Friday, 20 de September de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1306

Owen Gibson

‘Os jornais britânicos formato standard The Times e The Sunday Times anunciaram prejuízos de 28,65 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 153 milhões) – número que, se prevê, aumentará ainda mais depois do lançamento da versão em tablóide do título diário.

A preparação do presidente da News Corp., Rupert Murdoch, para subsidiar os títulos ficou clara anteontem, quando a divisão que opera os jornais apresentou contabilidade mostrando que as perdas na Times Newspapers Ltd.

subiram para 28,65 milhões de libras esterlinas no período de 12 meses concluído em junho de 2003.

Os prejuízos da TNL serão quase com certeza ainda mais altos neste ano, depois de Murdoch ter dado luz verde, em novembro passado, a uma edição do Times em tablóide.

Segundo estimativas do setor, a TNL está gastando cerca de 12 milhões de libras (cerca de R$ 64 milhões) promovendo o tablóide e cobrindo o custo extra de duas edições, assim como pagando jornaleiros para que ofereçam ambas as versões e subsidiando anunciantes para compensar o tamanho menor das páginas. O lançamento, neste ano, do CD-ROM interativo mensal The Month para acompanhar o Sunday Times também deverá afetar o balanço.

O Times não obteve o mesmo sucesso que o rival pioneiro The Independent.

Menos leitores do Times mudaram para o tamanho menor e, embora o declínio de sua circulação tenha sido detido, o aumento está longe de ser tão dramático quanto o do rival. Em março, a circulação aumentou 0,48% em relação ao ano passado, para 658.637 exemplares.

Embora a News International afirme que está dando atenção igual ao tablóide e ao standard, a empresa iniciou recentemente uma campanha para convencer os leitores a mudar para o formato menor.

A iniciativa do lançamento do tablóide foi autorizada por Murdoch, depois que o diretor-executivo Les Hinton e o editor do Times, Robert Thomson, viajaram para Nova York com o modelo da nova versão.

Depois de ver o Independent aumentar as vendas com seu tablóide, Murdoch acreditou que o formato menor poderia ajudar o Times a roubar leitores do Telegraph e do Daily Mail.

Ele disse estar grato pelo Independent ter agido primeiro, pois o Times seria condenado por ‘rebaixar’ os padrões se tomasse a iniciativa.

A News International reportou perdas de 28,65 milhões de libras, descontados os impostos, no ano que terminou em junho de 2003, segundo dados apresentados à Companies House.

Embora o volume de vendas tenha aumentado ligeiramente – para 3,8 bilhões de libras (cerca de R$ 20,28 bilhões) – na unidade, que publica o Times e o Sunday Times, ela perdeu mais de 12 milhões de libras além do que havia perdido no ano anterior, quando o déficit pós-impostos foi de 16,3 milhões de libras (cerca de R$ 87 milhões).’



LE MONDE DIPLOMATIQUE
Emir Sader

‘Diplô, 50 anos’, copyright Agência Carta Maior (www.agenciacartamaior.com.br), 7/05/04

‘A melhor publicação de política internacional completa meio século. Pena que o Brasil, ao contrário de países como a Argentina, o Chile e o México, não possua ainda uma edição mensal de Le Monde Diplomatique.

A melhor publicação de política internacional completa meio século. Em maio de 1954 saia o primeiro número de Le Monde Diplomatique, com um subtítulo que indicava pretensões bem menores do papel central desempenhado pelo jornal nos dias atuais: ‘Jornal dos círculos diplomáticos e das grandes organizações internacionais’. A nota da redação para os leitores reiterava que objetivo principal da publicação era o de ‘dotar os membros dos serviços diplomáticos e consulares de todos os países e o pessoal das principais organizações internacionais, bem como suas famílias, de um órgão consagrado aos acontecimentos e aos problemas que lhes interessam particularmente.’

