Recentemente, o vereador João Alfredo Telles Melo, do Partido Socialismo e Liberdade da cidade de Fortaleza, foi a plenário denunciar a exorbitância dos gastos em publicidade da Prefeitura Municipal de Fortaleza que, em seu período de gestão, alcançou a cifra de R$ 127.217.935,35, dinheiro que daria para a construção de quase dois hospitais, a reforma de quase três estádios de futebol de médio porte e a construção de equipamentos diversos na cidade, o que prova que o social não é o que realmente a prefeitura tem feito em termos de investimento. A notícia, é claro, não teve repercussão na mídia, que infelizmente é a maior beneficiária da gastança do dinheiro do povo e faz com que a prefeita de Fortaleza ganhe prêmios dos publicitários por sua generosidade.
A dor é que o partido da prefeitura é o Partido dos Trabalhadores, que hoje, através da presidente da República, se diz contra a anistia de trabalhadores em greve por que ousaram ser contra o sistema neoliberal posto em prática no país. O mesmo partido permite que na cidade de Fortaleza as escolas sejam tragadas pela antidemocracia e pela moderna ditadura onde os professores não podem se reunir nem discutir os problemas da educação sem serem fiscalizados pelos gestores apadrinhados por vereadores e por funcionários terceirizados ligados a vereadores onde o velho cartão de apresentação predomina sobre a administração pública da cidade, que sempre se caracterizou como ousada, destemida e pautada na mudança.
O que também provoca indignação é que a mídia supostamente calada pela verba publicitária continua a deixar que a prefeitura faça sua propaganda nem sempre verdadeira e não deixa os pobres mortais cidadãos questionarem a forma de poder empregada pela gestão municipal, onde já se descobriram até câmeras para denunciarem quem critica a administração ou se rebela contra seus desmandos.
Não temos saída?
A democracia está longe de fazer parte do nosso país, onde os que estão no poder sustentados por uma mídia em vários casos conivente, promovem corte de direitos de trabalhadores com a perfeita e a ajuda da justiça, que sempre tem declarado greves ilegais em nosso país. A situação é de completa aniquilação do direito de expressão sem providência alguma por parte dos que se dizem defensores dos direitos humanos e muitos órgãos destinados a esta demanda fazem parte das já famosas propagandas enganosas comuns em nosso país.
Recentemente, ao fazer uma denúncia de cassação do direito de livre expressão contra um jornal da cidade, procurei a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, que negou apoio ao meu pedido e sequer respondeu de forma respeitosa, o que prova que há conivência dos que se dizem defensores dos direitos humanos com a imprensa que lhes dá destaque. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República também foi procurada e até hoje providência alguma foi tomada, o que denota que os Poderes Públicos não mexem com a imprensa para que esta não mexa com eles. As campanhas publicitárias promovidas pelos governos acabam calando muitos profissionais de imprensa, pois o elogio é sempre mais eficiente que a crítica em nossos meios jornalísticos.
Grande parte da imprensa brasileira está nas mãos de grupos políticos e econômicos, o que faz com que muitos jornalistas acabem esquecendo o tal Código de Ética do Jornalismo que, infelizmente, nunca é cumprido em sua essência maior. Que imprensa é esta? Que política é essa? Não temos saída em tempos de neossocialistas no poder e nos meios de comunicação?
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[Francisco Djacyr Silva de Souza é professor, Fortaleza, CE]