Nos seus Manuscritos econômico-filosóficos (1844), Karl Marx argumentou que o capitalismo atua, para produzir mais-valia, associando fluxo não qualificado de dinheiro a fluxo não qualificado de trabalho, o que significa dizer que o capital intervém, no mundo, de forma pragmática, sem se preocupar com a origem das riquezas e de igual maneira sem levar em conta o perfil do “trabalhador” – se é branco, negro, amarelo, alfabetizado, analfabeto, homossexual, heterossexual; adulto, infantil; católico, muçulmano, antiamericano, americanizado, autoritário; libertário, comunista, alienado – desde que, num contexto ou noutro, tais e quais perfis humanos possam ser instigados, ainda que através de estratégicas revoltas, a colaborarem com presentes e futuros empreendimentos favoráveis à produção concentrada de riqueza, sob a forma de monopólio simbólico e produtivo.
O capital só conhece um único valor, a sua autovalorização sem fim, por isso não acredita em Deus e nem em nada, razão pela qual ele é, ante de tudo, cínico, pois, embora não se fundamente senão em si mesmo, ele manipula crenças, identidades, conhecimentos, técnicas, a fim de conseguir seu único e unidimensional objetivo imanente, ainda que nos apresentado de forma transcendental: autovalorizar-se à custa de sofrimentos e exclusões, guerras, indiferenças, genocídios.
O capital é moderno e ser moderno é ter consciência de que, porque morremos, nada nos garante de forma transcendental. Ser moderno é ampliar a consciência da morte individual, “eu morro, nós morremos”, levando às últimas consequências o argumento de que, porque morremos, somos todos iguais, razão pela qual qualquer forma de privilégio constitui um atentado contra o comum que somos, porque morremos.
Fatalidade do destino
Bem mais que saber que Deus não existe, que a verdade é uma quimera, ser moderno é saber que tudo é esboço de tudo; que nada é, mas tem sido; que tudo que tem sido pode ser de modo diverso; que o mundo humano é o teatro do mundo humano; que o teatro do mundo humano, que é o mundo humano, tomado pelo capital, é o cenário planetário de nossa impotência, como humanos, pois o capital é o humano teatro que nos torna modernos para, sem cessar, reproduzi-lo em detrimento de nossa humanidade comum, porque, igualmente, morremos.
O capital, portanto, tomou a modernidade para si e fez de sua infinita potência laica a laica potência infinita de sua própria expansão ilimitada, em armas, sobre povos, nações, culturas, crenças, através da interdição, a todo custo, do desenvolvimento e experimentação ilimitados das múltiplas potências expressivas da modernidade, inclusive a expressividade de uma humanidade livre de armas de destruição em massa, de guerras imperialistas, sem opressores e oprimidos; justa, digna, pela singela razão de que, sendo potencialmente laica, logo não se fundamentando em transcendência alguma, a modernidade livre de opressão, mistificação e sequestro da riqueza comum é aquela que entende que nada é natural e definitivo e que, portanto, tudo pode ser diverso do que tem sido, bastando que coletivamente assim o decidamos.
Tomando para si a potência expressiva ilimitada da modernidade, o capital nos impõe o paradoxo de sua doxa: a de que só podemos ser modernos através das técnicas, saberes e tecnologias propriamente modernas, condenando-nos, por outro lado, a sermos pré-modernos no campo dos valores, das afetividades, das instituições, das identidades – da vida, enfim – porque se não podemos rever e refazer, como comuns viventes, nossos valores, afetividades, instituições, identidades, em conformidade com a premissa moderna de que nada é eterno e definitivo, é porque estamos impedidos de sermos plenamente modernos, razão pela qual vivemos a vida oprimida que vivemos – nós, os povos – como uma fatalidade do destino, assim como os povos pré-modernos.
Mundo sem Deus
Num mundo, pois, impedido de ser plenamente moderno, tentamos – nós, os quase modernos – atiçar o potencial emancipatório da modernidade através de três dispositivos: o cinismo, o niilismo e a utopia.
Porque não somos plenamente modernos, no plano dos valores – sitiados que estamos por perspectivas religiosas, obscurantistas, mistificadoras, fatalistas –, tentamos ser modernos nos comportando cinicamente em relação às práticas e valores pré-modernos, ou que assim nos pareçam, numa circunstância ou noutra.
O dispositivo cínico, portanto, é aquele que joga com as crenças religiosas, amorosas, hierárquicas, jurídicas, econômicas, culturais, epistêmicas, linguísticas, desacreditando-as e perturbando-as através da ironia, da paródia, da carnavalização, do riso contido e/ou escrachado, com o objetivo consciente ou inconsciente de ora demonstrar que tais crenças não são nem naturais, nem transcendentais – de vez que foram construídas artificialmente por nós; ora as manipulando, através, por exemplo, da dissimulação, fingindo acreditar nelas a fim de conseguir vantagens econômicas, afetivas, simbólicas.
