Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Murdoch paga US$ 1 milhão em indenizações

O império de mídia de Rupert Murdoch pediu desculpas e concordou, ontem, em pagar indenizações em dinheiro a 37 pessoas, entre elas uma estrela de cinema, um jogador de futebol, um importante político britânico e o filho de um serial killer. Todos foram intimidados e tiveram seus telefones grampeados por tabloides de Murdoch. Os quatro – Jude Law, Ashley Cole, John Prescott e Chris Shipman – estão entre as três dúzias de vítimas que receberam indenizações financeiras do braço jornalístico britânico do grupo News Corp., de Murdoch, por escutas ilegais e outros tipos de intrusão, inclusive quebra de sigilo de e-mails.

Os detalhes financeiros de 15 pagamentos, totalizando mais de 640 mil libras (cerca de US$ 1 milhão), foram divulgados ontem, em uma audiência. Em média, as indenizações são de dezenas de milhares de libras – embora Law tenha recebido 130 mil libras (cerca de US$ 200 mil), além dos custos legais, para arquivar queixas contra o agora extinto News of the World e seu tabloide irmão, The Sun. Law foi uma das 60 pessoas que processaram os jornais do News Group Newspapers, de Murdoch, alegando que suas mensagens de voz de celular haviam sido grampeadas.

Esse foi o maior conjunto de acordos anunciado até agora em relação ao escândalo de grampos telefônicos e de e-mails que abalou o império de Murdoch, provocou a demissão de vários de seus altos executivos e repercutiu entre os meios políticos, policiais e da mídia britânica. O enorme número de acordos judiciais é consequência das revelações de escutas telefônicas e outras táticas ilegais praticadas pelo jornal News of the World, cujos jornalistas rotineiramente interceptavam mensagens de voz de celebridades, em uma busca incessante por furos jornalísticos.

Luta contra o império de Murdoch não terminou

Murdoch encerrou em julho as atividades do jornal de 168 anos em meio a uma onda de indignação pública diante da invasão da caixa de mensagens de correio de voz da então desaparecida Milly Dowler, de 13 anos de idade, que mais tarde foi encontrada morta. Mais de uma dúzia de ex-funcionários de Murdoch foram detidos pela polícia. Uma investigação determinada pelo governo e criada na esteira do escândalo está atualmente avaliando a ética dos meios de comunicação britânicos e suas ligações com altas autoridades policiais e políticos.

Os acordos anunciados ontem (18/01) correspondem a mais de metade dos processos envolvendo grampos telefônicos que têm como ré a companhia de Murdoch, mas o número estimado de vítimas é de centenas. Mark Lewis, advogado de várias vítimas, afirmou por e-mail que a luta contra o império de Murdoch não terminou.

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[Jill Lawless, da Associated Press, de Londres]