Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Bruno Yutaka Saito

‘Você anda se sentindo infeliz? Gostaria de mudar sua vida? Em outros tempos, livros de auto-ajuda, dietas e remédios prometeriam soluções rápidas. Hoje, os ‘reality shows’ são os produtos populares que mais alimentam as promessas de mudança radical, obsessão de quase todo mundo.

Basta dar uma zapeada para conferir. Uma contagem rápida revela que ‘apenas’ 26 desse tipo de programa hoje na TV brasileira se baseiam na mesma idéia.

Em vez do criticado voyeurismo, que seria a base do sucesso dos ‘reality’, é a metamorfose o eixo que sustenta o interesse. Afinal, neles se realiza a nova utopia: qualquer um pode se transformar no que quiser -seja com um novo corpo, uma nova personalidade ou até uma nova casa.

Nesses ‘reality’, há desde a história da mulher que se acha feia e ‘ganha’ um novo corpo (‘Extreme Makeover’) até o dançarino que se torna um lutador (‘Tudo É Possível’), sem esquecer os zés-ninguém que se trancam numa casa e depois de 12 semanas tornam-se ‘celebridades’ (‘Big Brother’). A influência alcança até as novelas, como a capenga ‘Metamorphoses’ (Record), que louva as maravilhas da plástica.

‘Os ‘reality’ têm de ser dramáticos, senão ninguém irá se interessar. Para isso, é dado aos participantes o desafio de tentar se transformar de alguma maneira, mas criando obstáculos’, diz Stephen Lambert, criador de ‘Tudo É Possível’ (‘Faking It’, do britânico Channel 4) -em que um participante torna-se especialista em uma área na qual seja leigo.

Dois novos ‘reality’ tornam as transformações mais explícitas. Inéditos no Brasil, os americanos ‘I Want a Famous Face’ e ‘The Swan’ trazem pessoas que fazem cirurgias para ficarem ‘belas’.

‘Os ‘reality’ têm muito a ver com mudanças, e não só com voyeurismo; eles oferecem não apenas dinheiro, mas sim uma ‘experiência’ -retratada como benéfica’, diz Mark Andrejevic, professor de comunicação da Universidade de Iowa (EUA) e autor do livro ‘Reality TV’. A maioria desses ‘reality’ aponta para mudanças comportamentais, chegando a reforçar estereótipos. É o caso de ‘Queer Eye for the Straight Guy’, em que gays ensinam supostas boas maneiras a um heterossexual; ou ‘Esquadrão da Moda’. Neles, sugere-se que uma pessoa pode ser bem-sucedida apenas com uma mudança no visual.

‘Esses programas atraem participantes porque não há na sociedade, e nunca haverá, condições para que todos ‘existam’ e se ‘transformem’ tal e tanto quanto a sociedade insiste em dizer (…) que se deve fazer e que é bom fazer’, diz Teixeira Coelho, escritor e professor titular da Escola de Comunicação e Artes da USP. ‘Sem sonho de transformação o ser humano é inconcebível.’

Já os representantes locais do maior fenômeno do gênero, ‘Big Brother’, acreditam que não há tal tendência. Para o diretor do ‘BBB’, J.B. de Oliveira, o Boninho, ‘nem todo o formato segue essa linha’. ‘Eles são mais baseados em ‘experimentações’ e aí transformados em shows. (…) O problema é que o gênero proporciona muitos formatos e os de transformação estão proliferando, chegando a exageros.’ A diretora-geral da Endemol [empresa criadora do ‘BB’] Globo, Carla Affonso, diz que nesses shows ‘pode-se realizar fantasias, como ‘eu poderia estar nessa situação’.

A julgar pelo resultado de ‘Famous Face’, a transformação nem sempre é bem-sucedida -os adolescentes espinhudos de um dos episódios, que sonhavam em se tornar parecidos com Brad Pitt, conseguiram, no máximo, o corte de cabelo do ídolo.’



ELEIÇÕES NA TV
Daniel Castro

‘Eleitor será ‘prefeito’ em debate da Globo’, copyright Folha de S. Paulo, 8/05/04

‘A Globo vai fazer uma pesquisa com cerca de 2.000 eleitores paulistanos para subsidiar seu primeiro debate deste ano, que terá formato inovador. Os debates serão em São Paulo e Rio de Janeiro no dia 1º de julho, das 11h às 13h.

Na pesquisa, que também será feita no Rio, pelo Ibope, serão apresentadas aos eleitores 30 perguntas sobre questões gerais da cidade e de suas macro-regiões. O eleitor irá responder, caso ele fosse o prefeito da cidade, qual das duas soluções sugeridas pela Globo daria para cada problema.

No debate, a Globo irá selecionar dez das 30 perguntas feitas aos eleitores. Essas perguntas serão repetidas aos candidatos, com as respectivas alternativas apresentadas aos pesquisados. O candidato poderá optar por uma das respostas ou dar uma solução totalmente diferente. Ao final de cada rodada, a Globo irá apresentar o resultado da pesquisa, ou seja, qual foi a alternativa mais votada pelos eleitores. A emissora, no entanto, não irá fazer ranking de qual candidato foi mais ‘afinado’ com os resultados da pesquisa.

Em reunião com representantes de partidos na última quarta, ficou acertado também que a Globo irá encomendar uma outra pesquisa para determinar quais serão os prefeituráveis que participarão do debate de 1º de julho. Serão os cinco candidatos ou pré-candidatos mais bem colocados em pesquisa feita pelo Ibope nos últimos dias de junho.

OUTRO CANAL

Guaraná Rita Lee deixa o ‘Saia Justa’, do canal pago GNT, no próximo dia 19, quando será exibido o centésimo programa, que será uma edição especial. Ao canal, a cantora disse que o sucesso de seu novo disco, ‘Balacobaco’, inviabiliza as gravações. Rita, no entanto, negocia com Marlene Mattos um ‘talk show’ na Band.

Final Roberto Manzoni, diretor-geral do ‘Domingo Legal’ há oito anos, rompeu com o SBT ontem de manhã. O apresentador Gugu Liberato deve promover uma renovação geral de sua equipe, na tentativa de se recuperar no Ibope.

Casamento Depois de um ‘namoro’ com a Record, Hebe Camargo decidiu ficar mesmo no SBT. Anteontem, ela renovou seu contrato, que só vence no final do ano, por mais quatro anos.

Bombando O capítulo de quinta de ‘Da Cor do Pecado’, da Globo, deu média de 49 pontos no Ibope da Grande São Paulo. Foi a maior marca das novelas das sete, até o 88º capítulo, desde 1994. Favoreceu até o programa do PT, no meio do ‘Jornal Nacional’, que deu boa audiência: 36 pontos na Globo, 7 no SBT e 2 na Record e na Band.

Estréia Ex-Band News, Regina Volpato será a apresentadora do popular ‘Casos de Família’, que o SBT estréia dia 17, às 16h. No mesmo dia, ‘Passa ou Repassa’ volta a ser reprisado, às 17h30.’



FIM DE FRIENDS
Etienne Jacintho

‘Depois de dez anos, NBC exibe último capítulo da série ‘Friends’’, copyright O Estado de S. Paulo , 7/05/04

‘Friends, a sitcom americana de maior sucesso mundial chegou ao seu ‘gran finale’ ontem, nos Estados Unidos. A estimativa era de que mais de 85 milhões de pessoas assistiriam à NBC durante o horário de exibição do último episódio da série – e isso não é exagero já que algumas redes de TV decidiram cancelar a programação regular no horário para não terem prejuízo.

A série ficou dez anos no ar, teve 236 episódios e transformou seus seis protagonistas – Jennifer Aniston, David Schwimmer, Lisa Kudrow, Matt Le Blanc, Courtney Cox Arquette e Matthew Perry – em verdadeiros astros. Cada um ganhava US$ 1 milhão por capítulo.

E o público, que se apaixonou pelos ‘amigos’, quer ver um final feliz para o casal Rachel e Ross. Na verdade, o último capítulo prometia um final Sex and the City, em que os personagens seriam aproximados, mas somente o futuro poderia confirmar se ficariam ou não juntos – um suspense.

Outros seriados americanos também fizeram barulho quando tiveram seus finais anunciados. O Fugitivo (1967), Mash (1983), Cheers (1993) e, mais recentemente Seinfeld (1998) e Sex and the City (2004) agitaram o mercado televisivo com anúncios milionários, mas nenhum bateu o recorde do último episódio de Friends, cujo espaço publicitário de 30 segundos custou US$ 2 milhões aos anunciantes.

