Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

João Domingos

‘A Comissão de Direitos Humanos da Câmara anunciou ontem que obteve de cinco anunciantes de programas de TV que conteriam baixarias a promessa de que vão rever sua estratégia de propaganda. Um – Casas Bahia – não se comprometeu. Alegou que fecha pacotes anuais para todos os programas.

Sete outros anunciantes não responderam aos ofícios enviados pela comissão, entre eles o Ministério das Cidades, que faz a campanha ‘Se beber não dirija’.

No sexto ranking das baixarias, divulgado pela CDH, em primeiro lugar está a novela da TV Globo Celebridade, com 107 denúncias por apelo sexual e incitação à violência, mesma queixa dos 64 que ainda reclamam de Kubanacan, novela da Globo já encerrada. Em terceiro, aparece o Programa do Ratinho, do SBT, com 28 denúncias, de conteúdo igual ao dos dois programas campeões. Até a longa série Malhação, da Globo, que vai ao ar no fim da tarde, foi criticada,porque deveria ser exibida em outro horário.

O coordenador da campanha ‘Quem financia a baixaria é contra a cidadania’, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), disse que a intenção é continuar monitorando os programas ‘policialescos’. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), chegou a gravar uma peça publicitária para dizer que as novelas da Globo engrandecem a cultura do País. Ele não quis fazer comentários sobre o ranking das baixarias.

De acordo com o deputado Fantazzini, se os programas continuarem a cometer abusos e se as empresas não responderam aos ofícios – ou optarem por ‘lavar as mãos’ -, a campanha poderá recomendar que os cidadãos brasileiros não consumam os produtos anunciados.’



Agência Câmara

‘Ranking da baixaria tem ‘Celebridade’ em 1º lugar’, copyright Agência Câmara (www.camara.gov.br), 13/05/04

‘As novelas Celebridade e Kubanacan, da Rede Globo, ocupam o primeiro e o segundo lugar na lista do VI ranking da Campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’, divulgado há pouco. Celebridade teve 107 reclamações e Kubanacan, 64. As duas novelas foram denunciadas por serem exibidas em horários impróprios, terem apelo sexual e por incitar a violência.

A campanha registrou, no período de 13 de janeiro até o último dia 7, 1.612 denúncias fundamentadas apresentadas à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara sobre os programas que mais desrespeitam os direitos dos cidadãos.

Ratinho fica em 3º

O programa do Ratinho, exibido pelo SBT, foi classificado em terceiro lugar, com 28 denúncias que protestam contra a ridicularização da pessoa humana, o horário impróprio e por exibir apelo sexual. Pelos mesmos motivos, os telespectadores reclamaram do programa Pânico na TV, da Rede TV. Neste caso, foram registradas 20 denúncias.

O Big Brother Brasil 4, da Rede Globo, recebeu 18 reclamações por ter sido um programa que buscou audiência recorrendo ao apelo sexual. Mesma justificativa para classificar em sexto lugar o programa ‘Eu vi na TV’, da Rede TV, com 17 reclamações.

Gilberto Barros

Em sétimo lugar, com 15 denúncias, está o programa Superpop, da Rede TV, denunciado por explorar o ser humano e por usar cenas de sexo. O programa Malhação, outro da Rede Globo, entrou no ranking em oitavo lugar, com 11 denúncias, considerado impróprio para o horário vespertino.

Os programas da TV Bandeirantes, Sabadaço, com seis denúncias; e Boa Noite Brasil, com quatro, ambos apresentados por Gilberto Barros, foram apontados por 10 telespectadores como impróprios para o horário e por usarem apelo sexual. Por isso, ficaram em nono lugar na lista. O último do ranking foi o ‘Cidade Alerta’, programa da Rede Record, considerado inadequado para o horário, com oito denúncias.

Leia também a manifestação pública sobre reação do Grupo Bandeirantes de Comunicação à campanha contra a baixaria na TV.’

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‘Manifestação Pública da Comissão de Direitos Humanos’, copyright Agência Câmara (www.camara.gov.br), 12/05/04

‘As entidades parceiras na campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’ vêm publicamente repudiar o conteúdo de correspondência enviada pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação ao presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. A carta tece críticas ao coordenador da campanha, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), terminando por exigir sua retratação pública por atos praticados no legítimo exercício de seu mandato parlamentar.

