A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu inquérito sobre o assassinato do jornalista Mário Randolfo Marques Lopes e de sua namorada, Maria Aparecida Guimarães. Os dois foram encontrados mortos a tiros na BR-393, em Barra do Piraí (RJ), no início da madrugada de ontem (9/02).
Editor do site “Vassouras na Net”, Lopes já tinha sido vítima de uma tentativa de homicídio no ano passado. Ele foi atingido por cinco disparos dentro de seu escritório, que na época ficava na cidade de Vassouras, nas proximidades de Barra do Piraí. A investigação sobre o caso ainda não foi concluída. Após o atentado de 2011, o jornalista deixou a cidade, mas continuou a publicar reportagens com acusações contra autoridades locais – costumava dizer que seu site era “nitroglicerina pura”. “Ele criou um volume de inimigos tão grande que fica até difícil saber por onde começar”, disse o delegado José Mário Salomão de Omena, da 88ª DP (Barra do Piraí).
A polícia já fez perícia no local onde os corpos foram encontrados e na casa do jornalista. Computadores foram apreendidos para análise. Hoje o delegado pretende ir a Vassouras para consultar o inquérito sobre a tentativa de homicídio de 2011.
Ontem [quinta-feira, 9/2] o site do jornalista exibia um longo artigo, publicado em dezembro, em que ele criticava a atuação do Judiciário e denunciava um suposto esquema de venda de sentenças em Vassouras. No texto, ele acusa um delegado, um juiz, um defensor e o Ministério Público de participação no esquema -mas sem apresentar provas. O artigo também aponta a contratação de funcionários fantasmas pela prefeitura.
O presidente da ABI, Maurício Azêdo, lamentou as mortes: “A ABI vê com muita tristeza e indignação mais uma violência, dessa vez fatal, conta um jornalista profissional e espera que as autoridades investiguem o caso a fundo, porque a manutenção da impunidade será um estímulo à prática de novos crimes contra jornalistas.”
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