’09/02/2004
Um final de semana pouco empolgante, com os jornais enfatizando o corte no orçamento do governo federal e outros assuntos não-amigáveis ligados à economia (com o mercado de trabalho em destaque, inclusive hoje, no Folhateen). A mídia, creio, ficou ‘árida’ em demasia para um fim-de-semana. Exceção coube ao ‘Globo’, com reportagem interessante sobre agenciamento de mulheres nas praias do Rio (embora, a rigor, não seja assunto de manchete, senão local).
Edição de segunda-feira, 9 de fevereiro
Primeira Página
O jornal insiste em ocupar espaço fixo de sua capa com um quadrinho de serviço sobre o rodízio de veículos, algo que o paulistano já incorporou em sua vida há vários anos. Sinceramente, não consigo entender. Ele até fazia sentido nos dias imediatamente posteriores ao reinício do sistema. Mas lá se vão duas semanas. Está sobrando espaço na vitrine do jornal?
Números
O sobretítulo e o texto da reportagem ‘Em viagens no Brasil, Lula privilegia municípios do PT’ (abre da pág. A4, Brasil) informam que o presidente já esteve em São Paulo 17 vezes desde a posse. A arte, porém, fala em 16 (embora na legenda, ao pé, retome o número 17). Há margem para confusão. Qual é a informação correta?
Guerra
1) Erro não há, mas a legenda da foto de Bush no alto da capa de Mundo (pág. A7) –‘Bush dá entrevista na Casa Branca anteontem, veiculada ontem’– bem que poderia ser menos burocrática, mais criativa; 2) Registro para reportagem na concorrência sobre a entrevista veiculada pela BBC com o ex-chefe de inspetores de armas da ONU, Hans Blix, na qual ele afirma que o governo Blair ‘exagerou’ e ‘dramatizou’ a ameaça representada pelo Iraque. Mais um ingrediente na guerra entre a rede britânica e o governo.
Acabamento
1) O texto-legenda ‘Oriente Médio’ (Mundo, pág. A8) sustenta que, na imagem, um guindaste está a erguer uma placa de concreto durante construção da barreira Israel/Cisjordânia. Bem no alto da foto de vê, de fato, um guindaste. Mas não dá para ver o que ele carrega nem se está, efetivamente, em ação;
2) O penúltimo parágrafo do abre ‘Mercado espera por índices de inflação’ (Dinheiro, pág. B5) traz duas citações entre aspas sem deixar claro os seus autores (ou seu autor). O leitor pode imaginar que se trata da mesma pessoa citada no mesmo texto quatro parágrafos e um intertítulo antes, mas não dá para ter essa certeza. Caberia no mínimo repetir (se é mesmo o caso) o nome da fonte citada.
Sísifo
1) Faltou informar quando foi a gestão do ex-presidente democrata, na Panorâmica ‘Como narrador, Bill Clinton ganha prêmio Grammy’ (Mundo, pág. A8); 2) O mesmo com relação ao governo de FHC, mencionado na retranca ‘Pelo 2o ano, capital segue na frente em roubos’ (Cotidiano, pág. C10);
3) Faltou informar as idades dos artistas plásticos mencionados em ‘Coletiva multimídia reabre Paço das Artes’ (Ilustrada, pág. E5). O mesmo texto também se refere a Hélio Oiticica sem informar, entre parênteses, os seus anos de nascimento e de morte. Quem não acompanha o assunto deduz que ele ainda vive.
Crime
1) Não ficam claras, na reportagem ‘PMs matam dentista apontado como ladrão’ (Cotidiano, pág. C9), as circunstâncias nas quais os policiais abordaram o dentista Flávio e o mataram. Ele estava num bar? Na rua? Ou estava no carro? No ‘Estado’, há a descrição do assalto sofrido pelo comerciante que o apontou como culpado (envolvendo veículos), a partir do quê dá para entender como Flávio pôde ser, também, abordado;
2) O concorrente, aliás, afirma que o dentista assassinado tinha 24 anos, enquanto a Folha fala em 28 anos. A verificar, para eventual correção.
