Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carlos Fernando Gross

‘Cinco anos e meio após a privatização, a Embratel ainda é a principal operadora de longa distância do país. E está a caminho de uma nova etapa da sua existência. Conforme divulgado ao final de 2003, a MCI, sua controladora, pretende vendê-la. Não será a primeira venda nas telecomunicações desde a privatização, mas sem dúvida será a mais importante. Pelo tamanho da Embratel e pelo seu papel na dinâmica competitiva do setor, dependendo de como essa operação seja conduzida, tudo pode mudar nas telecomunicações brasileiras.

De longe, a maior preocupação reside na possibilidade de que a Embratel seja vendida para uma joint-venture formada por Telemar, Telefônica e Brasil Telecom. Essa operação teria implicações nada triviais para a estrutura do setor de telecomunicações, o funcionamento do seu modelo regulatório, o bem-estar dos consumidores e a própria competitividade da economia brasileira.

A compra da Embratel pela joint-venture das concessionárias locais resultaria, em um primeiro momento, na quase total verticalização da telefonia fixa do país (local e de longa distância) e, em seguida, na remonopolização das telecomunicações brasileiras. A parceria na compra da Embratel acabaria com a rivalidade, que já parece pequena, entre as três concessionárias. Com o controle da empresa e maior poder de mercado, ficariam sem concorrentes à altura para ameaçá-las.

Isso lhes permitiria bloquear a entrada de novos concorrentes e expulsar os atuais, inclusive em outros segmentos das telecomunicações. Uma vez formado o monopólio, seria difícil para a Anatel impor regulações pró-competição. Não demoraria muito, o regulador seria capturado pelo novo monopolista privado do setor, que consolidaria a sua posição dominante e a capacidade de extrair rendas monopolistas dos consumidores.

Vale lembrar, todo o modelo regulatório das telecomunicações foi calcado na idéia de um grau crescente de concorrência. Por isso, dividiu-se a Telebrás em 13 companhias, criaram-se empresas-espelho e permitiu-se que as empresas entrassem nos mercados umas das outras.

Admitir a instalação de um monopólio privado nas telecomunicações seria o mesmo que punir os consumidores, reduzir a eficiência econômica, atrasar o progresso tecnológico do país e dificultar o trabalho do regulador. Mas esses custos não seriam os únicos impostos à economia.

Com tarifas mais altas e serviços que poderiam ficar tecnologicamente mais atrasados no setor de telecomunicações, a competitividade de toda a economia estaria comprometida. Particularmente os setores mais dinâmicos, como finanças, turismo e eletrônica, ficariam em grande desvantagem em relação a seus concorrentes de outros países. Por isso, um monopólio nas telecomunicações é uma aberração em uma economia aberta e competitiva.

Os prejuízos macroeconômicos também poderiam ser grandes, considerando o momento por que passa o Brasil, em que a prioridade é o estabelecimento de regras claras e estáveis, e de reformas que permitam aumentar o investimento e acelerar o crescimento sustentado. Uma mudança tão dramática em um setor como as telecomunicações – que vem tendo no país um bom desempenho – comprometeria seriamente a credibilidade das instituições econômicas. Mais ainda, tal retrocesso aumentaria de forma significativa o risco regulatório na economia como um todo, em particular para os investidores. A estabilidade e a transparência das regras estariam em xeque.

Perdem os consumidores, a economia do país e as outras firmas do setor – então, a quem interessa a compra da Embratel pelas concessionárias locais?

Potencialmente, à MCI, que assim talvez obtenha um preço mais alto na venda da empresa. E, obviamente, às próprias operadoras de telefonia fixa, que como monopolistas poderão obter margens de lucro muito mais elevadas do que em um ambiente competitivo. Um ganho privado, para um grande prejuízo da sociedade como um todo. Não parece um grande negócio para o Brasil. CARLOS FERNANDO GROSS é vice-presidente da Firjan.’

 

SP, 450
Mario Lima Cavalcanti

‘SP 450 anos: sobre as coberturas online’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 27/01/01

‘Pois é, Sampa fez 450 anos no último dia 25. Em homenagem, eu, carioca da gema, peguei depoimento de três paulistanos da gema e que convivem profissionalmente com o meio virtual para saber o que eles acharam das coberturas e especiais online sobre os 450 anos de São Paulo. As coberturas online foram satisfatórias? Gostaram do que viram?