A campanha deliberou por enviar ofícios aos anunciantes dos programas, recomendando que deixassem de associar seus produtos a programas que desrespeitam parâmetros éticos e legais para uma televisão cidadã. Um dos eixos da campanha é justamente esse: enviar recomendações aos anunciantes e divulgar os programas que mais desrespeitam valores e direitos humanos. Ao que parece, o Grupo Bandeirantes não gostou da atitude, acusando o coordenador da campanha de extrapolar sua função parlamentar e de ferir o Código de Ética e Decoro Parlamentar. A campanha, entretanto, tem as seguintes considerações a tecer:

Quanto ao argumento do Grupo Bandeirantes de que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias não possui competência para realizar a campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’, lembramos que, segundo o inciso VIII, do artigo 32, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a comissão, entre outras atribuições, tem competência para atuar nas seguintes áreas: recebimento, avaliação e investigação de denúncias relativas a ameaça ou violação de direitos humanos (alínea a); colaboração com entidades não-governamentais, nacionais e internacionais, que atuem na defesa dos direitos humanos (alínea c); preservação e proteção as culturas populares e étnicas do País (alínea f).

A campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’ lamenta a atitude do Grupo Bandeirantes de se colocar prontamente contrária a uma iniciativa cidadã e de grande respaldo na sociedade civil. A Rede Bandeirantes é a única das redes nacionais de TV que não estabeleceu um canal de negociação com a campanha. Em vez disso, parece querer intimidar o coordenador da campanha com pedidos de punição. O deputado Fantazzini age em cumprimento de seu mandato parlamentar e, como coordenador da campanha, atua em nome de todas as entidades parceiras. Se as redes de televisão não estão satisfeitas com as ações realizadas pela sociedade civil, que trabalhem pelo fiel cumprimento da Constituição Federal, produzindo uma programação com finalidade educativa, que promova a cultura nacional e regional, e que respeite os valores éticos e sociais da pessoa e da família.’

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‘Anunciantes comprometem-se com o fim da baixaria’, copyright Agência Câmara, 12/05/04

‘A coordenação da Campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’, ligada à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, obteve de cinco anunciantes o compromisso de rever suas estratégias de publicidade, imediatamente ou em futuro próximo, a fim de evitar o patrocínio de programas de TV de baixo nível.

O coordenador da Campanha, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), alerta que os programas policialescos continuarão a ser monitorados. ‘Se as empresas que não responderam aos ofícios permanecerem na atitude de lavar as mãos, a Campanha poderá recomendar aos cidadãos brasileiros que não consumam os produtos por elas anunciados’, alertou Fantazzini. A coordenação da Campanha enviou ofícios a 14 anunciantes de programas policialescos exibidos pela TV

Quem se comprometeu

Os anunciantes que assumiram compromisso com a Campanha foram as Casas Marabraz, de São Paulo; o Centro Auditivo Telex, também de São Paulo; a prefeitura de Fortaleza; a Secretaria da Fazenda do Distrito Federal; e o jornal Folha de São Paulo.

Outros oito anunciantes não responderam à Campanha: Tim celulares; Saridon; BRA Transportes Aéreos; Ministério das Cidades (campanha ‘Se beber não dirija’); Emagrecedor Marins; Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento de São Paulo (Sabesp); e Curso de Idiomas Wizard. As Casas Bahia responderam ao ofício, mas não firmaram compromisso.’



Tribuna da Imprensa

‘Anunciantes prometem rever anúncio em TVs de baixaria’, copyright Tribuna da Imprensa, 13/05/04

‘A Comissão de Direitos Humanos da Câmara anunciou ontem que obteve de cinco anunciantes de programas de TV que conteriam baixarias a promessa de que vão rever sua estratégia de propaganda. Um – Casas Bahia – não se comprometeu. Alegou que fecha pacotes anuais para todos os programas.