Edição de domingo, 8 de fevereiro
Ministros
O abre ‘Ministros podem reclamar de Dirceu, diz Lula’ (Brasil, pág. A9) faz uma espécie de apanhado daquilo que foi a reunião ministerial de sexta-feira passada. Estranhei, nesse sentido, a falta de informação sobre quais foram o comportamento, as reações, as declarações dos novos ministros ou daqueles que (como Tarso Genro) trocaram de função. Tal como no noticiário sobre o mesmo encontro na edição de sábado, só dá Dirceu, Palocci e Meirelles –fora Lula. Teria sido bom para o leitor ao menos um side sobre os novatos….
Palocci
Parece-me no mínimo imprecisa, historicamente, a afirmação de que o ministro Palocci foi levado ao PT pela mãe dele, em 1981 (‘PT, 24, troca ícones por elite pragmática’, Brasil, pág. A10). Salvo engano, naquele ano a Libelu (corrente a que ele pertencia) já estava no PT e ele, como seu integrante, seguira os mesmos passos. A verificar.
Inversão
O sobretítulo e o lide do abre ‘Sigilo eterno’ inviabiliza pesquisa no Rio’ (Brasil, pág. A13) estão errados. FHC não ampliou por tempo indeterminado o acesso a documentos sigilosos. Ao contrário, ele ampliou justamente o prazo de sigilo desses documentos, certo?
Acabamento
Legenda ‘descritiva’ burocrática, do tipo ‘para cego ver’: ‘O megacampeão Garry Kasparov faz careta durante partida de xadrez em Bad Soden (Alemanha)’. Precisava mesmo do ‘faz careta’?
Ibope, Datanexus
A Ilustrada dedica uma página inteira a uma reportagem que busca apresentar e justificar o início da publicação, pelo jornal, ao lado da do Ibope, da medição de audiência do Datanexus, novo instituto, financiado pelo SBT. OK.
Acho positiva a iniciativa do jornal, bem como a reportagem em si. Não dá para entender, porém, a ausência de ao menos uma referência às idas e vindas, às crises mesmo, que marcaram o pseudolançamento do Datanexus em maio/junho do ano passado, objeto de várias reportagens no próprio jornal.
O lapso, a meu ver, agride a memória do leitor.
06/02/2004
Mesmo sob uma chuva de críticas, Marta, com os pés sujos de lama, consegue hoje estar em quase todas as capas, até mesmo na de um jornal do Rio (‘JB’). Não é pouca coisa. Parece-me unilateral e exagerada a interpretação dada pela Folha a respeito da Lei dos Transgênicos e da vitória política obtida por Marina Silva (ver nota específica). O jornal fez um gol ao destacar a simbólica e infeliz frase de Lula oferecendo castanhas a uma repórter.
Transgênicos
Sem ser especialista no tema, mas tendo acompanhado o noticiário, parece-me que a votação da Câmara não autoriza a afirmação, formal, de que a ministra Marina Silva (por intermédio do Ibama) ganhou poder de veto sobre a plantação e comercialização de transgênicos, como o jornal afirma (Primeira Página e Dinheiro, à pág. B5). Parece-me haver, aí, uma questão de interpretação, sobre a qual o jornal deveria se aprofundar. Marina derruba, sem dúvida, o poder da CNTBio de dispensar estudos de impacto ambiental, o que é uma vitória. Mas, em caso de divergências, a palavra final, se bem entendi, caberá sempre ao novo Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), formado por 15 ministros. Ou seja: o Ibama (Marina) conquistou o poder de interferir bastante (bem mais do que se previa antes) na aprovação ou não de um determinado projeto, mas, diferentemente do que afirma o jornal, não tem poder de veto (que significa palavra final, sem direito a recursos). Posso estar enganado, mas creio que o jornal, no mínimo, deveria ir mais fundo no assunto, expor o contraditório, para não enfatizar de modo excessivo aquilo que parece ser, mais, uma interpretação (plausível) de uma das partes interessadas sobre o que foi aprovado na Câmara do que o resultado de uma negociação a ser mais analisada.
Legendas
1) O texto-legenda ‘Do PT ao PL’, afirma que Gilson Menezes se acorrentou a uma cadeira no hall do Planalto. Há uma imprecisão. A imagem não mostra isso. Mostra que ele acorrentou os pés e um dos braços entre si, e não na cadeira;
2) A legenda da foto de Howard Dean no alto da pág. A12 (Mundo) registra que o pré-candidato democrata está falando, quando, evidentemente, ele está, na imagem, calado, de boca fechada.
Como assim?