O primeiro número correspondia a esse objetivo. O artigo central era uma crítica à ‘diplomacia secreta’, mas ao mesmo tempo faz a análise de que negociações públicas não teriam viabilidade. Há um texto que retrata o clima da Conferência de Genebra. E outra que traz informes sobre encontros internacionais, resenha de revistas e calendário de eventos, até hoje cobertos pela publicação.

Um caderno especial que acompanha a edição de maio de 2004 de Le Monde Diplomatique traz suas primeiras páginas antigas escolhidas nas últimas cinco décadas, e permite acompanhar a trajetória do mundo nesse período crucial para a história da humanidade, assim como as transformações do Diplô, como é conhecido mais familiarmente. Uma manchete de maio de 1955 retrata a Conferência de Bandung, considerada o lugar de nascimento do Movimento dos Países Não-Alinhados, com a participação, entre outros, de Nasser, de Pahm-Van Dong, de Nehru, de Sukharno e de Chu Em-Lai.

Cinco anos depois, o jornal consagra a posse do presidente John Kennedy como um momento novo no cenário internacional. Sete anos mais tarde, aborda a independência conquistada pelos argelinos contra o colonialismo francês. Passam mais três anos, e são as barricadas de 1968 que colocam a pergunta: ‘reforma ou revolução?’ Em 1979, a preocupação é com o projeto de unificação européia, e em 1984 com o endividamento do terceiro mundo. Em 1988, Bernard Cassen já aponta para a preocupação com ‘a selva do grande mercado’.

Em 1991, já encontramos os editoriais de Ignácio Ramonet no lugar daqueles de Claude Julian. Ramonet enunciava a necessidade de ‘ganhar a paz’ no Iraque, até que em janeiro de 1995 ele publica seu editorial histórico: ‘O pensamento único’, que tornou-se um marco no convocação do movimento por uma outra globalização, alternativa àquela de caráter neoliberal. Em dezembro de 1997, o jornalista francês aponta para a necessidade de ‘desarmar os mercados’, e em janeiro de 2001 seu editorial evoca um nome que se tornará um símbolo dessa luta: Porto Alegre.

No editorial de maio de 2004, Ramonet lança um novo grito em um texto curto, que ele chama de Resistências:

‘Resistir é dizer não. Não ao desprezo, não à arrogância. Não ao avassalamento econômico. Não aos novos donos do mundo. Não aos poderes financeiros. Não ao G-8. Não ao ‘Consenso de Washington’. Não ao mercado totalitário. Não ao livre-comércio integral. Não à dominação do ‘pôquer do Mal’ (Banco Mundial, FMI, OCDE, OMC). Não ao hiperprodutivismo. Não aos organismos geneticamente modificados. Não às privatizações permanentes. Não à irresistível extensão do setor privado. Não à exclusão. Não ao sexismo. Não à regressão social. Não à destruição da Seguridade Social. Não à pobreza. Não às desigualdades. Não ao esquecimento do Sul. Não à morte, diária, de 30 mil crianças pobres. Não à destruição do meio ambiente. Não à hegemonia militar de uma única superpotência. Não à guerra preventiva. Não às guerras de invasão. Não ao terrorismo. Não aos atentados contras a populações civis. Não aos racismos. Não ao anti-semitismo. Não à islamofobia. Não à histeria de segurança. Não ao policiamento do pensamento. Não ao rebaixamento cultural. Não às novas censuras. Não às mídias que mentem. Não às mídias que manipulam.

‘Resistir é também poder dizer sim. Sim à solidariedade entre os 6 bilhões de habitantes do nosso planeta. Sim aos direitos das mulheres. Sim à existência de uma ONU renovada. Sim a um novo Plano Marshall para ajudar a África. Sim à erradicação definitiva do analfabetismo. Sim a uma ofensiva internacional contra a fratura digital. Sim a uma moratória internacional pela preservação da água potável. Sim aos medicamentos essenciais para todos. Sim a ações decisivas contra a aids. Sim à preservação das culturas minoritárias. Sim ao direitos dos indígenas. Sim à justiça social e econômica. Sim a uma Europa mais social e menos mercantil. Sim ao ‘Consenso de Porto Alegre’. Sim a uma taxa Tobin de ajuda aos cidadãos. Sim a um imposto sobre as vendas de armamentos. Sim à anulação da dívida dos países pobres. Sim à proibição dos paraísos fiscais.

