Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mal-assessorado e mal focado

Também neste caso da matéria do New York Times Lula demonstrou estar muito mal-assessorado. ‘Soluções extremadas’ com a imprensa nunca resolvem, voltando-se contra quem se arrisca a tomá-las. E a ‘cordialidade’ brasileira? E a ‘nonchalance’ de um JK, que perdoava inimigos e adversários, criando assim uma aura favorável para si próprio? Por fim, a matéria do jornal americano – que, como disse um colunista da Folha é de fato um lixo, mal-escrita e mal costurada – coincide praticamente com a decisão da OMC de apoiar o pleito brasileiro quanto ao algodão, o que abre um extraordinário front nas negociações sobre o comércio de produtos agrícolas no tabuleiro internacional.

O redator da matéria estará vinculado a algum lobby? De todo modo, o que Lula e seus assessores precisam considerar é que aceitar provocações e reagir com dureza a elas pode, sim, ofuscar os poucos ganhos do governo até aqui, quase todos na frente internacional. Enquanto isso, continuamos esperando o cumprimento de parte, ao menos, das promessas eleitorais – e que se coloque o foco das ‘iniciativas sociais’ em primeiro lugar na área da educação, o que reverberaria para todas as outras. Num país de tão curta memória, é preciso não esquecer as lutas em prol de uma revolução educacional que sucederam à Revolução de 30, encabeçadas por Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Cecília Meireles e outros – e que se tivessem vingado teriam mudado o rumo de nossa história.

Em lugar de centros de educação infantil, como o concebido por Teixeira e Meireles, na década de 30, temos hoje as Febem, o altíssimo número de jovens na criminalidade, a total incerteza de emprego digno para os jovens e a carência total de um projeto nacional, capaz de inspirar rumos à juventude brasileira. Mal-assessorado e mal focado, revela-se o governo que, como milhões de brasileiros, ajudei a eleger com entusiasmo e esperança!

Leila V.B. Gouvêa, jornalista



Ainda há juízes

Inicialmente, merece felicitações a decisão do ministro do STJ, Barros Monteiro, concedendo salvo-conduto ao repórter americano. Graças a Deus, ainda existem juízes na tenra democracia brasileira. Um registro final se impõe: o senador Sérgio Cabral foi mal-orientado ao optar pela impetração de outro habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. O cancelamento do visto de permanência foi determinado pelo ministro da Justiça, não tendo o presidente da República emitido qualquer decisão a respeito. Portanto, na forma do art. 102, I, alínea ‘d’, da Constituição Federal, não tem o STF competência para julgar habeas corpus impetrado contra ato de ministro de Estado.

João Sérgio Leal, procurador da República, Rio de Janeiro



Nem pra Disneylândia

Apóio integralmente e aplaudo o governo brasileiro pela expulsão do jornalista norte-americano. Só acho que oito dias para que ele arrume as suas malinhas e vá pra casa é muito tempo. Vinte e quatro horas seriam suficientes. Ao contrário dos paladinos da Justiça e dos defensores da liberdade de imprensa de ocasião, não considero que haja qualquer censura nem cerceamento da liberdade de imprensa, neste caso. Imaginem se um jornalista brasileiro, trabalhando nos Estados Unidos, fosse escrever que George W. Bush é maluco, assassino e sanguinário, pela matança que anda promovendo no Iraque. Nem visto pra Disneylândia a gente consegue…

Cesar Oliveira, publicitário, Rio de Janeiro



Faltou o Duda?

Apesar da ofensa, a matéria do Times foi uma chance de o presidente voltar a contar com a consideração geral da nação, como no início do mandato. Não se sabe por que esta atitude grotesca de expulsar o correspondente. Puro orgulho? Faltou diálogo, faltou perspectiva. Faltou Duda Mendonça?

Lucas Gnigler, estudante, Curitiba



E o piloto?

O governo brasileiro também errou quando expulsou o comandante da companhia aérea que fez um gesto obsceno ao ser fotografado para identificação no aeroporto de Cumbica?

Gerson Canizares, consultor, São Paulo