Aline Sordili, editora do Portal Veja SP, acredita que as coberturas online poderiam ser melhor trabalhadas: ‘Acredito que a cobertura online de grandes eventos precisa se reinventar. É preciso sair apenas do factual, ou do texto relatorial, já que em eventos deste porte não podemos contar com informações oficiais em tempo real, nem mesmo competir com as coberturas de fôlego dos jornais diários, que contam com equipes evidentemente muito maiores que os sites. Os veículos na Web precisam investir em uma cobertura multimídia, com fotos, vídeos e até mesmo áudio. É claro que a boa reportagem e a cobertura ‘in loco’ se fazem muito necessárias, por isso, contamos com três repórteres na cobertura do dia 25 que saíram às ruas com câmeras digitais. No Portal Veja São Paulo, lançado no último dia 17, investimos nos formatos multimídia. Criamos álbuns de fotos, entrevistas em vídeo e até mesmo três rádios desenvolvidas pela Usina do Som para a data. Não é à toa, o investimento valeu à pena: a área de vídeo foi a segunda mais acessada no site, perdendo apenas para a homepage. Contamos com a colaboração também de outras marcas Abril, como a Claudia Cozinha, a Arquitetura e Construção e a Quatro Rodas, que produziram materiais especiais temáticos em diversos formatos para os sites Abril em comemoração ao aniversário de São Paulo’.

‘Gostaria de mais informações históricas, como a data pedia. Datas comemorativas e históricas exigem resgate de memória. Como por exemplo: no Páteo do Colégio tinha um grupo de missionário das Ilhas Canárias. Por quê? Porque Anchieta nasceu lá e os sites mal relataram a homenagem. Ou ainda um fato bem mais contemporâneo: por que Caetano cantou ‘Morena dos olhos d´água’ para Maria Helena Mendes Caldeira? Porque Chico Buarque compôs essa música para ela. Acredito cada vez mais em profundidade e menos em tempo real na Web. Os sites que cumprem a função do tempo real devem estão se tornando insuficientes para leitores fiéis. Quem faz internet precisa assumir que não sabe tudo, mas que tem o fantástico hiperlink à sua disposição e pode linkar seu conteúdo para os donos da informação. Os sites devem acabar com o receio de perder o usuário para outros sites e dar cada vez mais link’, completa.

Para André de Abreu, arquiteto de informação na área de e-learning da Universidade Anhembi Morumbi, as coberturas foram boas, mas considera triste o fato de as atenções à exploração da capacidade da mídia digital sejam dadas somente em ocasiões especiais: ‘Em geral gostei bastante. A maioria dos portais montou alguns hotsites que de tanta informação mais pareciam sites normais, existiu um ótimo trabalho de pesquisa. Houve também vários exemplos de bom uso de Flash. Gostei bastante do trabalho de pesquisa de curiosidade e histórias de São Paulo e do uso de multimídia. Um bom destaque é o site da própria prefeitura, que é bastante informativo e contou com atualizações praticamente em tempo real durante os eventos.’

‘O triste é que se vê esse trabalho de pesquisa e desenvolvimento de multimídia apenas em ocasiões especiais como essas. A desculpa para isso não acontecer no dia-a-dia é o tal fator tempo. Mas seria interessante que as redações recuperassem o conceito de repórter e equipe especial, que teriam mais tempo para desenvolver conteúdos elaborados. Alguns portais rebatem dizendo que isso não é interessante porque o leitor quer coisas rápidas. O que não é verdade. Apesar de não chamar a atenção dos internautas que querem apenas dar uma olhada nas últimas notícias, esse tipo de material atrai um internauta ainda mais qualificado que o internauta padrão (que geralmente já tem nível superior e uma boa renda). Conseqüentemente, isso também atrairia anunciantes mais qualificados do que aqueles padrão. Infelizmente a filosofia brasileira é inversa. Enquanto lá fora as empresas de web pensam em investir para depois lucrar, a palavra de ordem aqui é lucrar gastando o mínimo possível, ou cortando o pessoal das redações, ao invés de investir na criação de materiais de melhor qualidade como chave para o lucro.’