‘Resistir é sonhar que um outro mundo é possível. E contribuir para construí-lo.’

Neste sábado, dia 8 de maio, no Palácio dos Esportes da Porta de Versalhes, de 13h30 às 22h, será realizado um encontro internacional para comemorar os 50 anos do Diplô, com a participação, entre outros, de artistas e personalidades como Manu Chao, Eduardo Galeano, Arundhati Roy, José Bové, Aminata Traoré, Naomi Klein, Jacques Derrida e José Saramago.

Pena que o Brasil, ao contrário de países como a Argentina, o Chile e o México, não possua ainda uma edição mensal de Le Monde Diplomatique, o que contribuiria substantivamente para melhorar o nível de informação, a qualidade das análises disponíveis para o público brasileiro, além de ajudar a furar a hegemonia ainda predominante do ‘pensamento único’, que o Diplô ajuda tanto a combater.’



PROPAGANDA & MÍDIA
Ediana Avelar

‘Mídia, a propaganda e seus hipnotizados consumidores’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 4/05/04

‘Como Comunicadora Social uma das minhas habilidades é o fomento do consumo de produtos e serviços através de ações publicitárias e projetos de comunicação de marketing.

Não nego que há em nossa sociedade uma valorização dos bens materiais em detrimento aos valores culturais e morais, que tem na propaganda, fascinante por sua estética e criatividade, uma convidada ilustre dos meios de comunicação, que a cada página ou intervalo, nos seduz com suas soluções de felicidade. O contra argumento de muitos pensadores da academia publicitária (se é que de fato existe uma), é a de que a propaganda e a mídia não criam os valores da sociedade, apenas os refletem. Mas é claro que uma exposição mais crítica por parte da publicidade ajudaria a amenizar em muito os efeitos da influência destes conteúdos nos meios de comunicação.

Quando me refiro a propaganda, me refiro não só aos anúncios e comerciais, mas também as inserções nos programas e editoriais da mídia impressa e eletrônica que cada vez mais invadem os espaços antes reservados para apresentações de cunho jornalístico ou de entretenimento. Não foram poucas as vezes em que o telespectador brasileiro se emocionou com as cenas de culinária da novela, onde um novo molho era apresentado no meio de uma grande revelação, ou num debate esportivo, onde ao fundo do cenário víamos, mesmo que não objetivamente, a marca de um patrocinador estampado ou, mergulhados nas águas fantásticas da ilha de Caras, vidrados ficaram nossos olhos, fascinados com as imagens dos produtos apresentados nas brilhantes páginas da revista.

A título de informação, a cada dia, em todo mundo, se modernizam as técnicas para inserir publicidade no contexto dos programas e filmes, esta ferramenta é chamada de Branded Content e será cada vez mais costumais vermos filmes como o Naufrago, onde um executivo da FEDEX se relaciona com uma bola de marca Wilson, caracterizando assim o crescente fenômeno da humanização das marcas e seus produtos.

Se você se viu neste ambiente, imagine então nossas crianças e jovens, que entre uma partida de um jogo de rede na internet, como o Counter-Strike, ouvem as propagandas da Cidade, a Rádio do Rock, assistem aos merchandisings da novela adolescente Malhação e ainda conseguem nesse tempo, ler um torpedo que acaba de chegar pelo celular da Oi, avisando da super promoção especial de final de semana para o Dia das Mães. É de enlouquecer! A razão: Não conseguimos entrar nesta bolha hermeticamente fechada por sons, cores, bits e bytes.

