Uma reportagem de 25/1/04 sobre escravidão sexual publicada na revista de domingo do New York Times gerou uma onda de críticas na revista on-line Slate.com. No dia 2/2, o Times afirmou que uma investigação interna revelou que a reportagem estava correta. Catherine Mathis, porta-voz do Times, disse a Paul Colford [New York Daily News, 3/2/04] que, ‘à exceção de um pequeno erro factual a ser corrigido na próxima revista no domingo… a reportagem é verdadeira e a revisão, completa’.
A matéria dizia que garotas e garotos menores de idade e jovens adultos de dúzias de países eram traficados e mantidos em cativeiro em casas e apartamentos na região de Nova York e outras metrópoles americanas. O autor, Peter Landesman, afirmou que há entre 30 e 50 mil escravos sexuais nos EUA. O crítico Jack Shafer, da Slate.com, duvidou da veracidade dos números apresentados. ‘O respaldo de Landesman é vago’, disse. ‘Onde não é vago, é enigmático. Onde não é enigmático, é anônimo’.
Em entrevista à coluna de Sridhar Pappu, na revista The New York Observer [9/2], Landesman disse que ‘a única coisa que realmente importa nesse debate é a reportagem, sua integridade, suas fontes e suas revelações. A matéria deve falar por si só. Trata-se do resultado de meses de reportagem exaustiva, edição e checagem’.
Para Pappu, esse caso é diferente do de Jayson Blair ou Michael Finkel, uma vez que não há acusações de fraude. A questão é de âmbito intelectual, sobre ética jornalística e deduções lógicas. Como Shafer disse em seu artigo, Landesman confiou em fontes oficiais e não-oficiais que apenas estimavam livremente o número de pessoas traficadas nos EUA por ano. Do começo ao fim, este é um texto jornalístico incompreensível’, afirmou Shafer.