ou The Bachelorette, em que um homem ou uma mulher escolhe, entre dezenas de pessoas do sexo oposto, com quem quer casar.
A emissora garantiu que não há competição entre casais. ‘Trata-se da crônica de um processo que ocorre todos os dias no país’, disse Jeffrey Schneider, porta-voz da ABC. ‘Nós, como jornalistas, estamos apenas inserindo uma câmera’.
Mea culpa
Após gerar protestos de diversos grupos pró-adoção americanos, a âncora Barbara Walters pediu desculpas e disse que o termo que pesou na promoção do programa foi ‘competição’. Falando ao programa The View, no dia 28/4, afirmou que ‘promoções devem fazer com que você queira assistir [aos programas]… Às vezes são um pouco exaltados e nós erramos’. Com informações de Peter Johnson [USA Today, 29/4].