Daniela Bertocchi, diretora da USP Online e criadora do weblog Inter.mezzo, sobre jornalismo multimídia, aponta algumas coisas que poderiam ser melhoradas em uma cobertura online: ‘Sou apaixonada por São Paulo e sua história, mas infelizmente não consegui acompanhar de perto a cobertura online porque a USP fez 70 anos no mesmo dia em que São Paulo completou seus 450 anos. Acompanhei com um pouco mais de atenção os cadernos especiais SP 450 da Folha de S. Paulo. Havia fotos e infográficos magníficos no papel; mas online, predomina ainda o texto. No especial do USP 70 anos, por exemplo, reunimos esforços para digitalizar fotos antiqüíssimas, recuperar áudios da Rádio USP, digitalizar reportagens da TV USP; enfim, agregar as produções das mídias uspianas nos mais diversos formatos. Penso que esse é o nosso desafio e de todos aqueles envolvidos em coberturas online de grandes eventos: proporcionar uma experiência mais rica para o usuário.’

Gostaria de saber a opinião de vocês leitores. O que acharam das coberturas dos 450 anos de São Paulo realizadas pelos sites noticiosos? Utilize a área de comentários e deixe a sua opinião registrada.’

 

Daniel Castro

‘TVs faturam R$ 30 mi com 450 anos de SP’, copyright Folha de S. Paulo, 28/01/01

‘As comemorações dos 450 anos de São Paulo movimentaram, na TV, cerca de R$ 30 milhões com publicidade institucional de empresas que homenagearam a cidade. O cálculo é de Octavio Florisbal, diretor-geral interino e superintendente comercial da Globo.

Quase todos os investimentos foram monopolizados pela Globo. Uma pequena fatia ficou com o SBT. As demais redes, que não conseguiram vingar seus projetos pela efeméride, praticamente não receberam verbas.

Para o consultor de mídia Antonio Rosa Neto, foi um ‘resultado excelente para janeiro’, ainda mais que o aniversário da cidade não é uma data que demanda consumo. Mas, por isso mesmo, é incomparavelmente menor do investimento em ocasiões que estimulam as compras, como Natal e Dia das Mães, por exemplo.

‘Datas como o aniversário de São Paulo só atraem anúncios institucionais [que não vendem produtos, mas imagens de empresas]. E anúncios institucionais em épocas de retração são um luxo’, afirma Rosa Neto.

De acordo com o serviço Controle da Concorrência, que monitora inserções publicitárias na TV, os maiores anunciantes da Globo no dia 25, pelos 450 anos de SP, foram HSBC (11 minutos e meio), McDonald’s, Governo do Estado de SP, Prefeitura de São Paulo e Casas Bahia. No SBT, lideram Casas Bahia (26 minutos), Prefeitura de SP e Petrobras.

OUTRO CANAL

Nova era 1

Flávia da Matta, que ocupava o cargo de diretora de desenvolvimento de programas e novos projetos, deixou a Band anteontem. Cedeu espaço no borderô da emissora para as novas contratações de Marlene Mattos, que no mesmo dia assumiu a direção artística da rede.

Nova era 2

Em sua primeira reunião com os apresentadores da casa, Mattos afirmou que há, sim, condições de se trabalhar na Band _uma alfinetada em globais que, na emissora, não decolaram.

Recuperação 1

Depois de um ano e meio de quedas consecutivas, a TV paga nacional voltou a crescer. Segundo dados inéditos da PTS, empresa que monitora o mercado, o terceiro trimestre de 2003 fechou com 3,466 milhões de assinantes, 47 mil a mais do que no segundo semestre do mesmo ano, um crescimento de 1,38%.

Recuperação 2

Ainda é cedo para falar em retomada da TV paga. Os analistas só arriscam que a TV por assinatura parou de cair.

Recorde

A chuva em São Paulo ajudou a ensolarada (e fraquinha) ‘Da Cor do Pecado’. A nova novela das sete estreou anteontem com 41 pontos (com 58% de ‘share’, participação no total de televisores ligados) no Ibope. É a mesma marca da estréia de ‘Uga Uga’ (2000), que teve ‘share’ de 55%. No Datanexus, marcou 36 pontos.’