Sete anunciantes não responderam aos ofícios enviados pela comissão, entre eles o Ministério das Cidades, que faz a campanha ‘Se beber não dirija’.

Ranking

No sexto ranking das baixarias, divulgado pela CDH, em primeiro lugar está a novela da TV Globo ‘Celebridade’, com 107 denúncias por apelo sexual e incitação à violência, mesmo queixa dos 64 que ainda reclamam de ‘Kubanacan’, novela da Globo já encerrada.

Em terceiro aparece o ‘Programa do Ratinho’, do SBT, com 28 denúncias, de conteúdo igual à dos dois programas campeões. Até a longa série ‘Malhação’, da Globo, que vai ao ar no fim da tarde, foi criticada. De acordo com os queixosos, deveria ser exibida em outro horário.

O coordenador da campanha ‘Quem financia a baixaria é contra a cidadania’, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), disse que a intenção é continuar acompanhando os programas ‘policialescos’, embora na lista apareçam vários outros, como as novelas, que têm conteúdo diverso destes alvos.

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), chegou a gravar uma peça publicitária para dizer que as novelas da Globo engrandecem a cultura do País. Ele não quis fazer comentários sobre o ranking das baixarias, patrocinado pela Comissão dos Direitos Humanos da Casa que dirige.

De acordo com o deputado Fantazzini, se os programas continuarem a cometer abusos e se as empresas não responderam aos ofícios – ou optarem por ‘lavar as mãos’ -, a campanha poderá recomendar que os cidadãos brasileiros não consumam os produtos anunciados.

Compromisso

Nos ofícios respondidos por cinco empresas que prometeram mudar sua estratégia, as Casas Marabraz, de São Paulo, disseram que se solidarizam com a causa: ‘Nos comprometemos, em nossas próximas negociações, avaliar a qualidade e conteúdo da programação como itens imprescindíveis para veicular nossos anúncios’. Respostas semelhantes deram o Centro Auditivo Telex (SP), a Prefeitura de Fortaleza e a Secretaria de Fazenda do Distrito Federal. Por telefone, o jornal ‘Folha de S. Paulo’ prometeu rever sua estratégia de anúncios.

Não responderam aos ofícios: Tim Celulares, Saridon, BRA Transportes Aéreos, Ministério das Cidades, Emagrecedor Marins, Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento de São Paulo (Sabesp) e Curso de Idiomas Wizard.

Ranking das baixarias na TV segundo a Comissão de Direitos Humanos da Câmara

1 – Celebridade, da TV Globo – 107 denúncias por apelo sexual e incitação à violência.

2- Kubanacan, da TV Globo, novela já encerrada – 64 denúncias por apelo sexual e incitação à violência.

3 – Programa do Ratinho, do SBT – 28 denúncias por apelo sexual e incitação à violência.

4 – Pânico na TV, da RedeTV – 20 denúncias por apelo sexual e incitação à violência.

5- Big Brother Brasil, da TV Globo – 18 denúncias por apelo sexual.

6- Eu vi na TV, da RedeTV – 17 denúncias por apelo sexual.

7- Super Pop, da RedeTV – 15 denúncias por apelo sexual e exploração do ser humano.

8- Malhação, da TV Globo – 11 denúncias por exibição em horário impróprio.

9- Gilberto Barros (Boa Noite Brasil), da Band – 10 denúncias por apelo sexual e exibição em horário impróprio.

10 – Cidade Alerta, da Rede Record – 8 denúncias por exibição em horário impróprio.’



Consultor Jurídico

‘Novelas da Rede Globo lideram reclamações de apelo sexual’, copyright Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), 12/05/04

‘As novelas Celebridade e Kubanacan, da Rede Globo, ocupam o primeiro e o segundo lugar na lista do VI ranking da Campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’. A campanha é fruto de parceria entre entidades civis e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

Celebridade teve 107 reclamações e Kubanacan, 64. As duas novelas foram denunciadas por serem exibidas em horários impróprios, terem apelo sexual e incitar a violência.

A campanha registrou, no período de 13 de janeiro até o dia 7 de maio, 1.612 reclamações fundamentadas apresentadas à Comissão da Câmara sobre os programas que mais desrespeitam os direitos dos cidadãos.