O marketing é tão meticuloso que classifica essa geração de Zapping ou Geração Y, mas não é isso que importa para nós, pais, mães, avós e avôs, professores, pesquisadores, trabalhadores e cidadãos, a verdade é que há em nossa sociedade, além do crescimento desta mídia psicodélica, um desenfreado consumo por marcas exibidas em todos os tipos de meio: TV, Rádio, Jornal, Cinema, Revista, Sites, Eventos, Painéis, Capas de Caderno, Carrinho de Supermercado, não há um espaço hoje ao nosso redor que não tenha sido visto como potencial e que por isso, não tenha sido comercializado. E que através de suas mensagens publicitárias, criam a impressão na mente do jovem consumidor de que suas marcas anunciadas são melhores que as dos concorrentes menos conhecidos.

Sabemos que a propaganda inserida no contexto das mídias tem uma grande influência nos hábitos de consumo de nossos filhos, principalmente as crianças, pois fazem, na maioria da vezes, afirmações falsas, enganosas ou de mau gosto, exagerando os atributos dos produtos e utilizando demasiadamente os apelos do medo, do sexo e do poder. Que pai ou mãe não se recorda do lançamento da tesoura do Mickey ou da Minie, onde um pequeno garoto propaganda dizia ‘Eu tenho … você não teeem!!!!’? Chega a ser cruel quando nos lembramos das crianças pertencentes as classes menos favorecidas.

Outro aspecto negativo da propaganda é o da repetição. As veiculações de hoje tem uma freqüência tão alta que chegam a um nível ofensivo, insuportável, provocando uma verdadeira lavagem cerebral.

Como lidar com tudo isso? Como exercer um controle sem submeter nossos filhos ao confinamento?

Muitas dessas perguntas angustiam pais e professores do mundo inteiro e recentemente o Rio de Janeiro foi palco de um grande fórum que discutiu a qualidade e a diversidade da mídia exibida para os jovens, a 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes, que aconteceu entre os dias 19 e 23 de abril de 2004, na mesma semana do grande feriado de Tiradentes e São Jorge. Porém, o pequeno espaço dado para a promoção deste tão importante evento em nossa cidade, por parte dos meios de comunicação, fez com que muitos cariocas só soubessem do acontecimento nas matérias compactas do Jornal Nacional.

Aliás, vale ressaltar que por parte dos empresários da comunicação há pouco comprometimento com iniciativas desta natureza, a não ser que haja disputa de audiência e garantia do aumento de anunciantes. A Revista Veja, ícone do jornalismo informativo, com seus mais 1.000.000 de exemplares de venda por semana e com mais de 3.000.000 de leitores em todo o Brasil, não fez nenhuma grande reportagem sobre o que foi discutido na 4ª Cúpula Mundial. Em compensação, no último final de semana, os ingressos para o Coca-Cola Vibe Zone já estavam praticamente esgotados e a maioria dos veículos exibiu fotos dos vips que participaram do primeiro encontro de abastados empresários num paradisíaco resort baiano.

Apesar de sabermos que as emissoras e os veículos de comunicação só se pautam no que pode gerar audiência e faturamento, há luz no final do túnel. A própria Rede Globo, que popularizou o termo ‘merchandising social’, tem sistematicamente incentivado o uso de sua programação para apoiar projetos de ação social. E também, apesar do alucinante consumismo e da corrida desenfreada por parte das empresas na busca pela decisão de compra do consumidor, é comum vermos cada vez mais a publicação do balanço social de empresas como o do Banco ABN, da CSN, da Fundação Bradesco e da Natura, só para citar alguns exemplos. Empresas que, aderindo a projetos éticos, praticam um marketing socialmente responsável. São empresas conscientes e engajadas aos chamados do Terceiro Setor, ou seja, organizações não governamentais, tais como MIDIAATIVA, OCAS, MULTIRIO e sua equipe de profissionais e voluntários, que nos prometem, associados a um incansável empenho e iniciativa de pais, educadores e formadores de opinião, um caminho alternativo para se conviver com as deformações mídiaticas de nossa sociedade. (*) Professora, publicitária, especialista em Comunicação de Marketing’



FRIAS FILHO & JORNALISMO
José Paulo Lanyi

‘Se o dono da Folha pode…’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 7/05/04

‘Recebi há alguns dias uma mensagem gaiata de um amigo meu:

‘Agora eu entendo por que a Folha de São Paulo é um jornal tão mala. Afinal de contas, ter um diretor que não é apaixonado por jornalista (sic) só podia dar no que deu…’.