O texto ‘Maioria do STF é contrária ao controle externo’ (Brasil, pág. A6) informa que os ministros do Supremo firmaram ontem posição sobre o assunto. Mas como isso ocorreu? Houve votação? O tema foi colocado em pauta e cada um foi dizendo o que pensa sobre ele? Ou foi uma enquete? Não deu para entender.
MST
Parece ainda obscura, no noticiário (‘MST invade 13o pedágio no PR’, pág. A10), a motivação dos sem-terra para invadir e ocupar os pedágios no Paraná. O que eles têm a ver com a alta das tarifas? Se estão sendo manipulados e usados pelo governo estadual contra as concessionárias, é um escândalo, e cabe deixar mais claro.
Edição
Faltaram remissões recíprocas nas reportagens de Brasil e de Ciência sobre o lançamento, ontem, do Plano Nacional de Florestas.
Chuvas
Destaca-se, no noticiário sobre as chuvas, a proposta da Prefeitura de isentar do IPTU as casas atingidas pelas enchentes. OK. Um dos moradores entrevistados, porém, toca (em sub da capa de Cotidiano) na questão das indenizações a que os atingidos teriam direito. Não seria o caso de o jornal esclarecer esse ponto? Os atingidos têm direito a indenização? Quem pagaria?
Sísifo
Faltou informar a idade do protagonista da Panorâmica ‘Ator Norton Nascimento deixa hospital em SP’ (Cotidiano, pág. C6).
Para reflexão
O abre da pág. E4 (‘Sangue e lágrimas abrem festival de Berlim’) começa assim: ‘Começou em lágrimas a 54a edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim…’.
A retranca logo abaixo (‘Saída de diretor encerra um ciclo do evento’) começa assim:
‘Terminou em lágrimas a 33a edição do Festival de Roterdã…’. Pode ser mera coincidência, e aí se patentearia a clara falta de criatividade desse tipo de lide. Mas também pode ser de propósito, mas aí a indicação desse ‘jogo’ deveria ter sido explícita, envolvendo chapéu, sobretítulo, título etc.
Fagner
Salvo erro de memória de minha parte, o grupo a que pertenciam Fagner, Belchior, Ednardo e outros, nos anos 70, era chamado de (e bastante conhecido como) ‘pessoal do Ceará’, e não ‘turma do Ceará’, como está no abre ‘Caixa recupera a voz áspera e ríspida do Ceará’ (Ilustrada, pág. E8). A verificar.
05/02/2004
Apesar da tragédia das chuvas (imbatível no quesito imagem), a decisão histórica do Cade contra a compra da Garoto pela Nestlé ganhou unanimidade, como manchete, nas capas de hoje. Correta no seu conjunto, a cobertura do caso, porém, deixou a desejar em alguns aspectos (ver nota específica). Ponto para a Folha, ao destacar, na capa de Cotidiano, as possíveis mudanças no atendimento do monstruoso Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Nestlé-Garoto
Correta me parece a cobertura da Folha sobre a decisão do Cade que desfaz a fusão entre as duas empresas. Algumas observações:
1) A questão do emprego (3 mil postos da Garoto) é um dos pontos essenciais do problema. Nesse aspecto, parece-me obrigatória a posição das centrais sindicais e do ministro do Trabalho, por exemplo. Importantes, inclusive, do ponto de vista político. Isso está ausente;
2) Expôs-se claramente o poder do Estado sobre o mercado, ao menos nesse caso. Caberia, a partir daí, além das opiniões registradas (como a de um especialista, na pág. B2), uma análise histórica, acredito, sobre essa relação e sobre as origens do próprio Cade;
3) Faltou a reação de setores relevantes, como, por exemplo, o dos varejistas (supermercados, por exemplo), indiretamente bastante afetados, pelo lado positivo, pela decisão;
4) A sub ‘País é o 5o produtor de chocolate’ (pág. B3) afirma que o negócio fora fechado em R$ 600 milhões. Já no abre da capa de dinheiro, fala-se em US$ 250 milhões. Ao câmbio de hoje, os valores não batem. Pode até ser que o câmbio das ocasião (fevereiro de 2002) os iguale, mas isso não fica claro para o leitor. A verificar.
