Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalismo e SEO: combinação perfeita?

É fascinante observar, analisar e estudar como os novos hábitos de consumos informacionais dos antigos leitores, hoje prosumers, estão imputando no jornalismo digital habilidades que conciliem diversas áreas de atuação, como o campo do search engine optimization, ou SEO. Técnicas e táticas que eram antes encaradas como fora do segmento das comunicações atualmente são vistas como ferramentas mais do que necessárias.

Aliás, alguns profissionais afirmam que o bom jornalista é uma espécie de profissional de SEO nato. Tal afirmação leva com base o texto em si, já que prender a atenção do leitor no primeiro parágrafo é tarefa primordial. E uma das técnicas utilizadas é o conhecido lead, artifício também resgatado na otimização de textos para os mecanismos de buscas.

Assim como no impresso, na web as informações básicas devem estar na cara do leitor. Caso contrário, ele fará um escaneamento por palavras-chaves e, caso não as encontre, abandonará a página. Isso é refletido também na arte de se produzir um título substancial, herança, mais uma vez, do glorioso papel. Com uma oferta escassa de 50 toques, desenhar uma manchete “otimizada” era tarefa fundamental do editor. Hoje, um título bem construído, também com os escassos 50 caracteres, é mais do que necessário.

Projeto Monkey

Obviamente, o digital possui recursos quase infinitos, quando comparado com o jornal impresso. Só pelo fato de podermos dar continuidade ao texto, com atualizações em tempo real e sem limitações de espaços ou recursos, faz com que o trabalho de escrita na internet passe a ser ainda mais estrutural do que antes.

Porém enganam-se aqueles que blasfemam contra a união do jornalismo com o SEO, alegando que a escrita passará a ser apenas técnica, sem substância. Com as recentes investidas do maior mecanismo de buscas da internet, o Google, com o Panda, produzir conteúdo jornalístico para a internet pede um trabalho redobrado para com o usuário. Mais do que nunca o jornalismo escreve para os leitores.

Algoritmos não produzem conteúdo. Quem produz conteúdo de forma racional e estrutura é o homem. Prova disso é o projeto Monkey, da Northwestern University, no Estados Unidos, onde um audacioso programa de computador, tendo como base as informações disponíveis na internet, consegue construir artigos e reportagens quase tão completas quanto um jornalista. Com um banco de dados do tamanho do mundo, conferir nomes e dadas para o Monkey é coisa de criança.

Acontece que foram poucos os que questionaram e muitos os que se assustaram. É o fim do jornalismo? Não. O Monkey se baseia nas informações disponíveis da internet, informações construídas por humanos, não por máquinas. Isso corrobora que o Google quer focar ainda mais o usuário, obrigando os produtores de conteúdo a escreverem para máquinas e para os usuários.

Um jornalismo digital ainda melhor

Otimizar um texto não significa sacrificar o bom jornalismo. Otimizar um texto não significa escrever para robôs e, quem sabe, produzir para humanos. Usar técnicas de SEO significa, apenas, dar amplitude ao seu conteúdo, maximizando seu alcance e atingindo de forma mais precisa públicos específicos. Artigos bem escritos e otimizados são mais bem aceitos por máquinas – e humanos.

Unir SEO com jornalismo é uma arte. Há muita coisa para ser aprendida nesse campo. Muitos profissionais já deram os primeiros passos, quebrando a barreira e o ceticismo de se unir áreas “diferentes”. Outros profissionais, mais experientes, já começam a montar cursos pelo Brasil. É fascinante observar, analisar e estudar a fusão entre jornalismo e SEO. Para a minha sorte, só estou no começo dessa exploração. Que venha a era de um jornalismo digital ainda melhor.

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[Cleyton Carlos Torres é jornalista, pós-graduado em assessoria de imprensa, gestão da comunicação e marketing e pós-graduado em política e sociedade no Brasil contemporâneo]