O programa do Ratinho, exibido pelo SBT, foi classificado em terceiro lugar, com 28 protestos contra a ridicularização da pessoa humana, o horário impróprio e por exibir apelo sexual. Pelos mesmos motivos, os telespectadores reclamaram do programa Pânico na TV, da Rede TV. Neste caso, foram registradas 20 denúncias.

O Big Brother Brasil 4, da Rede Globo, recebeu 18 reclamações por ter sido um programa que buscou audiência recorrendo ao apelo sexual. Mesma justificativa para classificar em sexto lugar o programa ‘Eu vi na TV’, da Rede TV, com 17 reclamações.

Em sétimo lugar, com 15 registros, está o programa Superpop, da Rede TV, denunciado por explorar o ser humano e por usar cenas de sexo. O programa Malhação, outro da Rede Globo, entrou no ranking em oitavo lugar, com 11 denúncias, considerado impróprio para o horário vespertino.

Os programas da TV Bandeirantes, Sabadaço, com seis reclamações, e Boa Noite Brasil, com quatro, ambos apresentados por Gilberto Barros, foram apontados por 10 telespectadores como impróprios para o horário e por usarem apelo sexual. Por isso, ficaram em nono lugar na lista. O último do ranking foi o Cidade Alerta, programa da Rede Record, considerado inadequado para o horário, com oito registros.’



TV CULTURA
Daniel Castro

‘Mendonça vai apostar em minisséries’, copyright Folha de S. Paulo, 13/05/04

‘A principal promessa de Marcos Mendonça na área de programação da TV Cultura é a produção de minisséries curtas. Ele diz se inspirar no modelo da Globo de ‘O Auto da Compadecida’ (99), que, depois de exibida na TV, fez carreira bem-sucedida no cinema.

‘Esse é o modelo que vou buscar, de microsséries para TV e cinema.’ Mendonça diz que quer reeditar o PIC (Programa de Incentivo ao Cinema), que, com o intermédio da TV Cultura, financiou parcialmente 53 filmes quando era secretário da Cultura. Esses filmes foram exibidos no cinema e na TV.

Mendonça ainda pretende retomar o projeto Vera Cruz. Diz que quer transformar os galpões, localizados em São Bernardo do Campo, em modernos estúdios. Os galpões foram cedidos à Fundação Padre Anchieta.

O futuro presidente-executivo promete também ampliar a divulgação na TV de eventos culturais, como teatro, cinema, mostras de arte, festivais de música e até desfiles de moda.

Diz que estuda exibir peças de teatro, ampliar a participação da literatura na programação, realizar programas que façam ‘visitas virtuais’ a museus, transmitir os concertos da Osesp (a orquestra sinfônica estadual) e dramatizar livros que caem nos vestibulares, com recursos da Secretaria de Educação. E pretende dar mais espaço ao esporte amador.

A programação infantil, principal marca da Cultura, será mantida, mas ele ainda não tem nenhuma idéia para incrementá-la.’



TV PAGA
MMOnline

‘Net Serviços tem melhor resultado em 12 anos’, copyright MM Online (www.mmonline.com.br), 12/05/04

‘A Net Serviços, operadora de TV por assinatura ligada às Organizações Globo, registrou Ebitda (lucro antes de impostos, taxas, depreciações e amortizações) de R$ 90,5 milhões no primeiro trimestre do ano, com um aumento de 12,9% sobre o quarto trimestre de 2003. Este é o melhor resultado da história da companhia. Vale lembrar que o Ebtida é o indicador que aponta a capacidade de geração de caixa de uma empresa. O Ebit consolidado (lucro antes de juros e impostos), que reflete com mais precisão o desempenho operacional, também teve o melhor resultado desde o início das operações da Net Serviços, fechando o primeiro trimestre em R$ 28,6 milhões, com um aumento de 88,1% sobre o quarto trimestre de 2003.