Congresso
1) Aos olhos do leitor, o material contido no abre ‘Deputados gastam R$ 1,3 mi em combustível ‘ (Brasil, pág. A6) ficaria bem melhor se reunido numa arte. O texto, com exceção do lide e do sub-lide, é –e nem poderia deixar de ser– apenas relatorial, detalhando diversos casos de despesas de parlamentares de cada partido;
2) Não entendi por que o valor de R$ 1,38 mi foi arredondado para R$ 1,3 mi no título. O correto não seria escrever R$ 1,4 mi?
Votações
Senti falta de ao menos uma estimativa do cronograma (prazos) previsto agora para a tramitação da chamada ‘PEC paralela’ e da reforma tributária após aprovação das duas pela CCJ da Câmara (conforme a retranca ‘Comissão da Câmara aprova emenda paralela da Previdência e tributária’ (Brasil, pág. A6).
Didatismo
1) O abre ‘Disputa interna faz governo adiar decisão sobre cortes’ (Brasil, pág. A4) menciona a Cofins sem explicar do que se trata.
2) O mesmo ocorre com Ibmec e com Copom na reportagem ‘Saldo de investimento estrangeiro na Bovespa diminui em janeiro’ (Dinheiro, pág. B14);
3) Citando um diretor do Psiu, o abre ‘Lei derruba ‘toque de recolher’ em bares’ (Cotidiano, pág. C6) afirma que ‘o principal parâmetro para o fechamento ou não de um bar pela nova lei será a sua razão social’. O que isso quer dizer? Não há explicação clara.
Sísifo
1) Faltou informar a idade do empresário, em ‘Gomes da Silva deve ser ouvido hoje pela Justiça’ (Brasil, pág. A8);
2) Vale o mesmo para Eliezer Pacheco, novo ‘reforço’ do Ministério da Educação, como noticia a Panorâmica ‘Tarso Genro convida secretário de Porto Alegre para a presidência do Inep’ (Cotidiano, pág. C8);
3) Sente-se a ausência dessa informação também na sub ‘Equipe da Vila revê Túlio, o carrasco de 1995’ (Esporte, pág. D2), sobre o veterano atacante brasileiro que fez barulho nos anos 90 e enfrenta hoje o Santos pelo Jorge Wilstermann, da Bolívia.
MST
Não está claro no jornal o motivo pelo qual o MST resolveu ocupar várias praças de pedágio no PR (‘MST invade pedágios no Paraná’, Brasil, pág. A13). Qual é o sentido? A reportagem registra que a Agência Folha não conseguiu localizar as lideranças do movimento. No ‘Estado’, uma delas, citada entre aspas, afirma que o objetivo é protestar contra a falta de reforma agrária, o uso de transgênicos e a alta nos pedágios. A confirmar.
Inversão
O texto ‘Blair defende a Guerra do Iraque no Parlamento e é vaiado pelo público’ (Mundo, pág. A17) traz apenas no quarto parágrafo informação sobre artigo publicado ontem no ‘Independent’ pelo principal especialista em armas de destruição em massa do governo britânico até janeiro de 2003, Brian Jones, segundo o qual era ‘enganoso’ o dossiê em que Blair se baseara para justificar a invasão. Parece-me que este deveria ser o lide (e o título), e não a vaia –mais do que esperada e sem grandes conseqüências– ao premiê.
Outro lado
1) Faltou a posição do MR-8, grupo brasileiro mencionado na retranca ‘Documentos sobre suborno ficarão em sigilo’ (pág. A17) como um dos supostos destinatários de milhões de barris de petróleo de Saddam Hussein;
2) Da mesma forma, senti a ausência da versão do Hospital das Clínicas para o caso específico destacado criticamente no abre ‘Menino já passou por 20 médicos no HC’ (pág. C3, Cotidiano).
Chuvas
Não vi na Folha a informação, destacada na concorrência (manchete, inclusive, do ‘JT’), de que Marta vai propor projeto de lei que isenta de IPTU deste ano os proprietários de imóveis atingidos pelas enchentes em São Paulo.
Hilda Hilst
1) A bela foto da poeta na capa da Ilustrada não traz, porém, no crédito ou na legenda, a data em que a imagem foi tomada. É uma pena. O dado é relevante dentro do conjunto do material sobre a morte da escritora;
2) Factual: o texto do abre não informa quando ela morreu (dia, hora…) nem se já estava internada no hospital há algum tempo (ou não).