O capital, como vimos, é fundamentalmente cínico; ele avança em sua própria modernidade tecnológica, a fim de romper os limites do lucro, através de intensa manipulação de crenças e valores, usando como recurso, hoje, a indústria cultural; os meios de comunicação de massa.
O niilismo, por sua vez, é o dispositivo através do qual tentamos nos fazer modernos destacando a morte num mundo sem Deus, logo sem salvação, sem pós-morte. O niilismo espalha a morte em tudo porque sabe que tudo que reluz não é o ouro da eternidade, mas a respiração do que morre, morrerá.
Herança ou memória cultural
Tanto o cinismo como o niilismo constituem procedimentos de desmontes de premissas e valores preestabelecidos, negando-os no geral sem propor nada para substituí-los, o que os tornam radicalmente distintos do dispositivo utópico, que nega valores instituídos a fim de afirmar outras perspectivas e arranjos institucionais.
Marx, sob esse ponto de vista, foi um pensador modernamente utópico porque negou os arranjos institucionais da sociedade burguesa – baseados na opressão de classe –, demonstrando que não eram nem naturais nem transcendentais, a fim de afirmar outra perspectiva social, tendo em vista o argumento de que a modernidade só se realizaria ou realizará plenamente quando a violência da opressão de uma classe sobre a outra deixar de existir.
Sob o ponto de vista da criação literária, o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Machado de Assis (1839-1908), constitui um exemplo singular de uso criativo ao mesmo tempo do niilismo e do cinismo na ficção brasileira.
Existe um lado cínico na ficção machadiana, em diálogo intertextual com a literatura de língua inglesa, como a do escritor irlandês Laurence Sterne (1713-1768), autor de A vida e as opiniões do cavaleiro Tristram Shandy (1759), romance que não perdoou nem mesmo a convenção literária, parodiando o naturalizado lugar normalmente pactuado para o autor, o personagem, o leitor, o editor, pondo cinicamente em destaque a própria cultura letrada, ao experimentá-la como tanto mais ridícula quanto mais se pretende séria, bem escrita, bem lida, bem tramada, canonizável.
Por sua vez, Machado de Assis se valeu da potência cínica, parecida com a do escritor irlandês Sterne, ironizando não apenas a convenção literária de seu entorno, o romantismo e realismo do século 19, mas também a própria ideia de herança ou memória cultural, arquivo morto que impede o presente de se constituir como laico e, portanto, livre para expressar suas potencialidades expressivas.
Verdades e mistificações
Como exemplo, consideremos o romance machadiano já mencionado, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), a simples posta em cena de um narrador morto que relata cinicamente a idiota vida que tivera pode ser interpretada como não menos cínica crítica às nossas civilizadas formas de justificar e aceitar o presente, tal como se nos apresenta, tendo em vista o que fizemos ou deixamos de fazer no passado.
O passado, já morto e acabado, não pode ser reificado, em sua memória opressora, bloqueando o vivo presente em que vivemos. A herança da propriedade privada, por exemplo, passada de pai para filho, não pode ser um obstáculo ao direito inalienável de trabalho e moradia dignos para os vivos do presente.
De qualquer forma, mais que um escritor cínico, Machado de Assis foi um hábil ficcionista das potencialidades do niilismo, pois o cinismo em sua literatura desconstrói mitos, verdades e valores, não deixando pedra sobre pedra, a fim de fazer valer a onipresença da morte, madrasta de todo cinismo, pois, tal como o defunto autor/narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas, é o ponto de vista da morte, logo do niilismo, que cria o contexto favorável para que, cinicamente, ela, a morte, quando nos observa mortalmente, venha a rir, sem vergonha alguma, de nossas vãs atribulações, preocupações, apegos, verdades, idealizações, desprezos, autodesculpas, hipocrisias, roubos, limitações.
O cinismo, o niilismo e a perspectiva utópica, como expressividades modernas que recusam as verdades, os mitos e as transcendências pré-modernas, não valem por elas mesmas, razão pela qual não podem ser analisadas ou consideradas isoladamente, situação que as transformariam em transcendências pré-modernas.
Para se constituírem como expressividades plenamente modernas – no sentido deste artigo, logo laicas, livres de verdades preestabelecidas –, tanto o cinismo, como o niilismo e a perspectiva utópica devem ser considerados na relação que efetivamente estabelecem com tais e quais verdades e mistificações.
Um anteparo à modernidade
De nada adianta ser cínico com valores, ainda que equivocados, vividos e apreciados por comunidades pobres e ao mesmo tempo reverenciar os valores das classes dominantes, ora os reificando, ora os deixando livres da visada desmistificadora cínica.
