Não estou seguro em apoiar ou condenar a atitude do governo em relação ao correspondente do NYT. Entretanto, tenho percebido que todas as vezes em que ocorre qualquer fato que seja contrário aos interesses de jornalistas surgem vozes (de outros jornalistas) alegando desrespeito à liberdade de expressão. Repito, não tenho segurança para apoiar a atitude do governo, mas me parece que o que foi feito não caracteriza uma violação ao direito de livre expressão. Pode até mesmo ter ocorrido uma ação arbitrária e ilegal do governo, mas nem toda ação ilegal e arbitraria implica desrespeito à liberdade de imprensa. Parece claro, sem maiores contestações, que a reportagem (que não li) foi injuriosa, falsa, mal-intencionada e desrespeitosa.
Portanto, apenas pelo fato de ser injuriosa ensejaria uma responsabilização de seu autor, que deveria ser punido (não estou dizendo que essa atitude do governo foi uma punição, e muito menos, correta…), sob pena de elevarmos à condição de semideuses os senhores jornalistas, permitindo que – em nome do respeito à liberdade de imprensa – tudo possam dizer de qualquer um, sem qualquer responsabilização sobre o que afirmaram. Essa alegação (de desrespeito a liberdade de imprensa) me lembra o argumento utilizado por um ex-colega motorista de táxi que vociferava contra a decisão do Detran de só permitir o trânsito de ônibus em determinada via. Alegava ele que tal atitude feria o seu sagrado direito de ir e vir… Ora, tudo tem limite…
Emanuel Cunha Lima, advogado, Recife
Só mesmo no OI
Parabéns pela matéria. Só mesmo no Observatório uma análise mais pormenorizada como essa tem espaço.
Tariana Brocardo Machado, jornalista, São Paulo
Para o Febeapá
A bagunça certamente entusiasmaria Sérgio Porto, se vivo estivesse, a dar continuidade ao seu Febeapá. Mas o que me intrigou neste processo foi o fato de o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, José Genoino, ter sido ouvido como fonte oficial na defesa do presidente. Será que o Poder Executivo está tão desaparelhado de pessoal competente para que o presidente do partido tenha que sair em defesa do presidente? Pelo que sei, se nos EUA algum jornal espinafrar o senhor George W. Bush não será o presidente do Partido Republicano (se é que ele existe) que sairá em defesa do mandatário como se fosse uma autoridade. Seria a própria Casa Branca que se encarregaria de dar a resposta. A mesma coisa ocorre, também creio eu, na Grã-Bretanha. Nunca ouvi falar que algum representante do Partido Trabalhista tenha respondido a qualquer canelada no primeiro-ministro Tony Blair. A resposta sairá de Downing Street. Pelo que sei, presidente de partido não tem autoridade fora da sua agremiação.
Também, em regimes democráticos (mesmo num com excesso de atipicidades como o nosso), partido e governo estão separados oficialmente. O partido até pode se expressar, mas a autoridade do presidente da República é maior. Ou estarei errado? Agora, que mudança ocorreu no Estado brasileiro para que um presidente de partido tenha status de autoridade? Se isto aconteceu, tanto eu quanto boa parte da população brasileira não fomos avisados. Pelo que sei, este tipo de coisa ocorreria apenas em governos de partido único, como o é a China e o foram a Alemanha nazista ou a Itália fascista. Será que estamos sendo encaminhados para esta situação, e não o sabemos?
Rubens Pellini Filho, jornalista, Sorocaba, SP
Do lado de Rohter
Como se não bastasse a ‘pisada de bola’ do Sr. Rohter, quando diz que o povo brasileiro se preocupa com a ‘bebedeira’ de Lula, inacreditavelmente sites como o do jornalista Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br) parecem concordar com o que o Sr. Rohter afirma sobre Lula. Como pude constatar, pessoalmente (porque várias vezes tentei publicar) em sua coluna ‘Bronca Geral’, parece que qualquer texto que critica a imprensa é rejeitado.
Ronaldo de Oliveira, engenheiro de computação, Florianópolis
Doses de sabedoria
Grato pelas generosas doses de sabedoria que nos empresta.
João Jabbour, jornalista, Bauru, SP