Esclarecimento 1
Reproduzo a seguir esclarecimento (via SR) do editor interino de Brasil, Rogério Gentile, pelo qual agradeço, sobre comentário feito na crítica interna de ontem: ‘Em atenção ao registrado pelo ombudsman em sua crítica diária, gostaria de deixar claro que a reportagem citada, publicada no jornal concorrente a respeito do caso Santo André, nada mais é do que um resumo de tudo o que vem sendo noticiado pela Folha desde o dia 2 de novembro. A Folha foi o primeiro veículo a ter acesso ao conteúdo das fitas gravadas pela Polícia Federal, e não há novidade alguma nos diálogos reproduzidos. Não havia, a meu ver, motivo para publicar mais do que uma nota de pé de página a respeito, até porque a própria Folha, na coluna de Mônica Bergamo, já divulgara no dia anterior a informação de que os promotores receberam os tais CDs.’
Esclarecimento 2
O editor de Cotidiano, Nilson de Oliveira, em resposta à nota ‘Fuvest’ da crítica de ontem, confirma que a Folha está certa em relação ao número de nomes divulgados pela Fuvest. A lista de aprovados contém realmente 8.777 nomes (8.547 vagas na USP e 230 na Santa Casa de São Paulo), além dos 1.350 treineiros. O número 8.927, divulgado pela concorrência, esclarece o editor, corresponde à quantidade de vagas em disputa quando os 157.808 candidatos se inscreveram. Agradeço o esclarecimento.
04/02/2004
Antonio Palocci é destaque nas capas dos jornais, mas, enquanto a maioria prioriza a entrevista dada pelo titular da Fazenda na tentativa de ‘acalmar o mercado’, a Folha opta por um bastidor crítico: o ministro já ameaça bloquear investimentos. Registro, na política, para investimento do ‘Estado’ (na capa e em páginas internas) em reportagem sobre revelações que resultariam de um CD sobre o caso Santo André, assunto que, na Folha, recebeu apenas uma Panorâmica, em pé de página.
Fuvest
Folha e ‘Agora’ apresentam a lista de aprovados da Fuvest como contendo um total de 8.777 nomes. Os demais falam em 8.927. Aparentemente, a relação é a mesma e a diferença, de 150, seria relativa aos aprovados para a Academia da PM de Barro Branco. Tendo a achar que a Folha está certa, mas, para o leitor que busca diferentes jornais, a disparidade dá margem a confusão. A verificar.
Eleição
Mereciam registro na Primeira Página, creio, as duas notas iniciais do Painel (pág. A4), segundo as quais, em detrimento do PMDB, o Planalto e a cúpula petista já bateram martelo com Rui Falcão como vice na chapa de Marta para a reeleição em São Paulo.
Desconjuntado
Apesar do título frágil e sem graça, é curiosa a sub ‘Produção do evento inclui painel’ (Brasil, pág. A4), sobre a ‘infra’ relativamente modesta da cerimônia de ontem no Planalto em comemoração ao aniversário do Fome Zero. Falha, no entanto, ao deixar de informar quantas pessoas ali estiveram presentes, em contraposição às (500 pessoas) do lançamento, em 2003. O número (200 pessoas) só aparece numa outra sub (‘Presidente faz piada com chuva que castiga Piauí’).
Didatismo
1) O texto ‘Volta de Lula tira Dirceu de cena’ (Brasil, pág. A5) menciona o nome Consea sem dizer do que se trata;
2) O mesmo ocorre com Serasa no abre ‘17,6 milhões deixam de ser inadimplentes’ (Dinheiro, pág. B5);
3) Não dá para saber a que país se refere o texto-legenda ‘Dor’, na pág. A11 (Mundo), sobre registro de funeral com mulheres e crianças curdas.
Sísifo
1) Faltaram as idades dos principais personagens do abre ‘Juiz decreta prisão de ex-vice do Banestado e de mais cinco’ (Brasil, pág. A7);
2) O mesmo ocorre com Fábio Mesquita, em ‘Médico se afasta de coordenação em SP’ (Cotidiano, pág. C4);
3) Neste último caso, aliás, afirma-se que as pessoas próximas do médico (suspeito de nepotismo) foram contratadas pelo município ‘por meio da Unesco’. Como assim? O que isso quer dizer? Faltou clareza.