De nada adianta o uso do niilismo para desacreditar das perspectivas utópicas de movimentos sociais diversos, ainda que equivocados, dizendo, por exemplo, que é inútil tentar transformar o mundo, e assim por diante, colocando o nada da vontade niilista na frente da luta por uma vida melhor.
De nada adiante a perspectiva utópica vivida e experimentada para afirmar valores de segmentos de classe privilegiados e de restritos grupos sociais, culturais, epistêmicos, étnicos, de gênero, desprezando, por consequência, a vida comum, pelo comum, através do comum.
Para ser plenamente modernos, o cinismo, o niilismo e a utopia não devem perdoar nem a si mesmos, além de terem um claro objetivo político: ser usado e experimentado para desacreditar e ao mesmo tempo demonstrar a má-fé, a parcialidade, e a falta de consistência dos valores dominantes do presente histórico que nos cabe viver.
Existe, pois, um uso elitista do cinismo, do niilismo e da perspectiva utópica; uso, é bom esclarecer, que de forma alguma é moderno, mas que serve antes de tudo de anteparo à realização plena da modernidade, como promessa de um mundo laico, apto para flagrar a historicidade de seus próprios valores e arranjos socais, reescrevendo-os e rearranjando-os coletivamente, a fim de tornar mais plástica, mais leve, mais alegre e digna nossa mortal existência comum neste planeta.
Cinismo oportunista
E é precisamente porque o cinismo, o niilismo e a utopia constituem os três principais procedimentos que em si mesmos carregam a promessa de uma modernidade livre de valores preestabelecidos, transcendentais, que tais expressividades são sequestradas por alguns perfis sociais que delas se apropriam, apresentando-se como modernos ou mais modernos, mais inteligentes, e mais livres que os demais mortais, razão pela qual a apropriação elitista e “bem-pensante” do cinismo, do niilismo e da perspectiva utópica – principalmente dos dois primeiros procedimentos – deve ser classificada claramente como reacionária e como lamentável estratégia de bloqueio de uma modernidade realmente moderna, logo comum, sem hierarquias, para os povos; e não contra os povos.
Não é circunstancial que tais cínicas e niilistas figuras costumem desacreditar, diminuir e negar precisamente a perspectiva utópica de povos e movimentos sociais. O cínico através de deboches e sarcásticas piadas e os niilistas acusando-a de inútil quimera idealista de ignorantes e coisas que tais.
O mundo acadêmico está cheio desses perfis cínicos e niilistas ambulantes que sempre debocham e desqualificam dos pontos de vista modernamente utópicos, ora alegando que não são polifônicos, ora que constituem formas mascaradas de ressentimento, baseadas em ideais inconsistentes, como se tudo devesse ser o que tem sido, realisticamente: estereotipado e místico niilismo realista por se basear no que tem sido a fim de justificar o que deve ser e o que será.
É, pois, para isto que serve tal cinismo e niilismo oportunistas: para desacreditar de tudo que não estava previsto; de tudo que não é regra, normal, instituído, legal, pois antes de tudo constituem – quando usados para desacreditar de perspectivas utópicas – duas formas de expressividade que todo opressor ou candidato a sê-lo utiliza, na suposição de que é mais laico que os mortais comuns.
A cínica das cínicas
Pela objetiva constatação de que o capitalismo tomou, cinicamente, a modernidade laica para si, no interior dele – como em época histórica alguma – todo poder instituído ou a serviço da mais-valia do capital toma igualmente para si, cinicamente, a promessa laica de um mundo comum, manipulando valores e crenças, com o objetivo de fazer valer o único valor que interessa ao capital: o gozo da apropriação narcísica da mais-valia financeira, privada, sexual, simbólica, epistemológica, multicultural, como privada propriedade de castas.
É por isso que, no capitalismo, o patriarcado é laicamente cínico, razão pela qual manipula crenças pré-modernas das alteridades femininas e homoeróticas – as que ainda acreditam em crenças pré-modernas, como as de edípicos e monogâmicos amores eternos –, realizando toda sorte de promessas, sendo o primeiro a descumpri-las, como cínica regra geral.
É por isso que os Estados Unidos, como centro do imperialismo do capital, sempre farão todo tipo de promessas democráticas, para os povos do mundo, às quais serão sempre os primeiros a descumprirem, cinicamente, inevitavelmente, razão pela qual não são nunca confiáveis, porque sabem que palavras são palavras e que contratos são meros papéis sem fundamentação religiosa alguma; rasga-se e pronto.
É por isso que no mundo atual, de capitalismo monopólico, o cinismo é onipresente e a publicidade é a cínica das cínicas, ou a morte das mortes, porque manipula sem cessar promessas de felicidades pré-modernas a fim de vender suas não menos cínicas bugigangas reificadas.
