Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ato marca 5º aniversário de morte de editor armênio

Dezenas de milhares de pessoas participaram na semana passada [19/1] de um ato no centro de Istambul, cidade mais populosa da Turquia, para marcar o quinto aniversário do assassinato do jornalista Hrant Dink e protestar contra a recusa de uma corte criminal turca de investigar se o crime foi resultado de uma conspiração de uma rede ilegal. O editor do jornal semanal Agos era alvo do ódio de turcos nacionalistas por classificar abertamente o massacre de armênios durante o Império Otomano de “genocídio”.

Os manifestantes deixaram cravos vermelhos e cartazes no local onde Dink, que era armênio, foi morto a tiros em janeiro de 2007, do lado de fora da redação doAgos. O jornalista era um conhecido porta-voz dos armênios na Turquia e defensor da paz e dos direitos das minorias.

O assassino – membro de um grupo ultranacionalista – foi condenado e sentenciado em julho último. Na semana passada, uma corte de três juízes em Istambul também condenou à prisão perpétua o militante ultranacionalista Yasin Hayal, por incentivar o assassinato do jornalista. No entanto, inocentou 18 réus sob acusações de que faziam parte de uma conspiração maior por trás do crime. Promotores apelaram da decisão.

Revolta

A recusa gerou revolta pública, com muitas pessoas vendo a decisão como força das facções ilegais dentro do governo e falta de desejo político de investigar profundamente o assassinato do jornalista. O presidente Abdullah Gul e autoridades do Partido de Justiça e Desenvolvimento, pró-islâmico, também expressaram decepção. “A conclusão deste caso, no que se refere à transparência e justiça de acordo com a legislação, é um teste importante para nós”, afirmou o presidente, pedindo às pessoas para ficarem pacientes até que termine o processo de apelação.

A declaração de Gul, no entanto, não foi suficiente para agradar os manifestantes. “Não acredito na sinceridade do governo. Eles são maioria; se não podem fazer nada sobre esta injustiça, quem pode?”, disse a contadora Serpil Sarac. Nedim Sener, jornalista que escreveu um livro sobre sua própria investigação da morte de Dink, disse que membros das forças de segurança e agências estatais evitaram que dados da inteligência chegassem à corte. Sener já ficou 11 meses preso sob acusação de ajudar uma organização terrorista – segundo ele, retaliação por autoridades do governo mencionadas em sua investigação.

A Turquia reconheceu a independência da Armênia em 1991, mas os vizinhos nunca estabeleceram laços por causa de seu forte desentendimento quanto ao massacre de armênios no início do século passado e quanto ao conflito entre a Armênia e o Azerbaijão, país aliado à Turquia. Informações de Sbnem Arsu [The New York Times, 20/1/12].

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