Ganhando força…
Sobretítulo do abre de Mundo (‘Kerry é o vencedor de rodada de primárias’), pág. A10: ‘Senador democrata vence a maioria das prévias realizadas ontem, e sua candidatura à Casa BranCA GAnha força’. Sobretítulo do side ‘À vontade’, logo abaixo: ‘Público reage bem às mudanças do pré-candidato, e sua campanha eleitoral ganha força’.
Afora o indesejável cacófato no primeiro caso, faltou também, no mínimo, criatividade.
Nixon/Allende
1) Lapso: na edição nacional, o abre ‘Nixon queria impedir posse de Allende’ (Mundo, pág. A12) registra o golpe de estado do Chile como tendo ocorrido em 11 de setembro de 2003 (sic);
2) Faltou registrar que Nixon era do partido Republicano, dado importante para compreender com mais clareza seu posicionamento tão radical contra o socialista chileno.
Publicano, publicado
Boa a iniciativa de esclarecer num ‘saiba mais’ a origem do nome da Operação Zaqueu, na contracapa de Dinheiro (‘PF prende 25 acusados de fraude em Manaus’): é o nome de um cobrador de impostos corrupto que aparece na Bíblia. O texto, porém, ora designa a função do sujeito como ‘publicano’ (o que é correto), ora como ‘publicado’. Esse erro de digitação certamente confunde muitos leitores.
Inflação
Senti falta, na Folha, de informações sobre os índices de inflação e custo de vida, em alta, divulgados ontem (IPC-SP, IPV, cesta básica Dieese), segundo a concorrência.
Bate-boca
O ‘Estado’ se saiu melhor do que a Folha no registro do bate-boca, mostrado na TV, entre a prefeita Marta e uma moradora do Butantã (pág. C3). É o tipo de texto que exigia reprodução sob a forma de diálogos, como está no concorrente (e parcialmente na coluna ‘No ar’), e não como texto corrido.
Explicação pela metade
Importante o esforço do jornal no sentido de tentar elucidar as causas das atuais chuvas excepcionais no Nordeste (sub da pág. C4). No texto, um especialista ensina que elas ocorrem porque as chamada zonas de convergência do Atlântica sul e intertropical, comuns nesta estação, desta vez estão paradas em regiões do país onde não costumam ficar. OK. Mas a pergunta permanece: por que neste ano elas ficaram paradas nessas regiões? Aí não há resposta.
Mercado fashion
Claro que a prioridade jornalística são as criações em si, as imagens e o ‘glamour’ em torno do evento. Mas senti falta, na cobertura do São Paulo Fashion Week (hoje na pág. C6), em especial ao seu final, de dados concretos sobre os custos do evento, o número de modelos e estilistas participantes, as previsões de negócios etc. Enfim, um tratamento jornalístico de negócio/mercado, ‘business’, para além do lado ‘show’ da coisa.
Overdose
Depois de ocupar amplo espaço no alto da coluna Mônica Bergamo de ontem, Raul Cortez e sua peça ‘À Meia-Noite um Solo de Sax na Minha Cabeça’ ganha hoje a capa da Ilustrada. É difícil não enxergar nessa coincidência uma espécie de favorecimento, por parte do jornal, a essa montagem teatral.
03/02/2004
Com jogo de fotos e alçando o assunto a manchete (na edição SP), a Folha soube dar mais dramaticidade do que a concorrência, em sua Primeira Página, às consequências das chuvas de ontem na capital paulista. ‘Estado’ e ‘JB’ manchetaram com a oposição Lula-Corrêa, o que me parece exagerado, pois, se novidade houve no encontro, ela foi apenas o próprio encontro –e isso não vale manchete. O ‘Globo’ optou por apuração aparentemente exclusiva sobre o ‘sucesso’ de Sérgio Naya na Justiça.
Primeira Página
1) Parece-me dispensável ocupar ainda hoje espaço na capa do jornal com um quadro sobre o rodízio de veículos em São Paulo. Ele retornou já faz alguns dias… O quadro, aliás, remete para a pág. C3, quando o serviço está na C2;
2) Embora editados na mesma página (A5), os assuntos Lula x Corrêa e Rio x Petrobras não têm nada a ver um com o outro. Por isso, achei inadequado reuni-los numa única chamada, ainda que o segundo item ali apareça apenas como um ‘recuado’.