Foi uma referência a uma afirmação de Otavio Frias Filho em uma entrevista a Morris Kachani para o site no mínimo. Uma resposta do diretor de redação da Folha surpreendeu e ensejou a gozação do e-mail (se é que o meu amigo estava brincando). Atente para o seguinte trecho (o negrito é obra desta coluna):

‘Você gosta do que faz?

Não sou apaixonado por jornalismo. Eu tenho uma ligação afetiva até forte a estas alturas com a profissão, eu estou há muitos anos nisso, cresci em parte neste ambiente desde adolescente… Então, eu tenho uma ligação forte, uma coisa afetiva, uma coisa de profissional evidentemente, mas eu não sou um apaixonado pelo jornalismo’.

Depois:

‘É intrigante um diretor de jornal se dizer não apaixonado pelo jornalismo…

Eu tenho um ritmo pessoal que é muito diferente do ritmo do jornal. Eu tenho uma certa tendência a ser perfeccionista, gosto enfim de atividades mais introspectivas, de reflexão, de leitura, atividades que implicam um certo ritmo muito menos frenético, trepidante do que é o ritmo de vida de um jornal, um jornal diário. Então, eu não tenho muita afinidade intrínseca, sei lá, genuína com a profissão. Mas sou grato a ela, acho que na medida do possível me dei bem nela. E tenho certas aptidões também que ajudaram. Se a minha família estivesse metida digamos num negócio de engenharia, eu seguramente teria feito uma vida muito mais desligada da família do que eu fiz. Eu não teria trabalhado num negócio de engenharia, por exemplo. Mas sendo jornal, sempre fui bom de português, sempre tive muito interesse em política, tive uma certa militância política na época do movimento estudantil.

O que você gostaria de ser?

Talvez professor universitário. Eu teria feito uma carreira universitária se meu pai fosse um empresário de outro setor ou tivesse outra profissão. Mas houve esta coincidência de eu ter alguma inclinação para esta coisa de escrita, e enfim minha família tem este vínculo com o jornal’.

A entrevista me fez pensar na auréola emocional da nossa profissão. Acho mesmo que, de forma geral, somos pirados: quanto mais apanhamos, mais gostamos dela. Poucos trabalhadores falam tão mal da própria atividade quanto os jornalistas. As queixas são as de sempre e devem ser repetidas a cada encontro entre colegas. Uma delas o próprio Otavinho, como ele é mais conhecido, destaca na entrevista: pouco tempo para trabalhar direito, para chegar à perfeição, para refletir.

Em mais um impulso de autoflagelação, poderíamos falar de pelo menos mais 323 razões para desancar o nosso dia-a-dia. Mas não o façamos, todos já sabemos e, francamente, ninguém dá a mínima, nem mesmo os donos de jornal, uns caras que, se quisessem, poderiam ajudar muito mais do que o fazem.

Mas há um motivo maior para, desta vez, não falar mal do jornalismo: não ter que me desdizer em seguida, com juras de fidelidade à vocação que me escolheu um dia. Em outras palavras: chega dessa coisa esquizofrênica de dizer que detesta e ama, que ama e detesta e detesta e ama. Estas mãos que digitam ficam tentadas a buscar as teclas certas para justificar o amor e o desamor intermitentes. A minha literatura seria uma boa explicação. Mas se o dono de um dos maiores jornais do País acha isso tudo superficial, vou poupar-me do trabalho: concordo. E é só isso.’