Bem atrasado, li agora uma notícia, “Jornal denuncia que agência Reuters mentiu sobre discurso do Papa e o ‘matrimônio’ gay” (14/1). E, continuando a navegar na blogosfera, encontrei um monte de posts descendo a lenha no líder espiritual dos católicos que supostamente menciona que “o matrimônio gay é uma das várias ameaças à família tradicional que ameaçam ‘o próprio futuro da humanidade’”. Porém, segundo Andrew Brown, do Guardian (original aqui), o papa Bento 16 não menciona “matrimônio gay” em seu discurso.
Entre as duras críticas, parei na coluna do deputado Jean Wyllys na CartaCapital (ver aqui), em que começa: “O papa Bento 16 disse que o casamento homossexual ‘ameaça o futuro da humanidade…’ e continua ‘…Nós, homossexuais, também sabemos disso: o nosso destino na Alemanha nazista, onde Bento 16 passou sua juventude, era o mesmo dos judeus, só que, em vez da estrela de Davi, o que nos identificava nos campos de concentração era o triângulo rosa…’.”
Voltando ao erro da Reuters: “Sim, o papa é católico. Mas não disse que o matrimônio gay seja uma ameaça para a humanidade. O papa Bento 16 disse muitas coisas sobre a ecologia e a economia em seu discurso. Então, para quê inventar outra notícia?”, escreveu Brown em seu artigo (aqui de novo). Sem entrar no mérito da razão ou da moral provisória (obrigado, Descartes) do assunto em si, pergunto: por que o jornalista Philip Pullella, da agência Reuters, manipulou o discurso do papa? Provocando sentimentos de ódio, como o do nosso tão estimado deputado Jean?
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[João M. A. da Silva, é tecnólogo, Lorena, SP]