Espontâneos cínicos
É igualmente por isso que os administradores, executivos e chefes burocráticos dos monopólios midiáticos – mas não apenas – cinicamente usam e abusam dos meios de comunicação monopolizados com o claro objetivo de manter a população – a massa ou galera – dependente e mesmo viciada em obscurantistas valores e crenças pré-modernos; é para garantir, como cínicos gestores subordinados subordinantes da indústria cultural do capital, que sejamos domesticados indiferentemente, culturalmente.
Sob esse ponto de vista, a participação de Pedro Bial, do todo-poderoso diretor da Rede Globo Boni, e de Caetano Velo – o trio parada cinicamente mole – no programa Altas Horas da TV Globo, no sábado do dia 08 de janeiro, é exemplar.
A certa altura de Altas Horas, Pedro Bial diz: “Eu gosto de ver coisa ruim em televisão. Com os piores programas é onde eu aprendo mais…”, sendo interrompido pelo chefe-mor, Boni, que cinicamente observa: “Quer dizer que você assiste BBB”, momento em que é possível ver e escutar a gargalhada subordinada, incontida e não menos cínica de Caetano Veloso, o cult compositor popular da Casa Grande global.
As três situações do roteiro, a fala de Bial, a observação de Boni e a gargalhada de Caetano Veloso, constituem o cenário religiosamente encarnado de um very exclusive club de espontâneos cínicos, cujos integrantes ou afiliados afilhados se comportam além da regra do jogo, dizendo o que deve ser calado, por se acharem mais inteligentes e modernos que os comuns mortais brasileiros.
Mistificação e automistificação
Caetano Veloso, Bial e Boni são “ilustradas” figuras marcadas e demarcadas por um cinismo frouxo – e permissivo – que os torna “livres” para constatar que os meios de comunicação de massa servem mesmo para aquilo que os esquerdistas costumam dizer, para idiotizar e barbarizar a população, com a observação de que eles sim, seus cultivados cantores, apresentadores e diretores, são os que estão autorizados a dizê-lo, cinicamente, indiferentemente, como predestinados modernos e pré-modernos obstáculos a toda e qualquer perspectiva utópica que, ao criticá-los, os monopólios da comunicação, proporiam, de forma honestamente moderna, substituí-los por mídias que respeitassem e instigassem a infinita potência laica que o comum dos mortais também detém, fora de qualquer exclusividade de castas pretensiosas; cafajestes, hipócritas, para dizer o mínimo.
É inevitável, a esse respeito, dialogar com o filósofo e cientista político italiano Antonio Gramsci (1891-1937), especialmente com o seu conceito de intelectual orgânico, que diz que cada setor da sociedade burguesa traz consigo o seu orgânico intelectual, como o advogado no setor jurídico, o professor, no educacional, o administrador, no campo da gestão de empresas, assim como o economista; cada perfil orgânico desempenha o papel de pensar e zelar pelo lucro do capitalista, em sua respectiva esfera de atuação, ao mesmo tempo em que serve para bloquear e desacreditar, com o uso costumeiro do cinismo e do niilismo covardes, de qualquer perspectiva utópica que proponha, com seus respectivos intelectuais utopicamente orgânicos – o povo todo – substituir a mais-valia concentrada pela festa do e para o comum.
Como não afirmar, sob esse ponto de vista, que Caetano Veloso constitui, no plano da Música Popular Brasileira, um orgânico cínico músico de nossa indústria cultural, especialmente da TV Globo?
Como não pensar a mesma coisa de Bial e de Boni, como orgânicos cooptados a serviço do projeto burguês imperialista de manter a população brasileira refém da barbárie de valores pré-modernos, para que tudo permaneça em seu indevido lugar: o pobre na mistificação reificante e o rico na automistificação reificada, publicitária, monopólica?
O estupro da utopia
Então é para isto que o Estado brasileiro transfere a concessão pública dos meios de comunicação para os orgânicos cínicos gestores de nossa banalização diária; para que sejamos mesmo estupidificados, banalizados?
Sim, cara pálida; eles mesmos, seus orgânicos capatazes, confirmam tudo isso, cinicamente, nas Altas Horas da noite e nas baixas horas do dia, com a cínica e ao mesmo tempo niilista programação pré-moderna, de manhã, à tarde, à noite, integralmente, estuprando-nos.
Espero que você, caro leitor, lendo Machado de Assis, adapte, num piparote, o cinismo machadiano, em relação ao romantismo brasileiro do século 19, aos tempos atuais, não deixando, assim como o Bruxo do Cosme Velho, pedra sobre pedra, porque tudo é parte, na global programação televisiva, do imperialista empreendimento de estupro da utopia coletiva de um mundo livre de orgânicos traidores.
Bial, Caetano e Boni.
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[Luís Eustáquio Soares é poeta, escritor, ensaísta e professor da Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes]