Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Brasil cai 41 posições em índice anual da RSF

 

A organização Repórteres Sem Fronteiras, sediada em Paris, divulgou esta semana seu 10º índice anual de liberdade de imprensa. O documento traça um panorama da liberdade de imprensa em todas as regiões do mundo, estabelecendo um ranking entre 179 países. Um dos destaques foi o Brasil, com a segunda maior queda na América Latina – 41 posições, para a 99ª, por conta do alto nível de violência que resultou na morte de três jornalistas e um blogueiro em 2011.

Democracia atrelada à liberdade de expressão

Em um ano de protestos, três países árabes que reprimiram manifestações ocuparam posições ruins no índice – Síria, Bahrein e Iêmen. Os EUA também caíram 27 posições, chegando ao 47º lugar, devido ao tratamento dado a jornalistas cobrindo o movimento Ocupe Wall Street. O Reino Unido, por sua vez, caiu do 19º para o 28° lugar, embora as razões para tal ainda não sejam claras.

“Sanção severa foi a palavra do ano em 2011”, declarou a RSF. “Nunca a liberdade de informação foi tão fortemente associada à democracia. Nunca os jornalistas, por meio de seu trabalho, irritaram tanto os inimigos da liberdade de expressão. Nunca atos de censura ou ataques físicos a jornalistas foram tão numerosos. A equação é simples: a falta ou supressão de liberdades civis leva necessariamente à supressão da liberdade de imprensa. Ditaduras temem e proíbem informação, especialmente quando ela pode enfraquecê-las”.

Repetições

Os últimos lugares no ranking – os países mais repressivos – foram ocupados, mais uma vez, por Eritreia, Turcomenistão e Coreia do Norte, ditaduras absolutas que não permitem liberdades civis. Acima deles estão Síria, Irã e China. Também entre os 10 piores lugares estão Bahrein, Vietnã e Iêmen.

Muitos países da América do Sul foram marcados pela cultura da violência à mídia e impunidade por assassinatos de profissionais de imprensa. México (149° lugar), Colômbia (143°) e Honduras (135°) tiveram os piores desempenhos. Chile (80°) caiu 47 lugares por conta de suas violações à liberdade de imprensa, cometidas frequentemente por forças de segurança durante protestos estudantis.

No continente africano, houve grandes quedas. Djibouti, por exemplo, caiu 49 posições; Malaui, 67; e Uganda, 43. Por contraste, a Nigéria obteve a maior alta em um único ano: 75 posições, por conta de uma transição política. Na Europa, a Bulgária (80°), a Grécia (70°) e a Itália (61°) não trataram devidamente de questões de violações da mídia. Houve pouco progresso na França (38°), Espanha (39°) e Romênia (47°).

O Paquistão (151°) foi o país mais letal para jornalistas pelo segundo ano consecutivo. A Somália (164°), que está em guerra há 20 anos, não mostrou sinais de encontrar um modo de sair do caos pelo qual jornalistas pagam um preço alto. No Irã (175°), a humilhação dos jornalistas é parte da cultura política há anos. O Iraque (152°) caiu 22 posições e agora está aproximando o lugar no ranking de 2008 (quando ocupava o 158°). Muitas prisões foram feitas no Vietnã (172°). Na China (174°), o governo respondeu aos protestos sobre escândalos e atos de injustiça reforçando seu sistema de controle de notícias e informação. Houve prisões extrajudiciais e a censura à internet aumentou.

Os países a ocuparem as melhores posições foram Finlândia e Noruega, repetindo o desempenho do ano passado, seguidos por Estônia e Holanda. Segundo a RSF, esses países respeitam as “liberdades básicas de expressão” e servem “como um lembrete de que a independência da mídia só pode ser mantida em democracias fortes e que a democracia precisa da liberdade da mídia”. Confira o índice no site da RSF. Com informações de Roy Greenslade [The Guardian, 26/1/12].

 

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