A NBC ficará sem Friends, mas garantiu um dos atores da série, Matt Le Blanc, que terá sua própria série intitulada Joey. Ele viverá seu personagem em Friends e provavelmente receberá seus ‘amigos’ em participações especiais.’



Rafael Cariello

‘Mil vêem o final de ‘Friends’ ao ar livre’, copyright Folha de S. Paulo, 8/05/04

‘Fãs, ex-fãs e jornalistas mal-humorados se reuniram anteontem à noite, num cinema ao ar livre em Nova York, para acompanhar o desfecho dos dez anos de amizade, pouca cerveja e muito café dos personagens de ‘Friends’ e, lógico, o ‘happy end’ de Rachel e Ross -sim, eles trocam juras de amor, beijos e ficam (ufa!) finalmente juntos. O capítulo foi assistido por 51,1 milhões de pessoas.

Entre os ex-fãs -resultado da longevidade da série-, Dan Mendelow, 28, e Jessica Hass, 28, que estenderam sua esteira no gramado do Píer 25, simulacro de drive-in reservado pelo festival de cinema de Tribeca, que acontece nesses dias na cidade, para a ocasião. Cerca de outras mil pessoas também apareceram por lá.

Jessica diz que já foi fã de ‘Friends’. ‘Mas é difícil seguir um show por dez anos’, explica. Dan afirma que costumava acompanhar os episódios dos primeiros cinco anos. ‘As pessoas estão cansadas dos personagens, e o seriado não é mais tão engraçado’, ele continua.

Cyndie Gradi, 26, aguarda sozinha o início da transmissão. Diz viver num apartamento do West Village -reduto de jovens e estudantes de Manhattan onde se passa a série- e freqüentar cafés similares ao Central Perk, ponto de encontro dos personagens já trintões de Friends. ‘Sim, me identifico com eles.’

Os mais novos passaram a acompanhar o seriado recentemente, como Rachel Bernard, 23 -que, apesar do nome, diz ser tão ‘sem filtro entre o que pensa e o que diz’ quanto Phoebe, a amiga neo-hippie maluquinha-, e Aneel Lakhani, 22. ‘Era muito nova quando começou’, diz Rachel. ‘Também passei a ver de uns quatro anos pra cá’, ele diz.

Atarefado, o correspondente e crítico de cinema da BBC nos EUA Tom Brook topa conversar por um momento. ‘Não é das minhas séries favoritas’, confessa, após ser convencido de que suas declarações vão para o Brasil e ninguém, nunca, vai saber o que ele disse.

‘Acho que não é muito imaginativa. Gosto de ‘Sex and the City’. Está bom? Com licença, tenho que ir trabalhar.’ De fato, vai começar a transmissão.

Rocambole

Após uma hora de clipes dos melhores momentos da série -como se as inúmeras reprises em vários canais da TV americana não bastassem-, estamos finalmente no apartamento de Ross. Rachel veio se despedir, eles se beijaram e dormiram juntos.

Mas ela parece mesmo decidida a seguir para seu novo emprego em Paris (todo personagem em fim de série americana nesses dias ameaça trocar Nova York pela capital francesa, sabe-se lá por quê).

Enquanto o paleontólogo decide se vai atrás dela ou não, Monica e Chandler descobrem que vão adotar gêmeos (acertaram a adoção com Érica, a mãe, antes de ela dar a luz às crianças, mas ela, burrinha, não entendeu quando o médico lhe disse que esperava não apenas um, mas dois bebês).

A platéia acompanha -quase sempre- a claque do programa e bate palmas nos intervalos. O diretor de marketing da General Motors, que patrocina o evento, aparece para sortear um rádio, ‘grande prêmio da noite’. Uns dez gaiatos batem palmas.

Quando Ross se decide, ‘vou atrás dela’, muitos aplausos na platéia. Erra de aeroporto. O vôo atrasa. Ross chega, se declara, mas ela diz que agora não dá mais e embarca.

Na volta para casa, um recado na secretária. Rachel diz que também o ama. Ele a ouve pedindo para sair do avião, antes da decolagem. A ligação é interrompida. ‘Você saiu?’, ele grita para a máquina. ‘Saí’, responde a amada, que surge em carne e osso pela porta. Sem dúvida, eles viveriam felizes para sempre numa novela mexicana.