Estes resultados se devem ao aumento da base de assinantes do serviços de TV (0,9% no período) e ao constante monitoramento dos custos e despesas, com foco na geração de caixa. O serviço de acesso à internet em alta velocidade (Vírtua) também registrou crescimento do número de assinantes, da ordem de 23,5% em relação ao trimestre anterior. Assim, a empresa fechou o mês de março com 1,364 milhão de clientes em TV por assinatura e 113 mil em acesso à internet.

A receita líquida no primeiro trimestre do ano ficou em R$ 333,5 milhões, ou 1,2% a menos que no trimestre anterior. O motivo foi a menor receita com o pay-per-view, diante do adiamento do Campeonato Brasileiro de Futebol, que teve início apenas em 21 de abril. Mas o melhor desempenho operacional no trimestre levou a uma redução de 33,3% no prejuízo líquido, que ficou em R$ 77,8 milhões no período. Antes das despesas financeiras e de impostos, o resultado ficou positivo em R$ 28,6 milhões.’

ENTREVISTA / GAY TALESE

Luciana Moherdaui


‘A arte de sujar os sapatos’, copyright A Tarde, 14/05/04


‘Avesso ao gravador e à internet para obter informações e escrever reportagens, o escritor e jornalista americano Gay Talese, 71, defende que um bom repórter é o sujeito que sai às ruas em busca de novidades e não aquele que fica na redação sentado atrás de um computador.


Examinador contumaz do mundo ao seu redor, Talese escreveu um dos perfis mais famosos da história, Frank Sinatra está resfriado, com apenas um bloquinho de anotações. Impedido de falar com Sinatra (acometido de um vírus na garganta), o jornalista transformou dezenas de entrevistas com pessoas ligadas ao músico e seis semanas de observação à sua rotina em Los Angeles (EUA) num artigo de 55 páginas publicado na revista Esquire, em 1965.


Esse e outros textos de não-ficção fazem parte do chamado new journalism e foram parar em uma nova edição rebatizada com o título original, Fama e Anonimato, que a Companhia das Letras publica agora em sua coleção Jornalismo Literário.


O novo livro reúne textos do antigo volume de Aos olhos da multidão, lançado no Brasil em 1973, pela Expressão e Cultura, e traz ainda os inéditos Na ponte, no qual o repórter volta para a Verrazano-Narrows, ponte que biografara 40 anos antes, em reportagem que publicou na revista The New Yorker em dezembro de 2002, e Como não entrevistar Frank Sinatra, texto do final dos anos 80 que conta como ele escreveu o perfil do cantor.


Talese é autor do mais famoso livro sobre a história do jornal The New York Times, onde trabalhou de 1955 a 1965. Quatro anos depois, publicou The Kinddom and the Power (O reino e o poder). Em entrevista por fax, Talese criticou o jornalismo praticado atualmente e anunciou que deve terminar o próximo livro entre julho e agosto, projeto que envolve de John Bobbitt a uma jogadora chinesa de futebol que perdeu um pênalti em 1999.


A TARDE – Por que relançar Fama e Anonimato numa época em que perfis como os que o senhor escreveu sobre Joe DiMagggio e Frank Sinatra para a revista Esquire perderam espaço na imprensa mundial? O senhor acha que é possível que a imprensa mundial volte a investir em artigos que levam meses para serem concluídos, como ocorria nos anos 60?


Gay Talese – Só posso esperar que o tipo de trabalho que eu fiz anos atrás, e que está sendo relançado no Brasil, ainda possa ser feito; e ele ainda deve ser feito. O sucesso desse tipo de texto prova que – assim como um conto fictício, um romance ou uma peça de teatro – uma obra de não-ficção pode despertar interesse duradouro em leitores sérios. O que importa não é o tema (tanto faz se é sobre Sinatra, Di Maggio ou Peter O´Toole; ou sobre um escritor de obituários, um técnico em pontes ou um porteiro de hotel…) O que importa mesmo é: Quão boa é a escrita? Quão bem representada é a história? Sou um contador de histórias. Minha obra é narrativa, novelística, embora também seja acompanhada por pesquisa extensiva e cuidadosa. Acredito que meu editor no Brasil tenha reconhecido esse esforço ao decidir relançar Fama e anonimato, e eu espero que estudantes de não-ficção o acolham bem e encontrem em suas reportagens exemplos úteis a seguir.


A TARDE – Como avalia o jornalismo praticado atualmente? O new journalism surgiu para permitir uma abordagem mais criativa das reportagens, possibilitando ao autor se inserir na narrativa ou assumir um papel de observador neutro. Casos como o de Jason Blair (ex-repórter do The New York Times demitido por fraudar reportagens em junho de 2003) e Jack Kelley (ex-repórter do USA Today acusado de plágio em janeiro de 2004) seriam uma forma de extrapolar a imaginação jornalística?


Talese – Não gosto do termo new journalism. O que eu faço não é jornalismo e não é novo. É contar histórias, como eu disse acima; é uma crônica sobre a vida e o tempo das pessoas e lugares sobre os quais eu escrevo. Sempre acreditei que as histórias de verdade – histórias com nomes reais e lugares reais – podem ser tão literárias, tão relevantes, tão artisticamente significativas quanto obras de ficção como romances e peças de teatro. Mas, quando você fala de ‘jornalismo’, do tipo que é praticado por gente como Jayson Blair, você está falando de uma coisa que -é claro – não se associa com o que eu faço; eu acho que os repórteres mais jovens (a geração de Blair) são muito menos sérios e cuidadosos do que eram os repórteres de minha época, nos anos 60 e 70. Muitos jovens repórteres de hoje ambicionam se tornar ‘celebridades’, mas não tanto a ponto de aceitar o difícil trabalho de refinarem seu talento e de se assumirem como responsáveis pela acuidade da representação da realidade que eles fazem, como nós jornalistas de meados do século passado fazíamos.


A TARDE – Bob Woodward tem sido criticado por ter se aproximado demais do governo americano. Como o senhor vê o jornalista que ajudou a derrubar Nixon, nos anos 70, e transformou o jornalismo numa profissão de glamour fazer parte de um sistema que revela com minúcia em Plan of Attack (Plano de ataque)? No livro, Woodward revela que também se tornou parte da história quando participou da negociação do governo para que um artigo sobre um possível atentado terrorista não fosse publicado no Washington Post?


Talese – Bob Woodward e seu Plan of Attack. Eu respeito Bob Woodward. Ele realmente tenta atingir a verdade dos fatos, e estou certo de que consegue. Tenho visto Woodward em noticiários televisivos e ele sempre enfatiza que se importa muito com a precisão do que escreve e insiste que há sempre duas fontes confirmando o que quer que ele escreva. Quanto a responder se ele se tornou próximo demais dos poderosos de Washington (inclusive do presidente George W. Bush), não sou eu quem pode dizer. Muita gente na imprensa tem intimidade com as fontes, e não diz nada aos leitores a não ser propaganda. Outros informam o público com propriedade. Um dos grandes repórteres atualmente é Seymour Hersh, da The New Yorker. Foi ele quem escreveu esta semana um texto extenso sobre os abusos dos militares americanos no sistema prisional iraquiano.


A TARDE – A proximidade do poder arranha a credibilidade dos repórteres que cobrem Washington? Como o senhor avalia a atuação da imprensa americana do pós-11 de setembro até a invasão do Iraque?


Talese – A situação das armas de destruição em massa é o exemplo mais recente da fraqueza da imprensa nos EUA. Acredito que a imprensa de Washington, que cobre o Departamento de Defesa e a Casa Branca, está entre os mais vacilantes supostos representantes da liberdade de expressão dos EUA. Se eles tivessem sido mais agressivos em relação ao governo americano há cerca de um ano – se tivessem exigido provas de que as armas de destruição em massa existiam -, poderíamos ter evitado a invasão e a ocupação. Mas o povo americano foi desconsiderado pelos jornalistas que cobrem Washington. Eles parecem ter sido simplesmente intimidados pelo poder. É triste ver o secretário (Donald) Rumsfeld e os generais no Departamento de Defesa intimidando repórteres como se eles fossem estudantes de segundo grau…, e os próprios repórteres são tão inseguros e crédulos que imprimem as mentiras e as insinuações que o governo americano faz circular.


A TARDE – O new journalism é fruto de uma reaproximação entre o jornalismo e a literatura – que é, de certa forma, a sua matriz. Com o afastamento cada vez maior entre o jornalismo – e o seu público – e a palavra escrita, que futuro vê para reportagens que se apropriam de técnicas literárias?


Talese – Que futuro há para as técnicas literárias? Veja o meu livro, por exemplo. Foi publicado pela primeira vez nos EUA nos anos 1970; foi relançado em várias línguas desde então, e ainda vende bem hoje, décadas depois. E no seu país, me orgulho em dizer, os editores o estão republicando!


A TARDE -Que conselho o senhor daria a essa nova geração de jovens que chega às redações sob a cultura da internet?


Talese – Não uso a internet. Quando se trata de apurar, eu não confio em ninguém a não ser em mim mesmo. Evito entrevistar pessoas pelo telefone. Prefiro ver quem entrevisto – face a face; é o que recomendo. Talvez seja inconveniente, mas não importa: é altamente recomendável. Colaborou Daniel Lisboa’

NOVO JORNAL DA TARDE

O Estado de S. Paulo


‘‘Jornal da Tarde’ conclui processo de reformulação e retoma origens’, copyright O Estado de S. Paulo, 13/05/04


‘A partir deste mês, o Jornal da Tarde retoma as origens de jornal mais próximo da população e passa a circular com dois cadernos – produtos conhecidos pelos leitores, mas totalmente reformulados e repaginados: o Divirta-se e o Seu Dinheiro, novidades que integram a nova fase do JT.


A reformulação reforça a vocação de jornal atrativo visualmente – dinâmico, leve e colorido – com textos objetivos, curtos e de qualidade, que podem ser lidos por toda a família. Com ampla cobertura, principalmente nas áreas de esportes, cidades e variedades, além de contar com um conjunto de suplementos encartados diariamente, trazendo uma opção para cada dia da semana, o foco editorial do Jornal da Tarde sempre privilegiou um jornalismo de serviços regulares, de denúncias, oferecendo linhas diretas com os consumidores e os organismos oficiais.


Dentro dessa linha editorial, uma das grandes novidades do novo projeto é o lançamento do guia de variedades Divirta-se, que vai trazer todas as sextas-feiras, a partir de 21 de maio, as melhores informações sobre lazer na cidade de São Paulo, com a proposta de oferecer opções de interesse, simples e de preços acessíveis. Outro lançamento é o Seu Dinheiro, ampliação da seção com o mesmo nome. O novo caderno passa a circular a partir do próximo dia 25, com textos e serviços de economia popular, voltados para o cidadão comum. O caderno não vai tratar de aplicações, mas de como ‘esticar’ o dinheiro do consumidor no mês.


O relançamento do JT ainda tem os cadernos Sua Vida (sábado), o Empregos (segunda), o suplemento Variedades Televisão (domingo) e a seção Força dos Bairros (quinta). O Sua Vida é voltado à família, com foco em saúde, comportamento, alimentação e educação. Temas que, segundo pesquisa do Instituto Ipsos-Marplan 2004, não são abordados de forma satisfatória nos jornais em geral. Empregos/Classificados de Empregos também ganha novo formato, com foco em ofertas para as classes B e C. A nova seção Força dos Bairros pretende promover a aproximação entre o JT e a comunidade e visa a construir a imagem do jornal como parceiro na luta pela qualidade de vida nos bairros. Cada semana será contemplado um bairro ou região.


De acordo com o diretor de Marketing do Estadão e JT, Antônio Hércules Júnior, a reformulação do JT corresponde ao conceito de que um jornal deve estar em constante adaptação ao gosto dos leitores. ‘As mudanças fazem com que o Jornal da Tarde seja ainda mais fácil e gostoso de ler, sempre preservando suas características de ser um jornal completo.’ No início deste mês, o Jornal da Tarde lançou a edição especial para a Zona Leste da cidade de São Paulo, a exemplo do que já fazia com as Edições Regionalizadas. ‘O plano é levar a experiência para as demais regiões, caracterizando o JT como um jornal da cidade e de perfil popular’, observa o editor-chefe do JT, Celso Kinjô.’