Interrogação
Em seu quinto parágrafo, a sub ‘Governo fará devassa em fazendas de Minas’ (Brasil, pág. A4) traz declaração do deputado Sérgio Miranda (PC do B-MG) segundo a qual ‘os fazendeiros (…) agora tentam manchar o nome de um deles’ [fiscais mortos]. Como assim? De qual dos fiscais se está falando? O que os fazendeiros estão fazendo em relação a ele, para ‘manchar’ sua imagem? O texto não responde.
Acabamento
1) A arte sobre o histórico da troca de farpas Lula x Corrêa, na pág. A5 (Brasil), inclui um item chamado ‘sai justa’. É saia justa, certo? O erro, presente já na edição nacional, não foi corrigido na edição mais tardia;
2) Faltaram remissões recíprocas entre as reportagens sobre a prefeita Marta em Londres publicadas, sob diferentes enfoques, em Brasil (pág. A7) e em Cotidiano (pág. C 5);
3) Editada em preto-e-branco, com diferentes tonalidades de cinza, a arte sobre a disputa democrata em cinco Estados dos EUA (Mundo, pág. A9) ficou bastante confusa. Mesmo para quem enxerga bem, é difícil identificar, na ilustração, os Estados respectivamente discriminados na legenda;
4) Em seu sexto parágrafo, o texto ‘Empresa tira site do ar após ataque’ (Mundo, pág. A11) remete o leitor a um glossário que, na verdade, não existe.
Bi ou tri?
Depois de informar no lide que o orçamento proposto por Bush para o ano fiscal de 2005 é de US$ 2,4 trilhões, o abre de Mundo (pág. A9) registra, no décimo parágrafo, um montante total de gastos de US$ 2,4 bilhões. Há algo errado neste último número, não? Ou se está falando de outra coisa? A verificar.
Sísifo
1) O side ‘Fumaça’ (Mundo, pág. A10), sobre o filho de Al Gore, faz referência ao governo Bill Clinton sem mencionar o período em que ele existiu;
2) O 14o parágrafo do abre ‘Maurren volta a treinar e perde patrocínio’ (Esporte, pág. D3) usa a expressão ‘retornou as ligações’, vetada pelo ‘Manual’ (pág. 139).
Tijolaço
O noticiário da pág. B3, sobre a Alca, ocupado quase todo por dois textos do enviado especial a Puebla, não traz um único intertítulo. É uma maneira de, mesmo sem querer, afastar o leitor. A edição, creio, deve dar mais atenção para isso.
Memória e contexto
Não dá para entender o texto-legenda ‘Apoio’ (Dinheiro, pág. B5), sobre uma passeata de funcionários em apoio ao próprio patrão, no caso da empresa Smar. Não creio que haja erro, mas, para quem não acompanhou o caso, fica muito difícil compreender por que os empregados estão apoiando desse modo o próprio patrão acusado de sonegação.
Outro lado
Faltou o ponto de vista da empresa na reportagem ‘Justiça dá prazo menor à Parmalat’ (Dinheiro, pág. B5).
Cofins
Não vi na Folha a informação, veiculada na concorrência, de que a associação brasileira dos agentes de viagem entrou no STF com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a nova alíquota da Cofins para o setor de serviços –assunto, aliás, bastante explorado pela Folha na edição de ontem.
PT
Ao citar o vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, o abre ‘Governo erra número de mortos pela PM’ (Cotidiano, pág. C4) não informa que ele é do PT –registro feito, corretamente, no lide, com relação ao governador paulista, Geraldo Alckmin, do PSDB.
Perfil
Senti falta de um perfil mais analítico da equipe de auxiliares principais apresentada ontem pelo ministro Tarso Genro (Educação). Creio que o jornal deveria retomar o caso, mostrando, tal como foi feito ano passado em relação à Fazenda (no caso de Marcos Lisboa, por exemplo), as prováveis tendências que esse pessoal indica em termos de política e estratégias educacionais.
Duda torce?
A interessante reportagem ‘Depois de Lula, Fla recorre a marqueteiro contra crise’ (abre da pág. D2, Esporte) não informa, porém, de qual time Duda Mendonça é torcedor e, principalmente, se no Rio ele torce pelo Flamengo…
Balanço
Senti falta de mais dados concretos no balanço do festival de verão de Salvador apresentado em ‘Capital baiana exacerba conceito de ‘parque de diversões’ musical’ (Ilustrada, pág. E3). Quais foram os shows mais concorridos? A chuva interferiu (ou não)? Quanto foi gasto? Quanto foi arrecadado?’