O seriado será substituído por ‘Joey’, que vai explorar a ida do personagem de Matt LeBlanc para Hollywood.’



O Estado de S. Paulo

‘‘Friends’ teve 50 milhões de espectadores’, copyright O Estado de S. Paulo, 7/05/04

‘A expectativa de 85 milhões de telespectadores para o último capítulo de Friends, exibido anteontem, nos Estados Unidos, não foi alcançada. Segundo as agências Reuters e EFE, a audiência ficou em cerca de 50 milhões de pessoas.

Apesar da febre que foi Friends, o gran finale não superou os 80,4 milhões de telespecatdores que se despediram de Cheers, em 1993, e os 76,2 milhões que parararam para assistir ao final de Seinfeld, em 1998. O campeão de audiência continua sendo a série Mash (1983), que teve 105 milhões de telepectadores.

Comercialmente, porém, Friends bateu recordes. Teve os 30 segundos de publicidade mais caros para uma sitcom (US$ 2 milhões), lançou mais de 50 produtos licenciados – entre camiseta, foto, mousepad e guarda-chuva -, ganhou uma vasta coleção de DVDs com suas temporadas e melhores momentos, estampou livros de assuntos variados – até culinária.

Muitos americanos acompanharam o derradeiro episódio na Times Square e em Tribeca, em Nova York – cidade em que a série é ambientada. Em Los Angeles, alguns privilegiados assistiram à exibição nos estúdios da Universal, onde foi realizada uma festa para comemorar o gran finale.

No Brasil – Os fãs brasileiros terão de esperar somente um mês para assistir ao capítulo de Friends que uniu definitivamente o casal Ross e Rachel e transformou Monica e Chandler em pais adotivos de gêmeos. A atração irá ao ar no dia 6 de junho, no Warner Channel. Joey, a série de Matt Le Blanc que deve estrear em setembro/outubro nos Estados Unidos, também será transmitida pelo canal no final deste ano.

Matt Le Blanc seguirá os mesmos passos do ator Kelsey Grammer, que, ao final de Cheers ganhou um seriado com o nome de seu personagem, Frasier. A bem-sucedida série de Grammer está no ar há 11 anos e se despedirá do público este mês.

Por outro lado, vale lembrar que todos os integrantes de Seinfeld – com exceção de Jerry Seinfeld – tentaram seguir carreira solo e fracassaram.

Seus seriados não sobreviveram mais de uma temporada. (Reuters, EFE, AP e Los Angeles Daily News)’



TV DIGITAL
O Estado de S. Paulo

‘Microsoft propõe TV digital sobre IP’, copyright O Estado de S. Paulo, 9/05/04

‘Poucas vezes a crítica de um especialista poderia ser mais incisiva na condenação dos padrões tecnológicos de TV digital adotados pelos Estados Unidos, Europa e Japão, quanto a que faz o vice-presidente da Microsoft Corp, Craig Mundie. Para ele, o próprio modelo de negócios da TV digital em alta definição, em difusão terrestre e sinal aberto (broadcasting), não tem grandes perspectivas de sucesso num país com as características dos Estados Unidos, em que a TV paga (via cabo, satélite ou microondas) alcança mais de 90% dos domicílios. Na verdade, a TV digital, depois de sete anos, ainda não alcança mais do que 5% dos domicílios americanos. Mas o foco central da crítica de Craig Mundie é a escolha do padrão tecnológico.

‘Baseado em minha experiência profissional, afirmo que os Estados Unidos fizeram uma escolha ruim, quanto à arquitetura para difusão terrestre (em broadcasting) de TV digital. Isso mostra que os homens que tomaram essas decisões não acreditavam verdadeiramente que a televisão vai se tornar totalmente digital. Os Estados Unidos optaram por um sistema de modulação e transmissão obsoleto, que teve origem na TV analógica. Para mim, fica totalmente claro que o melhor meio de distribuição de sinais de televisão é o de pacotes de vídeo (packetized video), seja através da atmosfera ou via cabo.’

Na condição de vice-presidente sênior e executivo principal de tecnologia (Chief Technical Officer), da Microsoft Corp., Craig Mundie é responsável pelas estratégias avançadas da empresa na área de tecnologia. Em sua opinião, ‘o caminho para se evoluir rumo à TV digital deveria ter sido o da comutação e transmissão de pacotes e nunca a alternativa baseada em padrões do tipo MPEG (Moving Pictures Expert Group) ou streaming data (corrente de dados).’

Mundie explica que, com a tecnologia de pacotes, um sistema de TV digital consumirá apenas 20% do espectro de freqüências, que é um bem natural precioso, caro e finito. ‘Em lugar de alocar boa parte desse espectro em sistemas de TV ultrapassados, old style, seria muito melhor economizar agora boa parte do espectro para poder utilizar melhor essas freqüências nos sistemas de comunicação microcelulares do futuro, ou sistemas de acesso em banda larga.’

E que caminho deveria seguir o Brasil, em sua opinião? ‘Se o Brasil ainda não fez sua opção, eu tomaria a liberdade de sugerir-lhes que aguardassem um pouco mais e prestassem atenção nesse novo sistema de difusão de TV digital, o video-packing, ou seja, de pacotes de sinais de vídeo, como uma solução realmente melhor.’

Futuro é IPTV – Craig Mundie não vê muitas perspectivas de sucesso no atual sistema de TV digital nos Estados Unidos, que privilegia a imagem de alta definição, mas utiliza um formato inadequado de transmissão. Em sua opinião, o futuro da TV digital está na televisão sobre protocolo internet.

‘Não tenho dúvida em afirmar – enfatiza – que esse é o melhor caminho. As lições de mais de sete anos nos EUA, na Europa e no Japão nos levam a pensar nas possibilidades do formato IPTV, ou seja, TV sobre protocolo internet (TVoIP ou TV over IP). Essa TV pode ser transmitida sobre linhas telefônicas digitais de assinante, ou seja, do tipo DSL ou Digital Subscriber Line. Ora, em praticamente todos os domicílios norte-americanos, dispomos de telefone ou TV a cabo. Não há, assim, muito espaço nem viabilidade para um sistema de TV digital em broadcasting, com sinal aberto, difundido pela atmosfera, para recepção de todos. Em resumo, eu diria que não há praticamente necessidade de os EUA adotarem um padrão anacrônico de transmissão de TV digital, à moda antiga.’

LCD e plasma – Noutra perspectiva de futuro, uma das dúvidas que pesam sobre os projetos de casas digitais está nos preços dos telões e displays de cristal líquido ou de plasma. Mundie não tem dúvida de que os preços continuarão caindo. Para as pessoas de menor poder aquisitivo, haverá soluções intermediárias. Uma delas é a aquisição de telas menores, em lugar das muito grandes. Outra possível solução será a dos sistemas de projeção de imagem, em especial com a tecnologia de cristal líquido sobre silício (Liquid Crystal on Silicon ou LCOS), que permite grande redução de custo e tem muita semelhança com os sistemas de modulação da Texas Instruments do tipo DLP (Digital Light Processors), com milhões de espelhos microscópicos.

Com ou sem fio? – Craig Mundie acha que o mundo viverá nos próximos dez anos a fusão total das redes com fio e sem fio: ‘O que esperamos ver num horizonte de dez anos é a emergência das chamadas redes comunitárias (community networks), que vão servir a áreas relativamente pequenas, mas com elevada concentração humana. Essas redes poderão, assim, atender a muita gente tanto nas metrópoles quanto em pequenas localidades ou aglomerados rurais, suprindo a demanda de banda larga até nos países em desenvolvimento, por seu baixo custo e a partir de investimentos relativamente baixos’.

Um dos grandes desafios de hoje é combinar as duas formas de acesso, com fio e sem fio em alta velocidade, como as formas de distribuição via cabo – do tipo ADSL (Asynchronous Digital Subscriber Line), serviços em cable modem ou mesmo via cabos elétricos (Power Line Distribution) -, interconectando-as com formas de distribuição wireless, como as redes locais sem fio (W-LAN ou Wireless Local Area Networks). Ao mesmo tempo, ampliam-se, de forma acelerada, as possibilidades de acesso sem fio em banda larga por meio de dispositivos móveis – como celulares, computadores de mão ou câmeras digitais. O que ninguém esperava era o crescimento explosivo do uso do espectro não licenciado, de que é exemplo a revolução das redes locais sem fio, como a Wi-Fi e, num futuro próximo, Wi-Max.’